capítulo 7 - descobertas

95 11 0
                                    

Emery Greengrass

Eu já estava acordada a quase duas horas. E metade desse tempo foi dedicado para o meu cabelo, eu gosto de arrumar ele, mesmo que demore horas.

Já vestida para a escola, entro na cozinha sorrindo radiante. Eu ainda estava com a noite passada na cabeça. A cena se repetia várias e várias vezes na minha mente como um disco arranhado.

— Parece que alguém está feliz hoje — comentou minha avó, enquanto mexia os ovos na panela.

Eu sorri e me aproximei dela, abracando-a por trás.

— Bom dia, vovó!

— Quando foi que você chegou, criança? — minha mãe pergunta. — Eu não te vi chegando.

Levo meu olhar para ela. Mamãe estava péssima, seus olhos carregados de olheiras, seus cabelos desgrenhados e um cigarro entre os dedos. Claro que não viu, estava desmaiada em sua cama.

— Não muito tarde — pego um prato e espero minha avó despejar os ovos mexidos nele.

E então fui para a mesa, me sentando de frente para a minha mãe.

— O seu pai ligou — assoprou a fumaça no meu rosto, eu tossi, fazendo questão de lembrá-la que odiava esse cheiro.

— Pra quê? — minha avó e eu perguntamos em uníssono.

A diferença era que minha voz estava carregada de decepção e a de minha avó com desconfiança.

— Ele quer que você vá para lá amanhã, disse umas merdas sobre estar disponível para você agora — revirou os olhos, soltando a fumaça mais uma vez, porém para o outro lado.

— Eu não quero ir — dou de ombros, levando o garfo até a boca.

— Ótimo, assim eu te livro de três anos de terapia — piscou para mim e se levantou. — Boa aula, querida.

Mamãe beijou o topo da minha cabeça e foi para o seu quarto.

Fiquei alguns segundos pensativa. Meu pai quer me ver. Um broto de esperança surge em mim, mas é cortado pela raiz quando lembro das cicatrizes nas minhas costas. E toda a alegria que estava sentindo minutos atrás desapareceu.

— Será melhor assim, filha. — as mãos da minha avó pairavam sobre os meus ombros de uma forma confortante.

[.☆.]

Daniel e eu estávamos a caminho da escola. Enquanto conversávamos, Daniel finalmente me disse o motivo de estar um pouco sumido nos últimos dias. Estava com o senhor que conserta as coisas, o Sr. Miyagi.

— E então, ele te ensinou a cortar bonsais?

— Sim — assentiu. — Estou praticando em casa também.

— Interessante...

Estava me esforçando ao máximo para não parecer uma idiota egoísta, mas não estava prestando muita atenção no que ele dizia. Eu estava pensando em meu pai e no que minha mãe disse também. Por que essas coisas são tão complicadas?

— Emery? — Daniel tocou meu ombro.

— Sim? — olhei para ele.

— Está tudo bem?

Ele percebeu. Merda.

— Está sim — sorri fraco.

Daniel passou seu braço ao redor dos meus ombros, nos aproximando e de repente, todos os pensamentos sobre meus pais sumiram.

Chuva da Meia-noite; Daniel LaRussoOnde histórias criam vida. Descubra agora