Criador do Inferno

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Carlos nunca se esquivou de uma missão, e se Mal quisesse um uivo, não havia alternativa a não ser fornecer um. Não havia nada que ele pudesse fazer sobre isso, sendo uma tendência maligna ou não. Ele sabia seu lugar no tabuleiro.

Primeiramente, acima de tudo: uma festa não poderia ser uma festa sem convidados. O que significava pessoas. Muitas pessoas. Corpos. Dançando. Conversando. Bebendo. Comendo. Jogando jogos. Ele teve que divulgar a notícia.

Felizmente, não demorou muito para todos com quem ele se cruzou na escola, e os lacaios de todos com quem se cruzaram, para espalhar a notícia. Porque Carlos não fez um convite, mas sim uma ameaça.

Literalmente.

Ele não mediu palavras, e as ameaças só se tornaram mais exageradas à medida que o dia na escola passava. Os rumores se espalharam como o vento rajado e salgado que explodiu das águas infestadas de jacarés ao redor da ilha.

— Esteja lá, ou Mal vai ir atrás de você.- disse ele ao seu pequeno parceiro de laboratório, Le Fou Deux, enquanto ambos dissecavam um sapo que nunca se transformaria em um príncipe na aula de Biologia Não Natural.

— Esteja lá, ou Mal vai ir atrás de você e bani-lo das ruas da cidade. - ele sussurrou para os Gastons enquanto eles se revezavam enchendo um ao outro em redes de bolas de destruição em PE.

— Esteja lá, ou Mal irá atrás de você, o banirá e fará com que todos o esqueçam, e a partir de hoje você será conhecido apenas pelo nome de lamacento! - Ele disse quase histericamente a um grupo de estudantes dos primeiros anos assustados reunidos para uma reunião do clube antisocial, que estava planejando o baile da falta anual da escola. Eles ficaram pálidos com suas palavras e prometeram desesperadamente sua presença, mesmo quando tremeram com o pensamento.

No final do dia, Carlos havia garantido dezenas de confirmações de presenças. Agora, isso não foi muito difícil, ele pensou, guardando seus livros em seu armário e liberando o garoto do primeiro ano que estava preso lá dentro.

— Ei, cara. - Carlos acenou com a cabeça.

— Obrigado, eu realmente tenho que fazer xixi. - gritou o aluno infeliz.

— Claro. - disse Carlos, franzindo o nariz. — Ah, e tem uma festa. Minha casa. Meia-noite.

— Eu fiquei sabendo, estarei lá! Não perderia! - Disse o aluno do primeiro ano, levantando o punho para o ar com emoção.

Carlos acenou com a cabeça, sentindo-se tranquilo e mais do que um pouco impressionado com o fato de que até mesmo alguém que estava preso dentro de um armário o dia todo tivesse ouvido a notícia sobre a festa. Ele tinha um talento natural! Talvez o planejamento da festa estivesse em seu sangue. A mãe dele certamente sabia como se divertir, não sabia? Cruella estava sempre dizendo a ele o quão chato ele era porque tudo o que ele gostava de fazer era mexer com eletrônicos o dia todo. Sua mãe declarou que ele estava perdendo seu tempo, que ele era inútil em tudo, exceto nas tarefas, e então talvez se ele desse uma boa festa, ele pudesse provar que ela estava errada. Não que ela estivesse por perto para testemunhar isso, no entanto. Ela provavelmente ficaria enfurecida ao descobrir seu salão do Inferno cheio de adolescentes. Ainda assim, ele desejou que um dia Cruella pudesse vê-lo como mais do que apenas um servo vivo que por acaso era parente dela.

Ele foi para casa, com a mente em um turbilhão. Com os convidados garantidos, tudo o que ele tinha que fazer era preparar a casa para o evento abençoado, e isso não poderia ser muito difícil, poderia?

Algumas horas depois, Carlos voltou atrás. — Por que eu já concordei em fazer essa festa? - Ele agonizou em voz alta. — Eu nunca quis dar uma festa. - Ele atravessou os dedos em seu cabelo encaracolado e salpicado, o que o deixava despenteado, muito parecido com o de Cruella.

A Ilha dos Perdidos - Melissa De La Cruz ( uma história de Descendentes)Onde histórias criam vida. Descubra agora