Violeta

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Rhaenyra Targaryen

É difícil se manter firme quando um reino inteiro tenta derrubar você. Esse é o preço a se pagar por ser mulher no mundo dos homens. Desde que o rei me nomeou sua herdeira legítima, me mantive mais firme ainda, para honrar seu legado e dos nossos antepassados. Sinto que a qualquer momento vou fugir e deixar tudo para trás, porém isso não seria justo com meu pai. A alguns anos minha mãe faleceu e meu pai casou-se com Alicent, isso foi um incômodo para mim, ver meu pai e minha melhor amiga casando-se, eu sei que não deveria cobrar nada, pois estes são os seus deveres.

A alguns dias escutei os gritos de Alicent vindo de seus aposentados, creio que sua gestação chegou ao fim, dando a luz a mais um herdeiro do rei Viserys Targaryen, isso me assusta, pois a cada irmão que vem ao mundo, meu direito ao trono enfraquece.

Folheio o livro em que peguei com o meu pai, este até que é bom. Ao levantar a cabeça levemente Alicent, entra em meu campo de vista, está com algo nos braços creio ser seu filho. A mulher de cabelos e olhos castanhos se aproxima e volto minha atenção ao livro sobre minhas pernas.

— Rhaenyra, posso me sentar? — sua voz é mansa, creio que está com receios de minha reação. Assenti para que ela sentasse, ainda com a atenção sobre o livro. — Olha... eu não sei por onde começar, desde que casei com seu pai, não tivemos uma conversa franca e... - Cortei a mulher que se enrolava nas palavras.

— Está tudo bem Alicent, era o seu dever e mesmo que não quisesse casar com o meu pai, ele é o rei. — Minhas palavras não foram para acalenta-lá, mas sim para deixar claro que sei das minhas obrigações. — Não deveria está se justificando para mim, você é a rainha, então por tanto, me dê licença.

— Espere! Antes que vá, eu quero que veja... — A mulher se aproxima estendendo seus braços para mim e antes que o que está enrolado ao pano caia sobre chão, feito uma fruta madura, seguro um pouco desajeitada. — Se chama, Daenerys. Eu sei que você não deve gostar e muito menos tem a obrigação, eu só não quero ter uma relação ruim com você, Rhaenyra, quero que você tenha um vínculo com seus irmãos...

Não escuto mais nada do que a mulher a minha frente fala, seja lá o que for, deve ser relacionado ao convívio com seus futuros filhos.

Minha atenção vai toda para a pequena criança a minha frente, seus olhos violetas e pele branca feito neve, me fazem lembrar de quando minha mãe estava viva... A pequena em meus braços não tem culpa da maldade dos homens, se ela soubesse o quão vai ser difícil aqui fora, nem teria cogitando sair. Sinto compaixão, assim como por qualquer uma outra pessoa.

Entrego ela nos braços de sua mãe e saio sem dar uma palavra, nesse momento as palavras me faltam, e as lembranças me atingem. Sinto falta de um ombro amigo, um colo de mãe. Daenerys teve sorte? Talvez...

Fogo e SangueOnde histórias criam vida. Descubra agora