capítulo 5 - sem vergonha.

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Emery Greengrass

Dois dias. Há dois dias eu estou correndo de Daniel e consequentemente, de Ali também. Eu estou tão envergonhada que ainda não consigo encarar nenhum dos dois. "Oi Ali! Então, eu quase beijei o seu quase namorado", nossa, eu sou uma péssima amiga.

Estou na arquibancada com um livro de química em mãos. Eu aproveitei a aula de educação física para revisar alguns temas que para mim, são impossíveis de entender. Já revisei metade, agora só falta o livro todo.

Então, eu o vi. Daniel corria atrás da bola, junto dos outros garotos e de repente ele pareceu muito mais interessante do que antes. Acho que estou me sentindo atraída por Daniel LaRusso mas, eu com certeza não iria brigar com Ali pela atenção dele.

É normal sentir uma leve atração por amigos, certo? E também é coerente que possa ser passageira, certo?

Eu fiquei tão perdida nos meus pensamentos que nem percebi Ali subindo em minha direção.

— Emmy! — se sentou ao meu lado e eu olhei para ela, fingindo normalidade.

É óbvio que eu não estava pensando na possibilidade de estar sentindo algo pelo namorado dela. Claro que não.

— Ali, oi! — ela já sorria e eu sorri também.

— A professora mandou te chamar, ela quer que todos participemos da aula.

Merda!

— Ta bom.

Começo a guardar minhas coisas na bolsa. Eu já estava com o uniforme de ginástica, então, não precisei ir ao vestiário trocar. Me levanto para sair e Ali faz o mesmo, segurando meu braço de leve para que eu a olhasse.

— Precisamos conversar.

Precisamos? Será que ela sabe de algo? Daniel contaria aquilo para ela? Mas de qualquer forma, não aconteceu nada. Não há nada para de desesperar.

Balanço a cabeça, concordando e ela sorri.

— Adivinha com quem eu saí ontem? — pergunta animada.

— LaRusso?

Ela fez uma careta e eu estranhei na mesma hora. Que?

— Daniel? Não. — ela sorriu de novo. — Johnny me chamou para um encontro e eu aceitei.

Me sinto menos péssima agora. Mas triste por Daniel. Desço meu olhar, encontrando uma Delilah com os braços cruzados e um olhar carregado de desprezo. Ela negou com a cabeça.

O que está acontecendo?

— Mas e o LaRusso? — arqueei uma sobrancelha, voltando o olhar para Ali.

Ela suspirou e molhou os lábios, olhando para as próprias mãos.

— Eu terminei tudo na terça-feira. Iria falar com ele na segunda, mas ele não veio. — deu de ombros.

Meu Deus, eu não acredito que ela voltou com ele.

Eu acredito que o Johnny possa evoluir como pessoa e ser alguém melhor no futuro. Talvez ele apenas precise da pessoa certa para direcioná-lo, mas Ali, com certeza, não é essa pessoa.

— Eu sinto falta de Johnny e, Daniel não poderia me dar o que Johnny sempre me deu.

— Humilhação e dias seguidos de choro nos ombros das suas amigas? — pergunto com ironia e ela empurra meu ombro de leve.

— Não vou mais precisar chorar nos seus ombros, bobinha! Dinheiro — ela disse na maior naturalidade e eu semicerrei os olhos. — Daniel não pode me dar certas coisas porquê não têm dinheiro.

Chuva da Meia-noite; Daniel LaRussoOnde histórias criam vida. Descubra agora