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Uma vez que Inés anunciava suas intenções, ela geralmente conseguia o que queria. Assim, uma noite, Cárcel se viu sentado em frente a José Almenara. Eles estavam tendo um jantar formal pela primeira vez nos últimos dezoito meses de trabalho juntos. 

José parecia desconfortável sentado à mesa de jantar de seu comandante. Até agora, nem José nem Cárcel tinham sido convidados um do outro, exceto para jantares de equipe ou pausas rápidas para almoço durante um turno. 

"Almenara, como está a comida?", perguntou Inés. "Adoramos a comida de Yolanda, mas não tenho certeza se vai agradar ao seu gosto." 

"Ah, Madame Escalante... Eu gosto, não, eu adoro a comida. E esta sopa é..." José hesitou antes de terminar, "fria". 

"Você não gosta de sopa fria?" 

"Não, não! Eu estava apenas comentando o quão única ela é." 

Como o primeiro convidado oficial dos recém-casados ​​Escalantes, José Almenara estava sentado no lado mais longo da mesa de jantar. Sua constituição de urso fazia a cadeira parecer pequena e ocupava quase metade da mesa, não deixando espaço para mais ninguém se sentar ao seu lado. 

No entanto, José sempre se sentia pequeno diante de seu comandante, Cárcel. Agora, ele se encolheu ainda mais de vergonha. 

Inés sorriu e disse: "Yolanda deve ter preparado algo frio porque está um dia escaldante." 

José gaguejou: "Ah, é mesmo...? Tão atencioso, como esperado da equipe que serve os Escalantes..." 

Cárcel ergueu uma sobrancelha e olhou para José com seu desgosto habitual. Assustado pelo olhar de Cárcel, José rapidamente acrescentou: "Eu quis dizer que a equipe é altamente qualificada, como convém à fama do nome Escalante..." 

José começou a engasgar com a água no meio de seus elogios exagerados. Quanto mais ele tentava engolir a tosse, pior ela ficava. Cárcel olhou para José sem nenhuma simpatia e apenas desdém, mas Inés fez sinal para o mordomo encher o copo de José. 

"Almenara, beba mais água." 

Em vez de beber mais água, José tentou se desculpar por sua falta de educação e agradecer a ajuda de Inés ao mesmo tempo. 

"Sim, senhora, desculpe..." ele conseguiu dizer entre acessos de tosse. 

No final, José caiu e pegou seu copo. Ele não conseguia parar de tossir enquanto engolia a água fria. Quando o silêncio fragmentado terminou, José recuperou o fôlego e olhou para cima com pavor. Embora Inés parecesse preocupada com José, Cárcel não demonstrou um pingo de simpatia. 

"Para alguém que parece poder rasgar carne crua, você certamente não engole água muito bem." 

Inés interrompeu. "Você é quem come carne crua, Cárcel." 

"Inés, quantas vezes eu tenho que te dizer? Meus bifes estão totalmente cozidos." 

"Eu nunca vi bifes cozidos escorrerem sangue como os seus. Eu nunca consegui entender por que você ou meu pai iriam—"

"Aposto que seu pai lamenta que ele e eu tenhamos sido mencionados na mesma frase.." 

Inés lançou um olhar acusador para Cárcel. 

"Se você continuar com essa atitude, você fará com que Almenara não consiga engolir sua comida novamente." 

Cárcel soltou um bufo desdenhoso. 

Inés murmurou, "Não é de se espantar que esse pobre homem grande esteja tão nervoso... Deve ser tudo condescendência dele..." 

Ela empurrou a cesta de pão em direção a José. 

The Broken Ring : This Marriage Will Fail Anyway(volume 2) - Pt BrOnde histórias criam vida. Descubra agora