Capítulo 13: "Livre da Culpa"

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“A Culpa é como um mal sombrio atrás de nós, é como, uma sombra que nos persegue, e joga em nós todo o tipo de fardo.”
Issac:
Eu estava no meio da cateia dos lobos do sul, Miguel estava me contando que havia 6 meses desde a primeira doença no primeiro lobo, o líder da cateia. Miguel havia dito que ele havia morrido, e desde então, a doença se espalhou intensamente por todos os lobos, alguns acreditavam que fora depois que Camille se foi, e que, talvez, ela pudesse salvar aqueles lobos da morte. Contudo, eu tinha grandes dúvidas, afinal, Camille havia falecido um pouco tempo depois da morte do líder. O que indicava, que era uma doença mais antiga, ao chegar lá, Miguel cumprimentou o representante da cateia, mas, não havia Alfa:
— Joshua, este é o Issac, o futuro líder. — Disse Miguel, e homem, que deveria ter 1,80 de altura, se inclinou para mim com uma reverência e disse:
— É um prazer ter você aqui conosco, te cumprimentaria e eu pudesse.
Receio que o jovem Miguel, tenha lhe contado sobre a nossa situação, e também receio, que venha aqui para trazer uma solução, e não apenas, nos ver morrer. — Disse Joshua, severo.
— Alguém já veio aqi vê-los morrer?! — Indaguei, e ele abaixou os olhos.
— A Alfa da sua tribo veio aqui, Julien não é?! — Disse ele e eu abaixei os olhos.
— Ela sabe e não fez nada?! — Falei furioso.
— Disse que não havia nada para ajudar, a não ser, que ficássemos longe da cadeia. Desde então, soube que ela nunca seria Alfa, por mais que seus olhos dissessem ao contrário. Mas, espero que não tenha a mesma atitude, se não, eu mordo você e você morre. — disse ele, falando severamente.
— Por sua sorte, vim com uma amiga, ela pode ajudar.
— disse, e então, Sarah estralou os dedos e deu um sorriso delicado para ele.
— Uma bruxa. — disse ele, farejando e eu assenti.
— Uma bruxa desligada do clã, logo, não há pelo que se preocupar com a sua lealdade. Sua honra, é ajudar, não é obtusa a isso. — disse confirmando, Sarah nem precisou tocá-lo e disse:
— Seu sangue, Issac, pode libertá-los. O verdadeiro Alfa tem o elixir percorrendo pelas veias dele. Esta doença, também é um despertar de Camille, muitos lobos morrerão se não se transformarem com o seu sangue nas veias. Contudo, você precisa tomar a posse da liderança Issac, precisa ser Alfa. — disse ela, tranquila e calma.
— Que ótimo! Vamos todos morrer. — Disse Joshua, desesperado.
— Não, eu desafiei Lauren para o duelo da lua cheia, acontecerá daqui a três dias. Acha que consegue esperar?! — Perguntei a Joshua, e ele assenti, me virei para Sarah e perguntei: —Não há nada para amenizar?!
— E ela deu uma hesitada e confirmou.
— As águas do rio, percorrem por aqui, um banho nas águas, vão controlar os sintomas. Mas, cura mesmo, somente depois que tomar posse de ser Alfa. — Disse ela, e rapidamente, Joshua uivou.
— Obrigada Senhora, Issac, e Miguel, convocarei todos os lobos para o rio agora mesmo. Tenho muito trabalho a fazer. — disse ele, que correu apressado pela floresta.
— Acha que consegue vencer Lauren?! — Perguntou Miguel, e eu olhei para o horizonte do campo.
— Eu não tenho muita opção, a guerra e os lobos precisam de mim. Não posso deixá-los morrer. — disse, e Miguel assentiu.
— Precisar de mim, chame Issac. — Disse Sarah, estralando os dedos e desaparecendo por completo.
