Creio que não seja algo difícil de se imaginar que montamos acampamento logo em seguida e aos pés das duas árvores.
Os cavalos logo se viram livres dos equipamentos de montaria, prontos para um descanso, onde Artifae guiou nossa pequena comitiva floresta a dentro para um rio que ele dizia que corria pelo lugar.
À medida que caminhávamos, gradativamente, o chão ganhava declive e o ambiente mais claridade. Diferente da fronteira com o deserto, no centro, as árvores eram mais espalhadas. A vegetação era tão alta que fico com torcicolo apenas com a recordação. A baixa densidade combinada a altura elevada permitiam que a luz do sol passeasse pelo lugar com tranquilidade enquanto deixava uma aura de que fadas habitavam por lá, mesmo com meu mentor afirmando diversas vezes a inexistência delas naquele mundo.
O fim da caminhada nos levou à base de um vale onde um rio largo corria. Não me olhe com essa cara! Já se passaram mais de mil anos e mesmo com essa aparência jovem que temos não nos enganamos. Temos a memória de um elefante, então, quando digo que um rio largo corria no meio de uma floresta no meio do deserto, pode acreditar, eu não estou delirando.
Sem perder tempo, os cavalos e Smarágdi entraram na água para se refrescar. Enquanto eles descansavam, Artifae e eu nos aproximamos da margem, lavamos nossos rostos, bebemos um pouco daquele refrescante cristal líquido e nos afastamos sentando na margem.
- É a primeira vez que te vejo assim tão quieta. – Ele rompeu nosso silêncio.
Eu estava terrivelmente perdida no meu tsunami de pensamentos que não havia percebido minha própria quietude.
- Eu não sei o que falar. – Minha voz finalmente rasga minha garganta após um breve suspiro.
- Na verdade, não sabe o que perguntar, não é?
- Na verdade, não sei se devo. – Eu não conseguia olhar para o rosto dele. Parecia ser tão desrespeitoso olhar para ele em uma situação em que estivesse vulnerável.
- Considerando o que já vivemos até agora e vamos viver, é hora de você saber, Cristina. Pergunte.
- ESPERA! – Virei para Artifae atônita – Você me chamou pelo nome... os humanoi...
Enquanto eu olhava ao redor desesperada, meu mentor começou a gargalhar sonoramente de modo que pude ouvir o bater de asas de pássaros à distância.
- Perdoe-me, não te expliquei muito a respeito desse assunto. – Ele conseguiu recompor o fôlego – Há apenas dois lugares que conseguimos pronunciar nossos nomes e demonstrar algum vínculo sem sermos rastreados.
Semicerrei os olhos tentando encontrar a resposta com facilidade, no entanto, a exaustão impediu que demorasse menos de alguns milésimos.
- Aqui e o circo? – Arqueei uma sobrancelha.
- Bingo!
- Por que lá? – Eu carregava uma profunda indignação – Aqui eu até entendo os mistérios do lugar, o luto e tudo mais, mas lá?
- Depois de enterrar minha esposa e filha, parti sem rumo. Almeja apenas esquecer e ser esquecido. Perambulei pelas cidades e me tornei um andarilho que fazia alguns serviços aqui e ali como ferreiro para conseguir algum alimento até o dia que Mualin me encontrou... ele me reconheceu como o guarda.
- E o que houve?
- Mualin estava sendo ameaçado de morte por algumas pessoas a quem ele recorreu alguns empréstimos quando o circo estava com algumas dificuldades. Assim, ele solicitou por minha proteção. Obviamente recusei de imediato! Além do perigo ao criar algum vínculo, eu desejava ficar longe de qualquer assunto ou atividade que me trouxesse à memória a vida no palácio.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Contos de Uma Peregrina - Deserto
Разное- Ora, mas o q... - ele logo foi interrompido pela pressão aplicada pelo Marechal. - Não ouse. - Eu poderia jurar que a qualquer momento ouviria os dentes dele trincarem. - Uhm? Isso torna as coisas mais fáceis, não!? - O sorriso do homem se tornou...