Somente humanos

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— Tiros de sangue de sapo! – declarou Mal, entrando na sala como se ela fosse apenas mais uma convidada. — Para todos!

E, sem mais nem menos, a festa recomeçou, tão rapidamente quanto havia parado. Foi como se a sala inteira tivesse exalado em um único suspiro aliviado. A Mal não estava brava. A Mal não está nos banindo das ruas. Mal não está nos rebatizando de Lixo.

Ainda não.

Mal podia ver o alívio em seus rostos, e ela não os culpava. Eles estavam certos. Do jeito que ela estava se sentindo ultimamente, certamente era algo para se comemorar.

Assim, a multidão aplaudiu, e doses de sangue de sapo espirraram pela sala aos montes, e Mal, em uma demonstração de generosidade esportiva, bebeu um copo viscoso junto com o resto.

Ela circulou pela festa, furtando a carteira de um dos Gaston, parando para dar uma risadinha maliciosa com Ginny Gothel sobre o vestido que Harriet Hook estava usando, esquivando-se de um pirata entusiasmado que se balançava no lustre, dando uma mordida no cachorro do diabo de outra pessoa e pegando uma pipoca seca na boca. Ela entrou no corredor e deu de cara com Jay, que estava sem fôlego depois de vencer a última competição de dança.

— Está se divertindo? - ele perguntou.

  Ela deu de ombros. — Para onde Carlos foi?

Jay riu e apontou para um par de sapatos pretos que saíam de trás de um lençol que cobria a maior das estantes de livros. — Escondendo-se de seu próprio grupo. Típico.

Mal sabia como Carlos se sentia, embora ela nunca admitisse isso. Na verdade, ela preferia estar em quase qualquer lugar da ilha do que nessa festa. Como sua mãe, ela odiava as imagens e os sons da folia. A diversão a deixava desconfortável. Risadas? Dava-lhe urticária. Mas uma vingança era uma vingança, e ela tinha mais coisas planejadas para essa noite do que apenas o Desafio profundo, sombrio, secreto ou que desafia a morte

— Vamos lá. - disse Jay. — Eles estão brincando de colocar a cauda no lacaio ali, e o Jace tem umas dez caudas. Vamos ver se conseguimos fazer uma dúzia.

— Talvez em um minuto. Onde está a Princesa dos cabelos azuis? perguntou Mal.  — Dei uma volta completa nesta festa e não a vi em lugar nenhum.

— Você quer dizer Evie? Ela ainda não está aqui. Ninguém parece saber se ela está vindo ou não. – Jay deu de ombros. — Crianças do castelo.

— Ela tem que vir. Ela é o ponto principal. Ela é a única razão pela qual estou fazendo essa festa estúpida. – Mal odiava quando seus esquemas malignos não saíam exatamente como planejado.

Esse era o primeiro passo da operação "Derrube Evie, ou então...", tinha que funcionar. Ela suspirou, olhando para a porta. Fingir que estava se divertindo em uma festa quando você odiava festas era a coisa mais cansativa do mundo.

Mal tinha que concordar com sua mãe nesse ponto.

— O que vocês dois estão fazendo? – perguntou Anthony Tremaine, neto de dezesseis anos de Lady Tremaine, um rapaz alto e elegante, com cabelos escuros e uma testa altiva. Suas roupas eram tão gastas e esfarrapadas quanto as de todos os outros na Ilha, mas, de alguma forma, ele sempre parecia estar usando roupas de alfaiataria personalizadas. Seu casaco de couro escuro tinha um corte perfeito, seus jeans tinham a lavagem escura certa. Talvez fosse porque Anthony tinha sangue nobre e provavelmente teria vivido em Auradon, exceto pelo fato de sua avó ter sido, você sabe, malvada e banida. Em um determinado momento, ele tentou fazer com que todos na Ilha o chamassem de Lorde Tremaine, mas as crianças vilãs riram da cara dele.

— Apenas conversando – disse Mal.

— Conspiração maligna – disse Jay.

Eles se entreolharam.

A Ilha dos Perdidos - Melissa De La Cruz ( uma história de Descendentes)Onde histórias criam vida. Descubra agora