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     Resmungo baixo, enquanto mexo minha cabeça, com os olhos ainda fechados. Levanto meus braços para cima para me espreguiçar, e então percebo que há um peso em meu corpo. Abro os olhos confuso, e olho para meu corpo. Cibelle, deitada em cima de mim, com a cabeça de lado em meu peitoral, dormindo igual a um bebê.

Um pouco perdido, por ter acordado a pouquíssimos segundos, minha memória vai retomando os acontecimentos da noite passada. Toda aquela intensidade, calor, desejo. Também lembro que era para eu ter ido embora ainda de madrugada, acabei caindo no sono.

Ainda me lembro de sentir tesão em ver a bunda empinada de Cibelle na geladeira. Não sei se foi proposital, mas se não foi... Tadinha, se essa menina continuar convivendo comigo, vai aprender muita coisa.

Seu traje me deixou tão vulnerável, e convenhamos, que desde o momento que ela abriu a porta lá embaixo e conversamos, tinha um clima.

O ambiente estava levemente claro, deve ser por volta de umas 7 horas da manhã. Penso em levantar, mas realmente não quero acordar Belle. Com cautela, vou me movendo para o lado fora do sofá, e guiando seu corpo para o lado oposto, até que consigo sair completamente, me sentando no chão.

Basicamente, sua posição não mudou, e ela não acordou. Um ronco inesperado sai de sua garganta, não consigo evitar soltar um riso cortado - daqueles que você ri no início como se fosse rir bastante, mas corta imediatamente a risada, por força maior.

 Um ronco inesperado sai de sua garganta, não consigo evitar soltar um riso cortado - daqueles que você ri no início como se fosse rir bastante, mas corta imediatamente a risada, por força maior

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Me levanto, e procuro minhas roupas, visto-as sem pressa. Pego todos meus pertences, e me olho num pequeno espelho que há na sala de estar, e confiro meu estado. O cabelo meio bagunçado, mas até que está apresentável. Apenas ajeito algumas mechas, e olho para trás, antes de ir embora.

Fico um tempo ali, olhando para o sofá. E de novo, penso, penso, penso, BUM! Uma ideia. Ando até a parte da cozinha, procuro em qualquer gaveta um papel e caneta. Nele, faço anotações.

* 76992401842 - Nascimento.
Me chama! *

Deixo o papel em cima da mesa de centro da sala de estar, e finalmente vou embora do AP.

Pego o elevador do edifício, e vou ao térreo. Saio do prédio, e tenho um alívio em ver meu carro intacto (vai saber, né. Rio de Janeiro não é para muitos.) Entro no carro, dirijo rumo à minha casa.

No caminho, começa um acúmulo de carros, um engarrafamento. Suspiro parando meu carro, me adequando à fila de carros. O evento então me chama a atenção, quando vejo algumas pessoas saírem de seus carros, e indo para frente, ver algo que estava por ali. Faço o mesmo que os outros.

Quando saio do carro, vejo com mais clareza a reação das pessoas. Chocadas, enjoadas, sem acreditar no que estavam vendo. Me aproximo mais, e conforme chego mais perto, vejo um corpo deitado no chão, com sangue ao redor.

Tendo propriedade do assunto, me aproximo mais do que as outras pessoas, e analiso o que está acontecendo. Um carro vermelho com a porta aberta no canto da rua, e ao lado do carro, um rapaz morto deitado no chão, com uma arma em sua mão. Algumas pessoas tiram foto do corpo - espero que todas elas apodreçam no fogo do inferno. Decido tomar uma atitude.

- Pessoal! Se afastem!! - Falo, e pego meu telefone no bolso da calça, ligo para uma unidade policial.

[...]

O zíper do invólucro cobre o corpo do jovem negro, e é carregado com ajuda de profissionais da saúde para um caminhãozinho. De braços cruzados, eu, e um polícia conhecido meu, assistimos a cena. Viro meu corpo para ele.

- Vou precisar que depor alguma coisa?

- Cara, acho que não. Você só chegou, tentou controlar as pessoas em volta e chamou o 190. Tem gente que viu tudo acontecendo, vai ser mais interessante investir nessas testemunhas. Pode ficar tranquilo.

- Ótimo. Obrigada pela cooperação, amigo. Depois me dá notícia do inquérito.

Damos um toque de mãos, e um abraço de lado, com tapinha nas costas.

- Disponha, Capitão Nascimento!

Ando até meu carro, entro nele, e o ligo. Dirijo saindo de lá, rumo a minha casa.

Após encaixar o carro na garagem, saio do automóvel e entro na casa. De vez em quando, quando abro a porta, me lembro de quando Rosane e eu morávamos juntos, e o curto período que Rafael morou nessa casa. Eu e ela tínhamos planos de construir uma família grande.

Não que eu não me contente com a vinda do meu filho, na verdade, em meio a esse mundo lixo de merda, é bom saber que coisas bonitas da vida ainda acontecem. Mas essa casa foi investida com planos, intuitos. Me sinto deprimido quando penso que falhei até em uma coisa tão simples e básica: ser feliz.

Caminho até meu quarto, e me deito na cama, logo em seguida solto um gemido de dor, coloco as mãos nas minhas costas.

- Cacete... Sofá é foda.

Não dormi tão bem. Claro, um cochilo depois de comer alguém é uma delícia, todos os dois dormem igual pedra, mas em questão física, as espumas daquele sofá não agradaram meu corpo. Fecho os olhos e fico quieto, acabo dormindo.

⊹ ࣪ ˖.  .ᐟ𝑪𝒆𝒎 𝑪𝒉𝒂𝒏𝒄𝒆 ִ ࣪𝜗𝜚 - Capitão NascimentoOnde histórias criam vida. Descubra agora