Emery Greengrass
Caminhei ao longo do corredor. A medida que andava, os alunos se afastavam, abrindo espaço. E um sorriso fraco tomava conta dos meus lábios.
Meus livros estavam em meus braços, devido ao fato de eu ter acabado de sair de uma aula de física e eu caminhava até o meu armário. Estava sozinha dessa vez, Ali e as outras meninas não estavam na mesma aula que eu.Alguém tromba em mim, meus livros foram todos de encontro para o chão e eu me segurei para não gritar com a pessoa ao ver que a maioria deles estavam amassados.
- Desculpa! - pediu o garoto, se abaixando na mesma hora para pegar meus livros.
- Tudo bem - dou de ombros, tentando não demonstrar a minha irritação e me abaixei logo em seguida para ajudá-lo.
O garoto deixou todos os livros empilhados e estendeu para mim. Eu finalmente o encarei quando ele ergueu sua cabeça para me olhar também. Havia um sorriso sem graça em seus lábios.
- Obrigada - eu disse ao pegar meus livros de suas mãos e me levantar no mesmo instante. - Você deveria prestar mais atenção. - alertei, sem encará-lo muito.
Mas tinha certeza que nunca havia visto o rosto dele por aqui, o que era estranho, eu conversava com a maioria dos alunos dessa escola.
- Eu realmente sinto muito. - ele pediu mais uma vez. - Eu estava esperando minha mãe terminar sua conversa com o diretor, acabei me distraindo.
Talvez ele esteja se matriculando, ele não tem cara de quem se mete em problemas para a mãe vir conversar com o diretor.
Volto o olhar para o mesmo, reparando em seus olhos castanhos. Era um olhar bem marcantes...
- Sei. Bem, preciso ir.
- Você estuda aqui? - ele pergunta, ignorando totalmente o que eu tinha dito.
- Não, eu só venho aqui porque gosto de trombar com garotos iguais à você e amassar meus livros no chão - ironizei e ele riu.
- É, eu mereci - coçou a nuca, ainda rindo. - Eu sou Daniel.
E eu quase ri também.
- Divirta-se esperando sua mãe, Daniel - sorrio fraco e dou-lhe as costas para ir embora.
- Espera, qual o seu nome?
- Não vamos nos ver o bastante para que você precise saber - dou uma risada fraca, mas o suficiente para ele ouvir.
Continuei andando até meu armário, deixando Daniel parado lá.
Olho disfarçadamente por cima dos ombros, vendo se ele viria atrás e ele veio. Mas parou quando uma mão bateu contra o armário ao lado do meu. Pulei de susto, tirando a atenção do garoto.
- Onde está Ali? - seu tom de voz era baixo.
- É sempre muito bom te ver Johnny. - murmuro e guardo todos os livros no meu armário.
- Emery, não estou pra brincadeiras hoje, responda à pergunta.
Ele deu uma respirada entre meu nome e o resto da frase, como se estivesse controlando-se.
- Já pensou em olhar no campo? Sua ex namorada geralmente treina lá com as líderes de torcida e a propósito, eu também - bato a porta do armário e olho para Johnny, que tinha um olhar irado em seus olhos. - então, com licença, estou atrasada.
Johnny não gostava muito de ser lembrado que seu relacionamento com Ali havia acabado. Uma pena, porque depois que isso aconteceu, ele não me deixava mais em paz. Está sempre atrás de mim perguntando por ela, quando está relativamente sumida. E eu não quero está no meio disso tudo.
Passo por ele, caminhando até o campo. Antes de sair totalmente do corredor, olhei pra trás descaradamente, a procura do tal Daniel. Mas ele não estava lá.
Corro até o campo, Ali já havia começado o aquecimento sem mim, mas nada que atrapalhe. Cumprimento as meninas ao meu lado.
- Desculpa o atraso - eu disse, me juntando à ela.
- O que aconteceu?
- Longa história - ri fraco e ela também, negando com a cabeça.
