Jasmine Mourão
— Você acha que o que você fez foi certo? Hein?— me encolho com os gritos e ponho minhas mãos em minha barriga sentindo a Angel quietinha.
— Amor... eu...— falo com a voz chorosa,mas ele logo me interrompe novamente. Gritando.
— Amor,uma porra Jasmine.— grita irritado e pega um vaso da estante jogando ele no chão, me fazendo gritar assustada pelo barulho.
— Desculpa, eu só saí com minhas amigas.— falo com a voz cortada pelo choro e evitando olhar pra ele.
— E você por acaso é solteira pra sair por aí sozinha?— pergunta e eu balanço a cabeça em negação.—Me responde e olha pra mim quando eu tiver falando com você. — segura os cabelos em minha nuca e me obriga a olhar pra ele.— Essa porra aqui não significa nada pra você? Hein?— pergunta me mostrando a aliança dele.
— Significa. Mas eu queria sair um pouco, sem você me sufocando,porra!— falo com raiva e meu rosto vira com o impacto. O ardor surge logo depois e pelo reflexo do espelho atrás da estante,consigo ver a marca vermelha em meu rosto.
~~~
Acordo assustada sentindo minha respiração falhar e minha garganta doer pelo choro preso nela. Me sento na cama,encostando na cabeceira e ao olhar pro lado,vejo o Reh dormindo sereno,com o corpo coberto apenas por uma boxer preta.
Respiro fundo tentando normalizar minha frequência respiratória,mas nada parece adiantar. As cortinas abertas me mostram que lá fora está escuro e que chove forte. Levo minha mão ao meu peito sentindo ele doer e meu corpo se arrepia ao entrar em contato com metal gelado da aliança.
Ao invés de se normalizar, minha respiração só piora. Levanto da cama com dificuldade e vou até minha mesa de trabalho no canto do quarto. Tateio os objetos até achar o interruptor do pequeno abajur. Assim que consigo ascender a luz, abro a gaveta e pego a cartela de remédios. Está cheia,porque faz meses que não preciso tomar.
Me xingo mentalmente por fazer barulho ao tentar pegar o comprimido. Minhas mãos estão trêmulas,na verdade meu corpo todo está, e isso dificulta minhas ações. Tento abrir o remédio a todo custo,mas ele cai da minha mão. Choro irritada e desesperada. Me sento no chão,encostando na parede e pondo minha cabeça entre meus joelhos.
— Amor, ei! O que houve?— Escuto a voz do Renato longe,mas sei que ele está perto já que sinto seu toque em minha pele.
— Não consigo,respirar.— arranho minha garganta com as mãos e finalmente acho seus olhos em meio a pouca claridade do quarto.— O... remédio.— consigo apontar pra cartela e ele entende.
Sentindo o ar cada vez mais escasso,vejo meu namorado pegar a cartela apressado juntamente com uma garrafinha de água que sempre deixamos na mesinha. Ele se aproxima novamente de mim e põe o remédio em minha boca,me entregando a água logo em seguida.
— Calma,calma.— alisa meu braço enquanto eu tento beber a água com calma.— Amor,você tá tremendo.— pega a garrafa da minha mão e se senta ao meu lado.— Vem.— me puxa pro colo dele e eu me aninho nele,sentindo seu calor.— Respira minha vida,por favor.— acaricia as minhas costas.
— Desculpa por ter te acordado.— digo chorando.
— Não peça desculpas. Te prometi que estaria ao seu lado em todas as situações e não menti quando disse isso.— alisa minha bochecha e me faz olhar pra ele. Seu olhar calmo,mesmo preocupado,me transmite paz.— O que fez você ficar assim, minha vida?— alisa meu cabelo.
—Eu tive um pesadelo.— escondo meu rosto em seu pescoço.— Com meu ex.— sussurro e sinto ele ficar tenso.— Foi horrível. Parecia tão real, eu me senti naquele momento novamente.— olho pra ele sentindo as lágrimas brotando e embaçando minha visão.
Fazia muito tempo que eu não tinha pesadelos com aquele dia. Mas eles voltaram desde a primeira mensagem. Elas não são frequentes, nem há sinal nenhum daquele homem perto de nós, mas mesmo assim gatilhos foram acionados em minha mente.
Já que as mensagens são poucas e geralmente só falando que me achou e que não posso me esconder, não falei nada com o Renato para não preocupa-lo. Mas a Irene e a Dani sabem, ambas me disserem que se persistir por mais tempo e se piorar,iremos tomar providências. Elas não sabem dos pesadelos e das crises.
— Tudo é passado,meu amor.— me faz olhar pra ele novamente.— Aquele crápula tá bem longe e nunca mais vai chegar perto de você. Porque se ele fizer isso,eu acabo com a vida dele com as minhas próprias mãos.— promete olhando em meus olhos e sei que está falando sério.
— Não suje suas mãos com quem não merece.— se alguém irá sujar as mãos,será eu.— Eu sei que é passado,mas é difícil impedir as lembranças.— falo ainda olhando em seus olhos.
— Sei que é difícil,mas podemos dar um jeito.— põe meu cabelo pra trás e acaricia minha nuca, olho atenta pra ele.— Criando memórias novas.— diz antes de tomar meus lábios em um beijo calmo.
Me ajeito em seu colo e fico com uma perna de cada lado de sua cintura,sentindo meus joelhos tocarem o chão. Quando o ar falta, descolamos nossas bocas. Encosto minha testa na dele e fico de olhos fechados,apenas ouvindo o barulho de nossas respirações e da chuva forte.
— Mais calma?— confirmo ainda de olhos fechados e sinto ele me dar um selinho.
— Obrigada por ser tão perfeito.— olho pra ele e faço carinho em sua nuca.
— Eu não sou perfeito,mas tento ser pra você.— diz me fazendo sorri e dar um selinho nele.
— Vem,vamos deitar.— saio do colo dele e levantamos,indo pra cama.— Me faz cafuné?— pergunto deitando.
— Claro que faço,mas antes eu preciso fazer outra coisa.— levanta e segue pra fora do quarto,me deixando totalmente confusa.
Espero por um tempinho e ele logo volta,mas agora com a Anjinha no colo dele. Dou espaço na cama e ele se deita,pondo nossa filha entre nós. Me inclino um pouco e sinto o cheirinho de bebê dela que tanto me acalma. Relaxo ao me sentir segura com a minha família e finalmente consigo dormir.
Até o próximo capítulo ...
VOCÊ ESTÁ LENDO
MEU AMOR mora na casa ao lado
Fiksi PenggemarEm um dos bairros mais charmosos de Londrina, um grupo de YouTubers compartilha seu cotidiano com milhões de seguidores. Entre eles, destaca-se Renato Garcia, um criador de conteúdo de sucesso cuja vida é uma mistura de aventuras e fama. No entanto...