Após suas recentes descobertas e o tumulto que assolava Vandelar, Azael decidiu tentar retomar uma vida de normalidade. Sentia que precisava reconectar-se com uma vida mais tranquila para encontrar uma base sólida e, quem sabe, conseguir juntar os fragmentos de seu passado com mais clareza.
Ela começou a frequentar uma pequena biblioteca da cidade, um espaço que ainda preservava um semblante de tranquilidade em meio ao caos. A biblioteca era um local que sempre a havia atraído em seus momentos de dúvida, oferecendo um refúgio no mundo dos livros e das histórias. Azael achou que poderia encontrar alguma paz em suas páginas e talvez descobrir algo sobre a maldição que ainda a atormentava.
Os dias passavam, e Azael tentava seguir uma rotina simples: ler, organizar seus pensamentos e tentar ajudar nas pequenas tarefas comunitárias que restavam. No entanto, a sensação de normalidade era elusiva. Sempre que tentava se focar em algo cotidiano, suas memórias fragmentadas e o peso da maldição a puxavam de volta para a realidade de sua situação difícil.
Enquanto lia um livro sobre mitos antigos e maldições, suas mãos tremiam involuntariamente. Cada vez que se deparava com descrições de rituais e poderes demoníacos, sua mente se enchia de imagens desconexas de seu passado e o caos atual da cidade. A sensação de estar fora de sintonia com o que estava acontecendo ao seu redor se intensificava, e os momentos de normalidade pareciam cada vez mais distantes.
Durante uma de suas visitas à biblioteca, um grupo de crianças entrou correndo, rindo e brincando. Azael observou-as com um misto de nostalgia e tristeza. Ela se lembrou das memórias fragmentadas de sua infância, das brincadeiras e do conforto que havia perdido. A visão dessas crianças alegres a fez sentir uma profunda tristeza e uma sensação de perda.
Apesar de seu desejo de se envolver com as crianças e talvez encontrar um pouco de alegria, ela percebeu que não conseguia se conectar completamente. A parte dela que queria se aproximar e cuidar das crianças estava em constante conflito com a sombra da maldição e do caos que a seguia. Sentia-se desconectada e incapaz de encontrar um equilíbrio entre seu desejo de normalidade e a realidade de sua situação.
Em um momento de desespero, Azael decidiu caminhar pelas ruas devastadas da cidade, buscando algum tipo de conforto na familiaridade de sua própria presença. O caos estava menos intenso, mas os sinais da destruição estavam por toda parte. Ela visitou alguns dos lugares que costumava proteger, tentando entender se havia algum modo de restabelecer a ordem, mas cada tentativa parecia ser em vão.
Ao final de um dia particularmente difícil, Azael encontrou-se de volta no templo onde havia refletido anteriormente. Sentou-se em um canto tranquilo, tentando absorver a calma do lugar. Ela se sentia perdida e lutava para encontrar um propósito. A vida que tentava levar normalmente estava repleta de barreiras invisíveis que a impediam de encontrar paz.
Azael olhou para o teto do templo, onde as marcas das antigas runas ainda estavam visíveis. Era como se as paredes soubessem da sua luta interna e oferecessem uma calma inabalável que ela ainda não conseguia alcançar.
"Como posso encontrar normalidade em uma vida que parece constantemente fora de alcance?" Azael murmurou para si mesma, sua voz cheia de frustração e cansaço.
Naquele momento, ela entendeu que a normalidade não era algo que poderia simplesmente recuperar ou forçar. Era um conceito que talvez tivesse que redefinir em termos de sua nova realidade. A busca por uma vida normal, enquanto lutava contra uma maldição e tentava lidar com o peso do passado, talvez fosse um objetivo inalcançável por enquanto.
Determinada a encontrar um caminho adiante, Azael fez uma promessa a si mesma: aceitaria a complexidade de sua vida e procuraria formas de integrar as partes de seu passado e presente. Em vez de forçar a normalidade, ela buscaria um equilíbrio que reconhecesse e aceitasse a totalidade de sua experiência.
Com essa nova perspectiva, Azael começou a planejar como poderia usar seus conhecimentos e habilidades para ajudar a cidade e a si mesma. Ela sabia que a vida não seria fácil, mas estava disposta a enfrentar as dificuldades de frente e encontrar um novo sentido de propósito. Com o tempo, ela esperava que a normalidade não fosse mais um objetivo distante, mas sim um aspecto integrado de sua jornada contínua.
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Meus demônios
ParanormalAzael, uma demônia poderosa, luta contra uma maldição que ameaça destruir tudo ao seu redor. Com a ajuda de Miftar, um anjo que amou na infância, ela enfrenta desafios sombrios e descobre verdades esquecidas sobre seu passado. Ao tentar um ritual ar...