O treino foi longo e teríamos uma apresentação no próximo jogo em duas semanas. Após o término das aulas, conversei sobre assuntos totalmente banais com Ali, enquanto caminhávamos para a saída.
Não contei sobre o garoto.
Ficamos alguns minutos ainda conversando, até Johnny e sua gangue aparecerem e ele levar Ali em sua moto para "conversarem".
Continuei caminhando para Reseda totalmente sozinha. Por um lado era bom, assim ninguém iria desconfiar que não estou indo para a casa do meu pai. Eu costumava ser uma garota do lado nobre de Los Angeles, até minha mãe pegar meu pai com uma mulher jovem. E aqui estamos. Ainda não contei para nenhum amigo próximo e muito provavelmente demoraria para contar. Era vergonhoso. Não morar em Reseda e sim, ter um pai nojento e agora, uma mãe alcoolista. Talvez eu precise de um tempo para assimilar as coisas.
Chego no condomínio, ficando em alerta no mesmo instante ao ouvir uma pequena discussão. Com medo de um dos envolvidos ser minha mãe, afinal, depois do ocorrido ela estava quase sempre bêbada e brigando com as paredes.
Mas não era. Suspirei aliviada ao escutar vozes masculinas. Passo pelo portão escancarado, dando de cara com o garoto que falava de mais e eu ouvia de menos, Freddy era seu nome. E ao seu lado estava um garoto segurando uma bicicleta e pedindo desculpa por algo. Observo por alguns segundos.
Meu Deus, era ele!
- Daniel - chamo, fazendo com que os dois me olhassem. - pedindo desculpas de novo... é um hábito? - nego com a cabeça, segurando um pequeno sorriso.
- Eu acho que sim, ainda mais quando se acerta um portão na cara de alguém - ri fraco, olhando para Freddy, que assentiu e o acompanhou na risada.
Ele deve ter se mudado para o apartamento 20... Eu ouvi alguma coisa assim por aqui alguns dias atrás.
Assenti, passando por eles e indo em direção a escada.
- Ainda não vai me dizer o seu nome?
Paro no meio da escada e viro para encará-lo.
- Acho que já nos vimos o bastante para eu saber - ele sorri, usando meu argumento contra mim.
-Sim, duas vezes ao dia é muita coisa - retribuo o sorriso e continuo subindo e indo em direção ao meu apartamento, o 22. - Quem sabe amanhã? - pergunto retórica antes de abrir a porta e entrar.
- Ela é sinistra... - pude ouvir Freddy comentar com Daniel antes de eu bater a porta atrás de mim. Reviro os olhos.
Silêncio. Jogo minha mochila no sofá e ando em direção ao quarto da minha mãe, a porta estava entreaberta. Olho por entre a fresta, ela estava deitada na cama, dormindo e havia um cinzeiro sujo com um cigarro apagado, mas ainda soltando fumaça. E uma única garrafa de vodka no chão, próxima à mão estirada de minha mãe.
Solto um suspiro, terminando de fechar a porta para que ela dormisse sem ser incomodada. Não que eu seja do tipo barulhenta, mas ainda preciso comer e arrumar essa casa.
Comecei recolhendo os copos e latas de cerveja que estavam espalhados por toda a casa. E começo a preparar o macarrão logo em seguida. Era a única coisa que eu sabia fazer até então.
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Não revisado!!
Achei bem clichê mas é o que temos pra hoje 💃
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Chuva da Meia-noite; Daniel LaRusso
Fanfiction❝ 𝙀𝙡𝙚 𝙚𝙧𝙖 𝙤 𝙨𝙤𝙡, 𝙚𝙪 𝙚𝙧𝙖 𝙖 𝙘𝙝𝙪𝙫𝙖 𝙙𝙖 𝙢𝙚𝙞𝙖-𝙣𝙤𝙞𝙩𝙚 ❞ Talvez Daniel LaRusso e Emery Greengrass compartilham os mesmos problemas. Talvez ela seja popular e tenha cabelos encaracolados lindos e fuja da realidade dele. Talvez...