Meus demônios

Capítulo 15 : Fragmentos de memória

Azael continuava sua jornada pela devastada Vandelar, com a mente ainda atormentada pelos fragmentos de memória que surgiram após seu acidente. A dor da batida na cabeça parecia ter sido o catalisador para uma enxurrada de imagens confusas de seu passado. Determinada a entender o que essas memórias significavam e como poderiam ajudar a resolver a crise atual, ela procurou um lugar seguro para se concentrar.

Encontra um antigo templo escondido nas colinas ao redor da cidade, um lugar que parecia quase intocado pelo caos que consumia Vandelar. O templo tinha um ar de serenidade e proteção, como se fosse um refúgio natural para aqueles que buscavam respostas.

Dentro do templo, Azael se sentou em um canto tranquilo, com os olhos fechados, tentando recuperar os fragmentos de memória que ainda estavam se formando em sua mente. As imagens vinham em flashes rápidos e emocionais: uma casa aconchegante com paredes cobertas de desenhos infantis, um homem de rosto suave que parecia ser seu pai, e uma mulher gentil com um olhar de amor incondicional. Essas figuras estavam envoltas em uma aura de felicidade e segurança.

Azael tentou se concentrar em cada imagem, procurando alguma conexão que pudesse explicar o motivo pelo qual essas memórias estavam emergindo agora. Ela lembrou-se de brincar no jardim, rindo e correndo com outras crianças. Havia uma sensação de normalidade e conforto que parecia estar distante, mas que ela desejava desesperadamente recuperar.

Mas as memórias não eram apenas de momentos felizes. Ela também viu sombras, uma sensação de medo e insegurança. Imagens de figuras indistintas se movendo ao redor de sua casa e uma sensação de estar sendo observada à distância. Essas visões eram perturbadoras e a deixavam inquieta, mas também ofereciam pistas sobre a origem de sua atual situação.

Enquanto as memórias continuavam a se desdobrar, uma nova imagem surgiu claramente: uma cena em que ela estava em uma sala escura com um grupo de figuras encapuzadas, realizando um ritual sombrio. Azael sentiu uma onda de pânico ao ver essa cena. Era como se tivesse sido uma parte crucial do que havia levado à sua maldição, mas a conexão ainda estava vaga.

Tentando entender melhor, Azael focou na sensação que acompanhava essas memórias. Sentia uma profunda tristeza e uma sensação de traição. O ritual parecia ter um propósito sinistro, algo que a deixou com uma sensação de culpa não resolvida e uma responsabilidade que não conseguia compreender completamente.

Depois de algum tempo, a imagem do homem gentil e da mulher amorosa voltou a aparecer. Essa vez, a sensação era de perda e desespero, como se eles estivessem tentando protegê-la de algo, mas não tivessem conseguido. Azael percebeu que eles poderiam ter sido seus pais, e que a separação forçada e a perda de memória haviam sido consequências de alguma grande catástrofe.

Com essas novas revelações, Azael se levantou, sua determinação renovada. As memórias, embora ainda fragmentadas, ofereciam pistas cruciais. Ela precisava descobrir a verdade sobre o ritual sombrio e como ele estava conectado à sua maldição. Mais importante, precisava entender como seus pais estavam envolvidos e o papel que desempenharam em sua vida antes da amnésia.

Sabendo que suas memórias ainda estavam incompletas, Azael decidiu procurar mais informações sobre o ritual que havia visto e qualquer conexão que pudesse ter com a crise atual em Vandelar. A cidade estava em ruínas, mas ela agora tinha um novo propósito: restaurar a verdade sobre seu passado e usar esse conhecimento para enfrentar a maldição e proteger aqueles que ainda precisavam dela.

Com um coração pesado, mas com uma clareza renovada, Azael deixou o templo e se preparou para enfrentar os desafios que estavam à sua frente. A jornada estava longe de terminar, e a verdade sobre seu passado ainda estava se desdobrando, mas ela estava pronta para enfrentar o que fosse necessário para salvar Vandelar e encontrar sua própria redenção.