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Cárcel voltou para casa no início da noite. Quando ele entrou na entrada, ele notou o quão diferente a casa parecia de quando ele saiu de manhã. Na verdade, a mudança ainda estava acontecendo. 

As empregadas e servos estavam correndo pela casa com móveis ou bugigangas em seus braços. Eles estavam tão preocupados com o que estavam fazendo que nem notaram a chegada de seu mestre. Cárcel viu um vislumbre de tecido amarelo pelo canto do olho. Quando ele estreitou os olhos e se virou para o corredor, ele percebeu que era Inés, se movendo com uma velocidade que ele nunca a tinha visto usar antes. 

Quando ela viu Cárcel ainda parado na porta, ela o recebeu de braços abertos e um sorriso no rosto. 

"Cárcel, você está de volta! Entre. Você deve ter trabalhado duro hoje." 

Cárcel ficou pasmo por um momento. Como a teimosa e mal-educada Inés poderia recebê-lo assim? Ele mal podia acreditar em seus próprios olhos. 

"Por que você ainda está parado aí?" Inés fez sinal para ele entrar. "Entre." 

Cárcel ainda olhava para Inés com desconfiança. Seu gesto convidativo e sorriso amigável pareciam os de uma esposa comum. Sua voz era muito otimista e seu discurso muito gentil. O olhar de Cárcel viajou até suas mãos pálidas colocadas em seu braço. 

"Ah, você deve ter se assustado com o caos." Inés assentiu como se entendesse o que ele estava pensando. "Eu estava querendo organizar a casa, querido." 

"Querido?" Cárcel repetiu em um tom incrédulo. 

Inés não deu atenção e continuou: "Como você sabe, estou um pouco desmotivada desde que cheguei em Calztela." 

Até onde Cárcel se lembrava, Inés estava longe de estar deprimida ou sem motivação. Pelo contrário, ela sempre parecia perfeitamente contente em sua preguiça obstinada. Cárcel sempre imaginou que a vida com Inés seria mais devota e chata. 

Em sua mente, Inés parecia a mulher que acordaria ao amanhecer para meditar nas escrituras e orar. Mas, na realidade, Inés estava colada ao travesseiro — não à bíblia — todas as manhãs.

Mesmo quando ele acariciava seus mamilos ou enterrava o rosto em seu pescoço, ela apenas franzia a testa e resmungava incoerentemente. Cárcel admitiu que achava Inés adorável de manhã. Por mais impossível que fosse igualar Inés Valeztena a tal palavra, Inés Escalante era adorável quando estava apenas meio consciente. 

Esta noite, Cárcel sentiu algo estranho sobre Inés. Ele duvidava que ela estivesse em seu perfeito juízo agora, e não de uma forma cativante. Quanto mais Cárcel ficava sem responder, mais Inés o pressionava com a mão em seu braço. Ela perguntou novamente: 

"Você sabe disso, certo?" 

Cárcel sentiu a pressão de concordar, quer soubesse ou não. Então, ele respondeu: "Sim, eu sei."

 "Mas veja, eu percebi uma coisa esta manhã." 

"Percebeu o quê...?" 

"Percebi que preciso colocar tudo em seu devido lugar", disse Inés. Sua voz era tão inflexível que Cárcel se perguntou se ela também planejava colocá-lo de volta em seu lugar. Devido ao turbilhão de atividades em torno da reorganização dos móveis, a casa parecia pior do que pela manhã. No entanto, Inés ainda parecia positivamente revigorada e calma. 

Arondra interveio. "De fato! A casa estava uma bagunça que os móveis praticamente expulsaram os moradores da casa... Se não fosse por Madame Escalante, poderíamos ter vivido nessa bagunça por mais alguns anos." 

Arondra parecia ter esquecido que Cárcel nunca teria se mudado para esta casa menor se não fosse por Inés em primeiro lugar. 

"Duvido", disse Inés com um sorriso envergonhado. 

The Broken Ring : This Marriage Will Fail Anyway(volume 2) - Pt BrOnde histórias criam vida. Descubra agora