Quando ele abre os olhos, por algum motivo ele espera ver Buck.
Ele não está é claro. Ana está lá. Buck está com Christopher, como deveria estar.
Talvez seja isso que lhe dá coragem para contar a Buck sobre o testamento. Ele não pode dizer a Buck essas três palavras exatas. Ele não é tão corajoso assim. Na verdade, ele não tem certeza se é corajoso, mas ele tem que dizer alguma coisa. Buck tem que saber, ele tem que entender sua importância, seu lugar na vida de Eddie.
A expressão no rosto de Buck o faz se preocupar por não ter conseguido.
Buck o leva para casa, onde uma festa surpresa o aguarda. Ele faz o melhor que pode para agir surpreso, mas não acha que enganou ninguém.
Todos saem cedo, como se pudessem sentir que o corpo de Eddie está prestes a desistir dele. Ana fica quase tanto tempo quanto Buck limpando, mas, por fim, ela o beija na bochecha e diz que passará por lá amanhã.
Buck a acompanha até a saída.
"Fique no sofá." Buck sorri para ele e de alguma forma é apertado. "Vou colocar Chris na cama."
Sim, Eddie não vai se mudar tão cedo.
Buck o ajuda a se levantar e ir para o quarto. Pacientemente o ajuda a tirar a camisa. Faz as ataduras de Eddie e o ajuda a vestir o pijama.
"Posso... posso fazer uma coisa?"
Eddie senta-se na cama. "Isso é como... seu chá, tipo alguma coisa?"
Buck assente.
"Claro." Não vai doer.
Buck sai. Quando ele volta, tem uma sacola em suas mãos. Ele se senta sobre os joelhos na frente de Eddie e começa a tirar coisas da sacola muitas ervas, algo que parece ser uma pedra triturada ou cristal de algum tipo, uma raiz, um pó e uma pequena garrafa de vidro com um líquido transparente.
Buck mistura tudo em uma tigela, sua testa franzida em concentração. Eddie o observa. "Você queria que eu continuasse usando o anel."
Buck assente. A tigela agora contém algum tipo de pasta.
"Você estava... dizendo algo. Na ambulância, não era em nossa língua."
Buck limpa a garganta. "Não, não era."
"O que foi isso?"
Buck não olha para ele, focado no que quer que esteja acontecendo na tigela. "Gaélico. Palavras de cura. É difícil fazer isso sem qualquer ajudante ou foco."
O "mas eu estava desesperado" nem precisa ser dito.
Os ingredientes na tigela brilham com uma luz roxa, e um arrepio percorre a espinha de Eddie. "Isso é, isso é..."
Um olhar tímido finalmente corta a solenidade de Buck. "Magia. Sim."
Ele mergulha dois dedos na tigela.
"Maddie passou o que podia para mim. Nossos pais não me ensinaram. Então, quando fiquei sozinho, aprendi muito mais. Provavelmente incluindo coisas que eu não deveria ter aprendido. Isso..."
Buck se levanta de joelhos e segura o maxilar de Eddie com a mão livre. Sua voz é baixa, íntima. "Isso vai ajudar você a se curar mais rápido."
Ele passa a substância em listras horizontais sob os olhos de Eddie, depois desenha algo em sua testa, antes de pressionar o polegar na substância novamente e esfregá-la no queixo de Eddie.
Eddie não consegue respirar. A atenção de Buck é suave, mas completa, seu olhar percorrendo cada centímetro do rosto de Eddie. Ele continua a embalar a bochecha de Eddie em sua mão livre, e Eddie sente como se algo sagrado, algo frágil e íntimo, estivesse passando entre eles.
Isso faz ele perguntar.
"Então você é... um Bruxo?" Eddie não tem certeza do porquê está sussurrando.
"Você pode chamar assim, se quiser." A voz de Buck é igualmente baixa.
Mais um momento se passa. Os dedos de Buck pressionam lentamente sua pele, por todo o rosto, desenhando imagens que Eddie não consegue ver. "Você não deveria estar fazendo isso no meu ombro?"
"É muita energia. Pode doer."
"Isso não dói." Seu rosto formiga onde Buck espalha a solução, e ele jura que pode senti-la afundando em sua pele, uma aura quente como a do anel.
"Que bom" O olhar de Buck se ergue para encontrar seus olhos, depois cai para sua boca.
Buck não quis fazer isso. Ele está se concentrando nos símbolos que está desenhando na pele de Eddie.
Ainda parece que significa alguma coisa.
Eddie observa o olhar de Buck em seu rosto, o peso da concentração de Buck o aquecendo por todo o corpo. Ele quer tocar ele também. Ele quer traçar as linhas e curvas do rosto de Buck com as pontas dos dedos até que ele tenha Buck memorizado pelo toque em vez de apenas pela visão. Ele quer fechar a lacuna entre eles e pressionar seus lábios nos de Buck, selando-os ainda mais.
O polegar de Buck desliza para frente e para trás sobre a bochecha de Eddie e Eddie percebe que eles estavam se encarando por alguns segundos sem que Buck fizesse nada.
"Tudo bem", Buck murmura.
Ele se afasta e Eddie quase cai para frente para cambalear atrás dele e arrastá-lo de volta, mantê-lo perto. Ele limpa a garganta. "Então, a magia é real. E você não conseguiria acabar com uma simples maldição naquele dia?"
"Eu te disse, sacrifícios de animais não são minha praia." O canto da boca de Buck se contrai para cima. "Maddie e eu, nossa magia é mais... não quebramos maldições. Somos curandeiros, principalmente. Nossa magia é mais sutil. Coisas para ajudar você a dormir melhor ou se concentrar mais. É preventiva ou estimulante. Não é... não altera a vida. É difícil enfrentar o universo."
"Mas você tentou ou melhor você enfrentou"
Ele quis dizer na ambulância. As bochechas de Buck ficam levemente rosadas. "Claro que sim."
Ele se levanta e um cordão que Eddie não sabia que estava esticada entre eles se rompe. "Você-você-você precisa de alguma coisa?"
Eddie balança a cabeça. Buck o ajuda a se deitar. "Só durma, ok? Fiz um cronograma para seus remédios."
Claro que ele fez. Eddie mal consegue lembrar quais são todos os seus remédios, muito menos quando ele tem que tomá-los. "Buck."
Buck para na porta.
"Você sabe que eu não, eu não me importo com... obrigado."
Buck sorri e abaixa um pouco a cabeça. "Claro."
Claro. Como se Eddie estivesse falando sobre parar no mercado em vez de salvar sua vida e aplicar magia de cura em sua pele.
Ele não sabe se isso é real ou apenas coisa da sua cabeça, mas sua pele vibra com o calor dos dedos de Buck por um longo, longo tempo.
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Enrole-se em meu coração e deixe-me mantê-lo(Buddie).
RomanceQuando um gato malhado laranja começa a ficar rondando a casa dos Diaz, Eddie não pensa em nada sobre isso. O pequeno é fofo e bonitinho, e parece sempre saber quando Eddie está passando por um momento ruim.