Chuva da Meia-noite; Daniel LaRusso

capítulo 14 - Emery é uma vadia mentirosa

"Mostre e conte
Estou em exibição para todos vocês, filhos da puta, verem"
Show & Tell - Melanie Martinez

[.☆.]

Emery Greengrass

Três dias. Apenas três dias para o torneio.

Meu corpo estava dolorido pelas horas em excesso de treinos todos os dias. Os nós dos meus dedos estavam vermelhos e com alguns cortes pequenos.

Tudo estava sossegado. Ali não disse uma única palavra sobre o que conversamos à algumas semanas, mas estava sempre me observando de longe, principalmente quando Daniel estava comigo. Isso me deixava em alerta, a qualquer momento minha paz poderia ir pelos ares.

— Vadia — Delilah murmurou.

Estávamos saindo da aula de química e eu havia contado o que Ali falou comigo aquele dia. Delilah e eu estávamos tão próximas que finalmente me senti confortável para contar isso.

Daniel acenou para mim no final do corredor antes de seguir pra fora dali. O grupo de Johnny passou por nós em um completo silêncio, mas não pude deixar de notar a troca de olhares entre Johnny e Delilah. Isso é estranho.

Tommy ficou a aula inteira quieto, enquanto Johnny não calou a boca por um segundo tentando fazer com que Delilah respondesse suas perguntas com algo além de "cala a boca". Dutch não arrumou nenhum tipo de confusão, como sempre fazia e, Jimmy se manteve quieto em seu canto. Eles não jogaram nenhum tipo de piadinhas ou provocações sobre o torneio.

Tudo está sossegado... E isso me assusta, me assusta muito. Tudo é imprevisível.

— Pois é — eu concordei, enquanto caminhávamos em direção aos armários.

— Você devia dar um desses chutes malucos nela, fala sério, que garota insuportável! E tudo isso por L² — ela revirou os olhos.

— "L²"? — fiz uma careta confusa.

— Sim, Lawrence e LaRusso — explicou como se fosse o óbvio.

Eu apenas concordei e soltei uma gargalhada quando entendi. E mais uma vez me senti uma lesada por demorar tanto tempo para processar essa "piada".

— Você não pode deixar que ela espalhe o quão merda sua vida está — cruzou os braços e encostou suas costas no armário ao lado do meu. — Remédio pra doido é um doido e meio, Emery.

— Caramba, obrigada pelas palavras de motivação — eu respondi com ironia, me segurando pra não revirar os olhos.

— Mas é verdade, sua vida tá uma merda, você precisa fazer algo sobre isso.

— Tipo o quê?

— Sei lá, arrasta a cara dela no asfalto, coloca fogo acidentalmente na casa do seu pai, interna sua mãe em uma clínica de reabilitação, manda o Daniel ir a merda. Qualquer coisa — deu de ombros.

— Bem que eu queria. — murmurei, abafando uma risada.

Todas as opções pareciam ótimas.

Abri a porta do meu armário e percebi um bilhete ali. Que merda é essa? Como alguém conseguiu colar isso aqui?

— Alguém descobriu a combinação do meu armário — murmurei e Delilah franziu o cenho.

— Por quê? — inclinou o pescoço, um olhar curioso tomava conta de seus olhos. — Estava aberto?

Balanço a cabeça positivamente e arranco o bilhete. Minha mente logo foi tomada por Ali, ela sabia a minha combinação e me ameaçou algum tempo atrás. Um leve pânico começou a se instalar em mim. Ela não seria tão baixa assim, seria?