Thomas Black
Minha mente parece tão cristalina quanto a água no meu copo. Meus olhos vão até a caderneta entregue pelo almirante, as páginas preenchidas com todas as informações sobre os piratas, e a certeza do plano em minha mente depois do meu “acerto de contas” com a Lee hoje a tarde.
Eu caí na minha própria armadilha, tentei seduzi-la para salvar minha própria pele e estou cada dia mais me perdendo no sentimento em meu peito. Sou um idiota. Não sei se tenho condições de entregá-la à justiça, não me parece mais justo… Ela sofreu muito devido a Marinha Real e muitos dos piratas dessa fortaleza parecem apenas pessoas tentando sobreviver ao mundo. Eu sei o quanto a vida pode ser cruel…
Céus. Estou perdido.
Os prós de mandá-la para a prisão é que vou poder ter o cargo que sempre quis dentro da Academia de Eruditos e poderei ter acesso ao livro de tradução para as runas do diário da minha mãe. Os contras são que vou condenar milhares de pessoas e seres mágicos desse lugar à forca por pirataria, consequentemente vou mandar a única garota que me fez sentir coisas para morte… Tem que existir um jeito de ser imparcial a isso. Não acredito que estou pensando nisso, mas tem que existir um jeito de passar a perna na Marinha Real para que eu consiga o que quero e não mate ninguém. Eu poderia…
— Thomas, a festa já vai começar! Vamos! — Angelo grita do lado de fora me assustando, por reflexo jogo o caderno para o fundo da minha bolsa.
— Tudo bem. Já estou indo!
O prazo ainda não se encerrou, tenho mais um mês para o prazo do almirante. Ainda tenho tempo para pensar no que vou fazer, por hora vou me concentrar na festa de hoje e me deixar viver como se não houvesse amanhã. Antes de sair dou uma última ajustada em minha imagem refletida no espelho — calças de couro preta, a camisa branca mais folgada marcada pelo suspensório, botas pretas que as serviçais de Lee deixaram na minha porta hoje e os cabelos presos em um coque baixo — e passo um pouco de perfume. Querer estar bonito para impressionar alguém é algum tipo de sinal para alguma coisa?
Eu nunca me senti dessa forma, esse calor e vontade estranguladora de estar no mesmo ambiente que alguém, dedicar tempo para impressioná-la, fora o sentimento que sei se tratar de ciúmes. A cada dia que passo quero de certa forma impressionar Lee, quero que ela me toque, quero que ela sorria para mim com aquele sorriso de tirar o fôlego e toda vez que a vejo com aquele cara da taverna tenho vontade de asa-lo em uma fogueira ou fritá-lo em óleo fervente.
No almoço, tive que ter muito autocontrole para não arrastar ele para longe dela ou quebrar seus dedos quando a pegou no colo ou socar a cara dele a cada flerte disfarçado de simpatia que dedicava a ela no meio da refeição. A questão de estarmos “brigados” me consumia por inteiro, talvez meu cérebro tenha dado curto circuito e está muito mal das ideias, mas eu desejava que ela atirasse em mim se isso fosse o suficiente para que ela olhasse e sorrisse para mim.
VOCÊ ESTÁ LENDO
A Última Rainha Do Mar
Romance🥇Vencedora do Concurso Cósmico; 1° lugar na Categoria Romance Dramático • ☠️ • ☠️ • ☠️ • ☠️ • ☠️ • O que nós realmente sabemos sobre os sete mares? O que nós realmente sabemos sobre as lendas e mitos que circundam nossa existência? Tesouros, s...