A Visão Turva

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POV HAN

Terça-feira

Han acordou naquela terça, com a campainha de sua casa, repetidamente chicoteando sua mente cansada, um blim blom atrás do outro, sem intervalos.

Ele pulou da cama pelo susto e passou as mãos pelas mexas de cabelo que caiam pelo rosto, arrastando elas para traz, tentando manter os cabelos rebeldes contidos, depois de uma noite em claro.

Desceu as escadas vagarosamente, com aquele som infernal nos seus ouvidos, desejando a morte de quem estava do outro lado da porta.

— Eu vou matar o Felix, não existe outra pessoa na face da terra que tenha essa coragem toda. — dizia Han descendo os degraus, que estavam turvos na sua visão, fazendo ele esfregar os olhos com frequência.

Blim Blom Blim Blom

JÁ VAAAAI!! — gritou ele enfurecido, sentindo que a qualquer momento sairia sangue de seus tímpanos.

Han abriu a porta com tanta raiva, que ela bateu com força na parede logo atrás dela, olhando para frente, para aquele pequeno ser de cabelos loiros e sorriso largo, segurando dois cafés e uma caixinha de donut.

— Oi Jiji, bom dia! — dizia Felix sorridente, com seus olhos em meia lua — te acordei? — passando pela lateral de Han, que ameaçou levantar uma mão para dar um tapa na cabeça do melhor amigo, mas esse se esquivou e saiu rindo em direção a cozinha.

— Eu te odeio, Felix. — disse Han fechando a porta e indo atrás do amigo.

— Odeia nada, você me ama, se não tinha me mandado embora — dizia o loiro, desembrulhando as rosquinhas açucaradas.

— E por um acaso você iria embora? — Han dizia em tom de sarcasmo, com uma sobrancelha arqueada e as mãos na cintura.

— Não ia não — Felix riu anasalado, dando pouca atenção ao amigo que estava recém acordado, de blusa larga e calças de pijama quadriculada azul clara, com sua carinha amassada e os olhinhos inchados pelo choro recente — Vem cá — disse o mais novo, abrindo os braços e fazendo sinal de vem com as mãos, em direção a Han.

— Pra que? — Han olhava aquela cena com desconfiança, mas deu dois passos lentos em direção ao amigo, até que o loiro veio em direção a ele e o abraçou com força — Lix? O...o que? Po-por que... — Han não conseguiu terminar de falar, segurou Felix com seus braços, o abraçando de volta, apoiando sua cabeça do ombro do mais baixo a frente, trazendo de novo suas amigas inseparáveis, as lágrimas.

— Eu tô aqui, Hannie — Felix acariciava as costas do moreno — eu tô aqui e não me importo em estar pra sempre aqui, só quero que você saiba que não está sozinho. Ok?

— Obrigado, Lixie — em meio a soluços silenciosos, Han se permitiu chorar com alguém que ele confiava.

Os dois se desprenderam do abraço afetuoso e Felix o segurou pelos ombros, olhando nos olhos de Han, dando um sorriso pequeno e de canto de boca, demorando uns segundos até começar a falar novamente.

— Esquilinho, quero saber o que aconteceu, quero poder te ajudar a sair desse limbo — Felix secou uma lágrima que descia silenciosa na bochecha gordinha de Han — quero te ver sorrir de novo, quero ver o Han bobo e brincalhão, rindo forçado das piadas ruins que faço e ficar furioso pelas coisas que falo — Han soltou uma risada anasalada, secando o resto das lágrimas com a manga do casaco — Ei! — Han o encarou — eu te amo, você sabe disso né?

Um silêncio perdurou por uns segundos, em quanto Han processava o amor que recebia do amigo.

— O que aconteceu com você hoje? Você tem, tipo, uma bola de cristal em casa? — Felix soltou uma risada alta — como você soube que eu... 'tava nesse estado?

O Aroma Esquecido {minsung}Onde histórias criam vida. Descubra agora