the flower of the Kingdom of Crimson Roses

capítulo 12

~Cecília~

Sentindo pena da Emily, me aproximei encostando meu ombro no dela, tentando colocar meu braço ao lado dela para puxá-la para perto de mim. Mas ao olhar para seu rosto, vi suas lágrimas escorrendo e pingando no chão. As gotas, ao encostarem no piso, ficavam transparentes e sumiam completamente. Comecei a me sentir culpada por deixá-la assim... Na história original, a própria Emily não teria uma crise como essa, não desenvolveria um sentimento de amor pela sua família. Era como se estivesse dentro de um casulo que a fazia acreditar que sua família a amava, mas isso tudo na história era quebrado e o mundo dela desmoronava com o abandono da Emma, deixando-a vagando pelo mundo sem rumo.

Ninguém merece ter uma mãe igual a Emma, fazer sua própria filha casar com um duque? Isso só mostra o quão horrível ela realmente é, não se importando com os sentimentos da filha. Isso piora quando percebemos que elas são de sangue, possuindo o mesmo sangue nobre em suas veias. E pensando nisso, não quero imaginar o que a Emma faria com a Emily se ela fosse uma filha ilegítima. Não duvido que faria o mesmo ou pior do que fez com a Chloe, tudo por pura ganância e interesse.

Essa situação que a Emily passou é mais cruel que no jogo. Ouvindo seu choro naquele momento, mesmo ela sendo uma vilã responsável por muitos "game overs" sempre que a encontrava no jogo, agora entendo porque a Emily, nas vezes que aparecia no jogo, tinha um traço secreto que a deixava imune a ataques psicológicos. Não tinha como derrubar alguém com um ataque psíquico se essa pessoa não tinha mais sanidade. Mesmo que para alguns isso não justificasse que ela pudesse fazer coisas horríveis com a protagonista no jogo, para mim parecia que, em um ambiente melhor, ela seria realmente uma boa pessoa.

Na primeira vez que zerei o jogo, mesmo pegando um final horrível onde a Ayla morria de fome, me apaixonei pela história e como era contada. Suas mecânicas únicas, seus finais quase infinitos, sua dificuldade fixa no modo infernal, seus personagens carismáticos e chefes marcantes, seus vilões sendo, em sua grande maioria, nobres desse continente. Um fato interessante sobre a Ayla é que ela não tinha sangue nobre no seu corpo; era apenas uma humilde moça de uma aldeia. Mais especificamente, ela era de um orfanato e sempre fazia o que podia para ajudar as crianças do lugar que um dia a acolheu, mesmo sendo uma garota pobre.

E uma das maiores qualidades que ela tinha era o fato de que seu coração era justo e gentil, maior do que muita coisa no mundo, sempre procurando preencher um sentimento estranho dentro do seu peito com muitas boas ações. Isso me lembra que estava me esquecendo do protagonista masculino chamado Daniel Thistlethwaite, por quem a Emily era apaixonada. Mas o problema era que ela tinha uma obsessão por ele, por ser a única pessoa que, mesmo perdendo o título de nobre, a tratou bem. E você me pergunta, por que estou lembrando disso agora? Porque a Emily que está chorando comigo agora não é a mesma Emily que, naquele final, resultava em um dos dez finais mais horríveis do jogo inteiro, quase impossível de conseguir por ter os três personagens na mesma cena juntos. Ainda tinha que perder para a Emily, mesmo ela sendo muito mais fraca.

Esse final onde a Ayla morre, você não ganha um "game over" como os demais finais ruins. Muito pelo contrário, você renasce em outro corpo. Esse evento não tem uma explicação no jogo, sendo o único final que tem essa mecânica. É tipo um "new game plus", começando uma história extra completamente diferente, mantendo as memórias da vida anterior dela, adquirindo um traço parecido com o da Emily no jogo, um trauma que permanece no personagem, diminuindo o dano pela metade, dificultando a melhoria de magia e restringindo o uso de artefatos. O jogo, que já era infernal, ficou ainda mais impossível de jogar. Fora que as qualidades boas que ela tinha, esqueça isso, era muito frustrante. Mas por causa do traço, agora ela só sentia um medo misturado com um ódio profundo pela Emily.

Resumindo essa história alternativa da Ayla, no final ela acabou sendo acolhida por um grupo de mercenários com um comerciante que tinha outro grupo de híbridos. Não sei por que lembrei desse final ao ver a Emily, só comentei mesmo sendo inútil por agora. Hesitando, senti de verdade que aquela Emily por quem estou sentindo pena já é mil vezes melhor do que a original. Colocando a mão sobre a cabeça dela, dando pequenos toques, ela demorou a reagir. Só segurou minha mão e tirou de cima da sua cabeça, mas fiz de novo, de novo, e de novo, até que ela olhou para mim com uma cara de choro, com seus olhos cheios de lágrimas, e disse com certa raiva.