Capítulo 5

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Harry entrou no escritório da Mansão Malfoy com uma mistura de curiosidade e apreensão. O ambiente era imponente e refletia perfeitamente a riqueza e a história ancestral da família Malfoy. As paredes eram revestidas com painéis de madeira escura e polida, cujas superfícies brilhavam suavemente à luz que entrava pelas enormes janelas de vidro.

Uma grande lareira de mármore branco dominava uma das paredes, com intrigados entalhes de serpentes e flores adornando a moldura. No centro do escritório, havia uma enorme escrivaninha de mogno, ornamentada com detalhes em prata. Em cima dela, estavam empilhados diversos pergaminhos e livros antigos, suas capas de couro mostrando sinais de uso frequente. Um tinteiro de prata com uma pena de águia repousava em um canto, ao lado de um elegante castiçal.

As estantes, que iam do chão ao teto, estavam repletas de livros raros e objetos mágicos de grande valor. Relíquias familiares, como medalhões e taças de prata, estavam expostas em nichos iluminados, cada uma contando uma parte da história dos Malfoy.
Os móveis do escritório eram de estilo vitoriano, com poltronas de couro escuro e detalhes em madeira entalhada.

- Senhor Malfoy, obrigado mais uma vez por me receber. - exclamou Harry ao terminar de analisar visualmente todo o escritório. O cheiro de couro envelhecido e pergaminho antigo permeia o ar. A atmosfera era ao mesmo tempo opressiva e majestosa, fazendo Harry se sentir como se estivesse em um museu particular, onde cada objeto tinha um significado profundo e oculto.

- Sr. Potter, esta é uma visita inesperada. Por favor, sente-se. - Lucius aponta para uma poltrona em frente a mesa de Mogno. Harry sentou-se, afundando levemente no estofado macio, enquanto Lucius permanecia de pé, com as mãos apoiadas nas costas de sua própria cadeira, observando-o com olhos frios e calculistas.

- Não temos muito tempo. Kingsley não permitiu nenhuma testemunha no julgamento dos Malfoy. Mesmo eu falando diretamente que queria testemunhar a favor, ele apenas me ignorou e resolveu agir por conta própria. - Harry falou exasperado em um fôlego só.

- Isso é preocupante. Sem testemunhas, nossas chances são ainda menores...Mas, Kingsley e a família Malfoy têm certas divergências, creio que essa oposição não foi um ataque direto a você, Sr. Potter - Lucius fala calmamente usando seu habitual tom frio.

Harry respirando fundo, tentando manter a calma e rebate:

- Mesmo assim, isso não é justo! Narcisa e Draco não merecem pagar pelo que aconteceu. Narcisa mentiu para salvar minha vida, e Draco hesitou em nos identificar para Belatrix. Eles merecem uma chance de se defender.

Lucius Malfoy o olhou penetrante e Harry se encolheu um pouco mais contra a poltrona, como se de algum modo isso fosse impedir dos gelidos olhos de Malfoy lerem sua alma.

- Você veio aqui para ajudar minha família? Apesar de tudo o que aconteceu?

- Sim! - Harry respondeu de supetão e determinado. Malfoy o olhou curioso. -Não posso ficar parado enquanto eles são condenados sem um julgamento justo. Narcisa e Draco mostraram que não são como os outros seguidores de Voldemort. Eles merecem uma chance.

- Sr. Potter, suas palavras significam mais do que você imagina. Isso é um capricho muito elevado... - Lucius sibilou persuasivo. - Os Malfoy's estarão eternamente em divida com os Potter's.

- Não estou fazendo isso em troca de algo. Muito menos por um mero capricho meu - Harry falou exasperado. -Estou fazendo isso por Narcisa e Draco. Eles merecem uma vida melhor, uma oportunidade de recomeçar. E não se preocupe, Narcisa me Salvou e Draco bem... - Harry exitou, não sabia o que falar sobre Draco. Ele só sabia que se importava com Draco. Mais do que deveria, talvez. E não podia suportar a ideia de vê-lo em Azkaban.

- Continue, Sr. Potter. É importante que sejamos claros. - Lucius falou após tirar Harry de seus devaneios com um pigarreio.

- Ele foi forçado a fazer coisas terríveis, mas ele nunca quis isso. Assim, como eu, Draco nunca teve muitas escolhas. - Harry falou firme encarando diretamente os olhos azuis claros de Malfoy.

Lucius suspirou e se escorregou para a cadeira, crispou os lábios e mantinha uma face aflita. Era a primeira vez que Harry via um Malfoy, uma figura muito importante conhecida pelo seu jeito frio sem a sua máscara de rispidez e superioridade.

- Eu fui um tolo, deveria ter lutado mais para proteger minha família, para proteger Draco ..... - Malfoy suspirou profundamente - minha esposa e meu filho sofreram tanto.

- Voldemort era muito poderoso, dominava a arte das trevas com precisão. - Harry exclamou e um sorriso mínimo surgiu no canto dos seus lábios ao ver Lucius Malfoy estremecer a menção do nome do seu ex-lorde. - Olhe para mim, eu mesmo tive que lutar com ele várias vezes para vence-lo. Se bem que lutar contra um bebê é muita sacanagem.

Após um segundo Harry percebeu as palavras que usou, talvez seu ego esteja crescendo um pouco mais, provavelmente isso é consequência da convivência com Sirius. Sem falar que a palavra "sacanagem" é comumente usada pelos trouxas então logo ele se enfiou mais na poltrona um pouco corado de vergonha pela linguagem informal. Porém na mesma velocidade que essa preocupação veio logo ela se foi ao ver um pequeno sorriso sair dos labios do patriarca Malfoy que o olhou divertido e um tanto quanto confuso.
Harry logo tratou de arrumar sua postura desleixada e acanhada na poltrona, não desmanchando o pequeno sorriso que adornava seus lábios.

- Eu entendo, e agradeço profundamente. Prometo que, se conseguirmos uma chance, faremos tudo ao nosso alcance para honrar sua confiança. - O Patriarca Malfoy respondeu com grande sinceridade.

Harry se levanta da poltrona e exclama:

- Vou lutar para que a verdade seja ouvida. Preparem-se o melhor que puderem. Até mais, senhor Malfoy. Obrigado por me receber mesmo sem comunicação prévia da minha visita.

Lucius logo se levantou também com graça e destreza, uma expressão de consideração adornava seu rosto.

- Sr. Potter, antes de partir, gostaria de convidá-lo para almoçar conosco. Acho que seria bom para Draco e Narcisa verem que não estamos sozinhos. Afinal, conversamos durante longos minutos e nem tive a decência de lhe oferecer uma xícara de chá. - Malfoy, para espanto de Harry, sorriu acanhado mas sem perder sua postura aristocrática.

A surpresa foi tanta que Harry pigarriou num fio de voz incerto.

- Almoçar?

- Sim, por favor. Creio que minha esposa e meu filho ficariam gratos pela sua presença. E, talvez, possamos discutir mais sobre o que pode ser feito. - Lucius falou calmamente contornando a mesa. Seus olhos brilhavam perigosamente na expectativa.

Harry pensou um pouco, não é como se a família Malfoy fosse envenena-lo e depois se livrar do seu corpo. Eles não sairiam impunes, seus padrinhos sabiam onde ele estava. E ele poderia ter a oportunidade de conversar com Draco já que o mesmo havia ignorado todas as suas cartas.

- Está bem. Aceito o convite.

Vínculos do Amanhã: O Encontro de Destinos.Onde histórias criam vida. Descubra agora