Devagar, minha consciência se recupera, podendo ver o cômodo em que eu estava. Uma sala de hospital, mas não era a do hospital que eu trabalho. O quarto com as luzes apagadas, um silêncio mortal, tranquilidade. Haviam duas janelas que mostravam a paisagem para a rua e entrada do hospital, o céu estava com um tom em degradê de laranja e amarelo, bem suave, presumo que estava amanhecendo.
Analisando o espaço que eu estava, não demorou muito para que eu visse o homem que ajudou a me segurar. Um policial do BOPE. Alto, pele morena, cabelo curto e castanho, o nariz largo. Ele estava sentado no sofá da sala utilizando uma regata branca, junto com uma corrente de ouro no pescoço, e a calça e botas de seu uniforme. Estava com a cabeça deitada.
Fiquei encarando-o dormir, sem entender muito bem o por quê meus olhos pregaram nele. Sinto minhas bochechas se aquecerem um pouco, mas ignoro, e apenas me levanto e abro a porta mais perto de mim.
Essa porta levava para um corredor, eu precisava ir ao banheiro. Me dirijo a porta com sinal de banheiro unissex, e abro entrando no cômodo, indo fazer minhas necessidades.
Após finalizar, fui até a pia, e pude me ver no espelho - talvez eu não devesse ter feito isso, haha.
- Nossa. Que feia que eu tô. - Disse sozinha, reparando bem no sangue seco que traçava um caminho na minha mandíbula, descia pelo pescoço, e manchava um pouco a gola da minha blusa de cor lilás.
Viro meu rosto de lado, notando um algodão grudado por um micropore na parte de cima da minha orelha. Com agonia do fluido seco em minha pele, abro a torneira e inicio uma lavagem com as minhas mãos.
Já tinha lavado meu rosto e pescoço, quando comecei a lavar o colo dos meus peitos, e a gola da minha blusa, de repente tenho meu corpo levemente empurrado pela porta, que se abre repentinamente. Quando olho para quem abria a porta, fico um pouco sem graça, era o capitão.
- Desculpa, não sabia que você tava aqui. - E olhou para baixo, em direção a onde minhas mãos estavam, no meu colo.
Um pouco envergonhada com a situação, sinto a necessidade de tirar as mãos dali.
- Não tem problema, eu já acabei... - É mentira, eu ainda queria passar um pouco de sabão na minha blusa, mas minha vergonha não ia deixar que isso acontecesse.
Seco minhas mãos com duas folhas, e me retiro do banheiro, passando a ficar bem colada do lado do capitão, pois tinha que passar por ele para sair dali. Que constrangimento.
[...]
O céu já está azul. Com o celular sem bateria, na entrada do hospital, e com fome, pensava como eu iria embora para casa descansar. Por sorte, eu sempre guardo carteira, celular, chave de casa, coisas importantes, nos bolsos do meu jaleco. O problema é que por aqui não vejo taxis, e com meu celular sem bateria, não posso chamar alguém para me dar carona. Abaixo a cabeça e tento pensar em algo.
VOCÊ ESTÁ LENDO
⊹ ࣪ ˖. .ᐟ𝑪𝒆𝒎 𝑪𝒉𝒂𝒏𝒄𝒆 ִ ࣪𝜗𝜚 - Capitão Nascimento
FanfictionCibelle é uma estudante universitária residente no Rio de Janeiro, estagiando em comunidades da cidade com a saúde pública negligenciada pelo Estado. Claramente, não é o lugar mais seguro do mundo para se trabalhar. O crime, o tráfico, a violência...