capítulo 13 - segredos e equilíbrio

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Emery Greengrass

Eu estava sentada em frente à piscina - que por um milagre, estava limpa - enquanto lia um guia de tatot tradicional que havia ganhado de presente da minha avó no meu aniversário de 11 anos. Era a quarta vez que eu o lia. Minha mãe dizia que "tenho bastante tempo pra besteiras sem pé e nem cabeça", mas eu poderia reler esse livro quantas vezes fossem necessárias e nunca me cansaria.

"Looks that kill" de Mötley Crüe tocava no meu walkman. Eu gosto de ouvir minhas músicas favoritas quando algo da errado. E nesse momento, eu estou mantendo minha mente cheia após ser completamente ignorada por meu pai, mais uma vez... Tranquei a mandíbula tentando afastar as lembranças daquela ligação tenebrosa que tive com a mais nova namorada dele.

— Pai? — eu perguntei ao ser atendida.

— Ah, Emmy! Como vai? — a voz alegre da minha antiga terapeuta me fez gelar por alguns segundos.

Como ela tem coragem?

— Rosalynn... — murmurei em resposta. — Onde está meu pai?

Eu perguntei sem dar indícios de que queria conversar, porque eu não queria.

— Ele está no banho, querida.

— Entendi. — minha voz saiu falha e eu apertei o telefone com tamanha força, sentindo minha mão arder.

— Quer que eu deixe algum recado? — ela perguntou depois de algum tempo. — Precisa de alguma coisa?

Ele nem sequer havia avisado que eu iria para . Estou cansada disso! Eu queria poder soltar toda a raiva que sentia em relação à isso. Rosalynn me ouviu falando sobre meu pai por horas e de repente: se apaixonou por ele. Que piada.

Não. Boa tarde.

Bati o telefone no gancho com força, sem esperar que Rosalynn respondesse. Pro inferno os dois!

Era por volta das 17:50 da tarde e minha mãe já estava bêbada, muito provavelmente dormindo no chão da sala - ela não soube sobre a ligação justamente por isso. O importante é que estou em completa paz. E pela primeira vez, não me senti triste em relação ao meu pai, senti raiva. Mas que de qualquer forma, seria descontada na música e leitura.

Percebi Freddy descer as escadas e passar por mim quase que correndo. Fazia semanas que eu não o via mais, até pensei ser uma alucinação por um instante, mas LaRusso desceu logo atrás. Ele parou na minha frente, sorrindo e acenou para mim, dizendo algo que eu não escutei por conta da música. Tirei meu walkman e ergui a cabeça para encará-lo.

— Boa tarde — ele sorriu mais uma vez.

— Boa tarde — murmurei.

— Você não apareceu no treino hoje, o Sr. Miyagi disse que: "tem compromisso importante" — forçou uma voz grave, tentando imitar o senhor.

Dei um pequeno sorriso e fechei o livro, marcando-o com o meu dedo.

— Fomos levar minha avó na rodoviária — expliquei, não era uma mentira, mas também não era o real motivo e era humilhante admitir que meu pai me deixou esperando por horas.

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⏰ Última atualização: Nov 01 ⏰

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Chuva da Meia-noite; Daniel LaRussoOnde histórias criam vida. Descubra agora