Capítulo 18!

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Jasmine Mourão

— Você acha que o que você fez foi certo? Hein?— me encolho com os gritos e ponho minhas mãos em minha barriga sentindo a Angel quietinha.

— Amor... eu...— falo com a voz chorosa,mas ele logo me interrompe novamente. Gritando.

— Amor,uma porra Jasmine.— grita irritado e pega um vaso da estante jogando ele no chão, me fazendo gritar assustada pelo barulho.

— Desculpa, eu só saí com minhas amigas.— falo com a voz cortada pelo choro e evitando olhar pra ele.

— E você por acaso é solteira pra sair por aí sozinha?— pergunta e eu balanço a cabeça em negação.—Me responde e olha pra mim quando eu tiver falando com você. — segura os cabelos em minha nuca e me obriga a olhar pra ele.— Essa porra aqui não significa nada pra você? Hein?— pergunta me mostrando a aliança dele.

— Significa. Mas eu queria sair um pouco, sem você me sufocando,porra!— falo com raiva e meu rosto vira com o impacto. O ardor surge logo depois e pelo reflexo do espelho atrás da estante,consigo ver a marca vermelha em meu rosto.

~~~

Acordo assustada sentindo minha respiração falhar e minha garganta doer pelo choro preso nela. Me sento na cama,encostando na cabeceira e ao olhar pro lado,vejo o Reh dormindo sereno,com o corpo coberto apenas por uma boxer preta.

Respiro fundo tentando normalizar minha frequência respiratória,mas nada parece adiantar. As cortinas abertas me mostram que lá fora está escuro e que chove forte. Levo minha mão ao meu peito sentindo ele doer e meu corpo se arrepia ao entrar em contato com metal gelado da aliança.

Ao invés de se normalizar, minha respiração só piora. Levanto da cama com dificuldade e vou até minha mesa de trabalho no canto do quarto. Tateio os objetos até achar o interruptor do pequeno abajur. Assim que consigo ascender a luz, abro a gaveta e pego a cartela de remédios. Está cheia,porque faz meses que não preciso tomar.

Me xingo mentalmente por fazer barulho ao tentar pegar o comprimido. Minhas mãos estão trêmulas,na verdade meu corpo todo está, e isso dificulta minhas ações. Tento abrir o remédio a todo custo,mas ele cai da minha mão. Choro irritada e desesperada. Me sento no chão,encostando na parede e pondo minha cabeça entre meus joelhos.

— Amor, ei! O que houve?— Escuto a voz do Renato longe,mas sei que ele está perto já que sinto seu toque em minha pele.

— Não consigo,respirar.— arranho minha garganta com as mãos e finalmente acho seus olhos em meio a pouca claridade do quarto.— O... remédio.— consigo apontar pra cartela e ele entende.

Sentindo o ar cada vez mais escasso,vejo meu namorado pegar a cartela apressado juntamente com uma garrafinha de água que sempre deixamos na mesinha. Ele se aproxima novamente de mim e põe o remédio em minha boca,me entregando a água logo em seguida.

— Calma,calma.— alisa meu braço enquanto eu tento beber a água com calma.— Amor,você tá tremendo.— pega a garrafa da minha mão e se senta ao meu lado.— Vem.— me puxa pro colo dele e eu me aninho nele,sentindo seu calor.— Respira minha vida,por favor.— acaricia as minhas costas.

— Desculpa por ter te acordado.— digo chorando.

— Não peça desculpas. Te prometi que estaria ao seu lado em todas as situações e não menti quando disse isso.— alisa minha bochecha e me faz olhar pra ele. Seu olhar calmo,mesmo preocupado,me transmite paz.— O que fez você ficar assim, minha vida?— alisa meu cabelo.

—Eu tive um pesadelo.— escondo meu rosto em seu pescoço.— Com meu ex.— sussurro e sinto ele ficar tenso.— Foi horrível. Parecia tão real, eu me senti naquele momento novamente.— olho pra ele sentindo as lágrimas brotando e embaçando minha visão.

Fazia muito tempo que eu não tinha pesadelos com aquele dia. Mas eles voltaram desde a primeira mensagem. Elas não são frequentes, nem há sinal nenhum daquele homem perto de nós, mas mesmo assim gatilhos foram acionados em minha mente.

Já que as mensagens são poucas e geralmente só falando que me achou e que não posso me esconder, não falei nada com o Renato para não preocupa-lo. Mas a Irene e a Dani sabem, ambas me disserem que se persistir por mais tempo e se piorar,iremos tomar providências. Elas não sabem dos pesadelos e das crises.

— Tudo é passado,meu amor.— me faz olhar pra ele novamente.— Aquele crápula tá bem longe e nunca mais vai chegar perto de você. Porque se ele fizer isso,eu acabo com a vida dele com as minhas próprias mãos.— promete olhando em meus olhos e sei que está falando sério.

— Não suje suas mãos com quem não merece.— se alguém irá sujar as mãos,será eu.— Eu sei que é passado,mas é difícil impedir as lembranças.— falo ainda olhando em seus olhos.

— Sei que é difícil,mas podemos dar um jeito.— põe meu cabelo pra trás e acaricia minha nuca, olho atenta pra ele.— Criando memórias novas.— diz antes de tomar meus lábios em um beijo calmo.

Me ajeito em seu colo e fico com uma perna de cada lado de sua cintura,sentindo meus joelhos tocarem o chão. Quando o ar falta, descolamos nossas bocas. Encosto minha testa na dele e fico de olhos fechados,apenas ouvindo o barulho de nossas respirações e da chuva forte.

— Mais calma?— confirmo ainda de olhos fechados e sinto ele me dar um selinho.

— Obrigada por ser tão perfeito.— olho pra ele e faço carinho em sua nuca.

— Eu não sou perfeito,mas tento ser pra você.— diz me fazendo sorri e dar um selinho nele.
— Vem,vamos deitar.— saio do colo dele e levantamos,indo pra cama.

— Me faz cafuné?— pergunto deitando.

— Claro que faço,mas antes eu preciso fazer outra coisa.— levanta e segue pra fora do quarto,me deixando totalmente confusa.

Espero por um tempinho e ele logo volta,mas agora com a Anjinha no colo dele. Dou espaço na cama e ele se deita,pondo nossa filha entre nós. Me inclino um pouco e sinto o cheirinho de bebê dela que tanto me acalma. Relaxo ao me sentir segura com a minha família e finalmente consigo dormir.

Até o próximo capítulo ...

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