capítulo 20

17 4 9
                                    

~ Chloe Everhart - Flashback ~

Depois daquele treino com Ren, me joguei no chão da arena, braços esticados e de barriga para cima. Estava suada e ofegante. Aquela foi a tricentésima oitava derrota consecutiva, sendo ele a única pessoa que eu nunca consegui derrotar nesses anos em que estou perto dele.

Tentei me levantar, mas caí novamente, exausta. Ren se aproximou e jogou uma maçã descascada em cima da minha barriga, dizendo:

Ren Ashwind: - Um dia você consegue me derrotar, mas até lá, continue treinando.

Chloe Everhart: - Convencido! Você vai ver... vou treinar tanto que vou superar todo mundo da guilda!

Ren Ashwind: - Todo mundo? Acho que em dois anos você consegue derrotar a maioria... se não contarmos aquele cara, claro.

Chloe Everhart: - Que cara?!

Ren Ashwind: - Um membro antigo da guilda, um ex-cavaleiro do templo de Ymir.

Chloe Everhart: - Por que um cavaleiro do templo iria decair tanto?

Ren Ashwind: - Ah, isso você pode perguntar pra ele. Não tenho interesse. Mas ele é bem famoso no submundo, considerado o melhor espadachim. Chamam ele de "Porteiro do Purgatório".

Chloe Everhart: - A gente tem um cara desses e você nunca me falou nada?

Ren Ashwind: - Você nunca perguntou. Mas deixa ele quieto... ele não gosta dos apelidos que deram pra ele.

Fiquei perdida em meus pensamentos enquanto Ren alongava o corpo depois da nossa simulação de combate. Esse homem que ele mencionou parece ser alguém muito poderoso... Preciso convencê-lo a me ensinar a maestria com sua espada. Preciso de todo o poder ao meu alcance para matar Carlisle, o desgraçado que destruiu minha vida. E aquela mulher imunda que me vendeu pra ele... ela vai pagar. Eu vou ter minha vingança, e pra isso, preciso de mais trunfos.

Mas, para que esse plano tenha sucesso, preciso aprender com os melhores, seja no submundo ou no mundo comum. Assassinos, espadachins... vou descobrir o que eles têm pra me oferecer. Me levantando, caminhei até Ren, mesmo exausta, e perguntei:

Chloe Everhart: - Onde ele está?

Ren Ashwind: - Eu disse pra deixar ele quieto, mas você não vai me escutar mesmo... Ele mora na floresta ao norte, numa casa com tulipas vermelhas na janela. Não vem chorar pra mim depois.

Chloe Everhart: - Obrigada, Ren!

Dei um abraço rápido nele e saí correndo da sala de treinamento, atravessando as portas da guilda e indo direto para a rua, que estava bem movimentada. A caminho do norte, passei por uma praça onde alguns cavaleiros do imperador estavam levando híbridos acorrentados pelas mãos e pés. Eles subiram num palco de madeira, e os cavaleiros colocaram sacos nas cabeças de cada um. O comandante deles, à frente, anunciou:

Comandante II: - O imperador decretou que não existe liberdade para escravos. Qualquer um que tente escapar de seu dono será executado em praça pública!

Aleatório A: - Será que isso está certo?

Aleatório B: - Não sei... mas eles não são pessoas?

Aleatório C: - Sinto pena deles. Não escolheram nascer assim.

Comandante II: - Cavaleiros, executem!

Fechei os olhos e virei o rosto, ouvindo o som das espadas cortando as cabeças e o baque surdo dos corpos caindo no chão, com o sangue escorrendo. Sem querer ver aquela cena, me afastei da praça e continuei em direção à floresta ao norte. Ao sair da cidade pelo portão principal, um cavaleiro se aproximou de mim. Era o porteiro, e não entendi por que ele tomou a iniciativa de falar:

the flower of the Kingdom of Crimson RosesOnde histórias criam vida. Descubra agora