Meus demônios

Capítulo 12 : O confronto interno

Azael retornou a Vandelar com uma nova determinação, mas seu espírito ainda estava atormentado pelas recentes revelações. Sentia que precisava confrontar seus próprios demônios internos para encontrar clareza e propósito. Não apenas a maldição e o caos fora dela, mas também a luta interna entre suas próprias sombras e a luz que desejava cultivar.

Enquanto a cidade continuava a enfrentar violência e desordem, Azael se retirou para um local isolado, um antigo santuário demoníaco que sempre servira como um refúgio em tempos de crise. O ambiente sombrio e o silêncio pesado pareciam refletir a batalha que estava prestes a enfrentar.

Ela se sentou no centro do santuário, cercada pelas ruínas antigas e pelos símbolos esquecidos que adornavam as paredes. Fechou os olhos e se preparou para uma meditação profunda, buscando se conectar com as partes mais sombrias de si mesma.

À medida que se aprofundava na meditação, as sombras ao seu redor começaram a se agitar. As figuras demoníacas que representavam suas próprias emoções e desejos começaram a emergir, cada uma refletindo um aspecto diferente de sua identidade. Eles se manifestavam em formas variadas — algumas com olhos ardentes e outros com contornos distorcidos, mas todos carregando uma aura de poder e instabilidade.

Azael abriu os olhos e encarou as manifestações de seus demônios internos. "Vocês representam as partes de mim que não quero enfrentar, não é? Aquelas que estão corrompidas pelo caos e pela dor. Preciso entender o que vocês querem e como posso equilibrar essas forças."

Um dos demônios, com uma aura sombria e imponente, avançou em direção a ela. "Você sempre tentou suprimir o que sente, Azael. A raiva, a culpa, o medo. Mas nós somos parte de quem você é. Ignorar nossos desejos e necessidades apenas torna mais difícil encontrar a verdadeira paz."

Azael franziu a testa. "Mas o que vocês querem de mim? Como posso reconciliar essas partes de mim com o desejo de proteger a cidade e encontrar a redenção?"

Outro demônio, que parecia mais suave e etéreo, falou com um tom de compaixão. "O que você precisa entender é que não se trata apenas de suprimir ou ignorar suas sombras. Trata-se de integrá-las de forma que elas não destruam o que você deseja alcançar. Você pode usar a raiva e a dor como combustível para a mudança, mas não deve deixar que dominem seu coração."

Azael se levantou, determinada a compreender melhor seus demônios internos. "Se eu não posso simplesmente reprimir vocês, então como posso transformar essas emoções em algo positivo?"

O demônio mais distorcido e inquieto respondeu, "O primeiro passo é aceitar que somos parte de você, mas não definimos quem você é. Você pode escolher como lidar com nós e com suas emoções. Enfrentar sua dor e frustrações de forma consciente e deliberada é o caminho para a verdadeira integração."

Azael respirou fundo, começando a entender a profundidade da lição que seus demônios estavam tentando transmitir. Ela percebeu que, para encontrar a paz e a redenção, precisava aceitar e confrontar suas próprias sombras. Não poderia apenas se livrar delas, mas sim aprender a viver com elas de maneira equilibrada.

Decidida, Azael fez um voto a si mesma. "Eu vou enfrentar minhas sombras e transformar a dor em algo que possa ser usado para proteger e curar. Vou aceitar o que sou, com todas as minhas complexidades e falhas, e usar isso para fazer o bem."

Com essa resolução, Azael começou a visualizar uma nova forma de lidar com suas emoções. Em vez de deixar que suas sombras a consumissem, ela as integraria de forma a fortalecer sua determinação e suas ações. Sabia que a jornada seria longa e desafiadora, mas estava disposta a enfrentar qualquer obstáculo para alcançar a paz interior e fazer a diferença em Vandelar.

Enquanto deixava o santuário, sentia-se mais leve e mais preparada para enfrentar os desafios que ainda estavam por vir. A batalha interna havia começado, mas Azael estava pronta para enfrentá-la com coragem e a convicção de que a verdadeira força vem do entendimento e da aceitação de todos os aspectos de si mesmo.