— Vamos, tem muito o que treinar, sua direita é péssima. Vamos para minha casa, tenho o arsenal para treinar. — disse Miguel, batendo no meu peito, e eu revirei os olhos.
Por mais que as coisas estivessem difíceis agora, tudo o que eu só precisava era saber como Camille estava, e ansiava para que ela voltasse logo. Despertasse logo. Ao chegar no grandioso arsenal de Miguel, ele colocou as mãos na cintura e disse:
— Veja, eu não te culpo pelo que aconteceu com Camille, só quero que saiba disso. — Disse ele, e eu dei um soco de direita no saco de farinha.
— Miguel... eu não quero falar sobre isso. — disse, socando mais forte.
— Mas, vai precisar. Inclusive, com Camille.
Acha mesmo que ela vai deixar você se sentir culpado pelo resto da vida?! — Disse ele, e eu esmurrei o saco.
— É um fardo que estou disposto a carregar, Camille, sofreu bem mais do que isso. — disse chutando o saco com a perna direita.
— Interessante, pois, a ideia foi de Camille, a escolha de enfrentar Madson, foi dela. Não sua. — disse Miguel, e eu rosnei, querendo que ele parasse de falar.
— Não vai calar a boca né?! — Disse, e ele negou com a cabeça.
— Você mudou muito desde quando ela se foi, primeiro, os meses de solidão. E depois, decidiu reagir com frieza. Agora, você esta agindo ferozmente, demostrando sua fúria e sendo compulsivo. — disse Miguel, e eu furei o saco de farinha com um soco.
— Virou psicologo agora?! — Rosnei, e ele sorriu, não teve um pingo de medo.
— Você alguma vez, já parou para pensar, que não sofreu o luto por ela?! — E eu parei bruscamente.
— O quê?! — Perguntei, e ele deu um sorriso no canto do rosto, ele me assertou sem nenhum golpe físico.
— Você alguma vez, já parou para pensar, que não teve luto?!
Que não se perdoou?! Nada que você pudesse fazer iria amenizar o que ela tinha que passar. — disse e eu neguei com a cabeça, controlando a fúria.
— ELA MORREU POR MINHA CAUSA! MINHA! — Gritei furioso.
— NÃO ISSAC! ELA MORREU POR FOI CORAJOSA O SUFICIENTE PARA SE ENCONTRAR COM A MALUCA DA MADSON! — Gritou ele de volta, e eu virei o rosto, as lágrimas vinham, mas não me permitia chorar.
— VOCÊ NÃO SABE DE NADA. — Disse severamente.
— NÃO?! Você foi o único que acreditou nessa porcaria de profecia, o único que procurou e procurou por uma resposta, da profecia. Foi o único que enxergou que Camille era a garota da profecia, não importa o que você falasse, ou fizesse, você estava certo. ELA ERA E ESTÁ SENDO! Nada que você fizesse mudaria que... — E ele paralisou, e eu me virei ao ver o seu silêncio, eu pude ver as palavras pairando sobre a sua mente, a dor, ele também estava sofrendo por ela, também estava de luto: — ela morreu, Issac, talvez, em uma realidade bizarra que possa existir, ela esteja viva. Ou, está apenas dormindo. Mas, o fato, é que, ela se foi. E nós temos uma guerra para lutar, algo para batalhar como ela batalhou. Seu coração foi despertado, você sente agora, e eu sei que está doendo. Só para de bancar o forte, porque ser forte não é isso: —Eu cobri o rosto, e foi involuntário, eu comecei a chorar, como nunca havia feito antes.
Miguel ficou me olhando, esperando que todo aquele diluvio de emoções passassem, e quando se passou, eu enxuguei as lágrimas, ele se transformou em logo na minha frente e disse:
— Vamos lutar. — Disse ele, rosnando e eu me transformei, e a batalha foi grotesca como sempre foi.
Ele não sabia, mas, eu estava me libertando, da tão pesada e árdua, culpa.

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