Capítulo 42

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Mais um ano, mais uma vez nesse internato, a insatisfação estava estampada tanto em minha energia como na de Henry. Nós dois estávamos mais lindos para os padrões e isso já estava causando muita turbulência, principalmente com os professores que não me deixava em paz um momento se quer, essa perturbação toda não estava mais somente comigo e sim em nós dois.

Henry nos primeiros meses achou graça, sempre aproveitando para rir da nossa situação, mas quando ele percebeu que o comportamento de alguns professores foi ficando mais obsessivo comigo, um alerta gritou dentro dele o fazendo não sair mais do meu lado e não me deixando andar mais sozinha.

— Henry — o seguro pelos ombros — Estou bem, se tem algo acontecendo precisa me contar.

— Sei que está bem e quero que continue assim — ele olhou por cima do meu ombro e puxou para um abraço — Não saia do meu abraço, por favor — falou baixo no meu ouvido e o segurei mais forte.

— Está tudo bem com vocês? — um professor temporário que desde o começo do ano estava me perseguindo e fazendo de tudo para ficar em um ambiente sozinho comigo, mesmo levando vários "nãos".

— Nada que seja da sua conta — Henry o respondeu de forma tão grosseira que fiquei impressionada.

— Tenha respeito, pirralho — o professor respondeu baixo, mas a raiva estava bem nítida em sua voz.

— Se quer tanto respeito deveria começar se dando ao respeito — Henry me colocou atrás dele e deu alguns passos em direção ao professor — Posso fazer você se arrepender de estar vivo.

— Está me ameaçando? — o professor manteve a postura, mas sua voz já começou a vacilar.

— Quem ameaça não cumpre — Henry deu outro passo em direção ao professor e sorriu ao ver ele recuar — Estou avisando.

Saímos dali em silêncio deixando o professor para trás, mas eu estava fazendo um esforço tremendo para não começar a gargalhar pela feição de medo do professor, meu Henry estava tão crescido e a cada dia eu me orgulhava mais dele.

Sempre defendendo os mais fracos, mas sem comprar briga. Mas quando o assunto era a minha pessoa, isso mudava radicalmente seu comportamento. O puxo para o jardim onde sempre ficávamos e não éramos interrompidos.

— Pode me explicar? — pergunto assim que me deito na grama olhando o céu.

— Aquele imbecil estava planejando em te agarrar em alguma sala vazia, pois ele vai embora essa semana.

— Como sabe disso?

— Não faço ideia, mas senti e escutei seus pensamentos e assim os seus planos — Henry não me olhava, mas seu maxilar estava trincado.

— Henry... desde quando?

— Achei que era coisa da minha cabeça, então não lembro quando começou, pois achei que era apenas desconfianças — ele fecha os olhos e respira fundo para continuar, seguro a sua mão em forma de conforto e carinho — Hoje entendo serem apenas alerta de pessoas que não estão bem intencionadas a seu respeito.

— Você tem noção o que é isso? — ele nega com a cabeça me olhando curioso — É o seu juramento fazendo efeito, mesmo que eu possa me defender você faz questão que eu não precise.

— Me colocando a frente para não acontecer... — ele completa e confirmo com a cabeça — Agora entendi por que ouvi seus pensamentos, era para identificar os planos, isso vai acontecer apenas para sua proteção?

— Na verdade, não sei, pois isso nunca me aconteceu antes.

Apesar de tantas dúvidas em nossas mentes, ambos sabíamos que apenas o tempo poderia nos responder então optamos em permanecer em silencio por enquanto e não tocamos mais no assunto, mas sei que se tiver outro sintoma agora ele irá me contar, estamos os dois descobrindo a nossa ligação. Tenho, sim, várias pessoas que confio e que confio em sua lealdade a mim, mas como esse juramento Henry foi o primeiro.

O Contrato da Rosa NegraOnde histórias criam vida. Descubra agora