Fadada a conhecer caras sem vergonhas e garotas ilusionais, Rafaela estava para desistir de conhecer alguém legal quando um raio a acertou: Hugo. Um garçom simpático de uma das cafeterias mais famosas de Porto Alegre. Oferecendo um simples café em u...
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Hugo estava ali, bem na minha frente. Parecia até sonho, mas quando direcionou seus globos oculares em minha direção e sorriu, arqueando as sobrancelhas em surpresa, pude ver que era real mesmo.
Senti meu coração acelerar na mesma medida que minhas pernas bambeavam.
Ele adentrou o apartamento, confiante e confortável, quase como se fizesse isso sempre, tirando o casaco.
Claro que fazia isso sempre, era o apartamento de sua irmã!
Meu Deus, ele é o irmão da Julia. Mas ela... tem traços asiáticos e ele é negro! Oxe???
— Você não acha que está muito à vontade? — Questionou Julia, o observando enquanto ele retirava o casaco.
— Hmmm... Acho que não, posso melhorar. Segura aqui — jogou o casaco sobre o rosto dela, virando para nós. — Boa noite, gente — novamente olhou para mim, sorrindo. — Oi.
Não consegui o responder de imediato, sentindo minha respiração fora de tom. Se eu respondesse, provavelmente sairia em um fio de voz.
Eros e o namorado da Julia foram em sua direção, o cumprimentando com um bater de mãos.
Emily se aproximou sorridente, com uma taça de vinho em mãos.
— Oi, Hugo.
— Oi Emily. Está linda como sempre.
— Você me lisonjeia. Toma — ofereceu a taça pra ele, que foi bem recebida.
Imediatamente levou a bebida aos lábios, experimentando. Suas sobrancelhas se ergueram no que me pareceu em uma surpresa admirada.
— Bah, esse vinho é bom.
— Não é? Foi a Rafaela que comprou. Ah, vocês não se conhecem ainda, né? — Emily me observou sobre o ombro. — Vem aqui, deixa eu apresentar vocês.
Essa cobra sucuri! Ela planejou isso desde o início!
Quanto tempo ela sabia disso? Que Hugo era irmão de Julia? Por que não tinha me contado antes? Por que inventou de fazer esse jantar idiota?
Mesmo com tantas dúvidas e uma raiva preenchendo o peito, apenas forcei meu sorriso mais gentil e me aproximei. Estava pronta para fingir não conhecê-lo e me apresentar educadamente.
— Na verdade a conheço sim. Oi, Rafa, como está sua queimadura?
E o mundo não gira, meus amigos, ele capota!
Fui pega tão desprevenida por sua sinceridade e forma direta de dizer, que apenas fiquei boquiaberta em sua frente, soltando um "Ahnnn" sem saber o que responder.
Julia se intrometeu entre nós.
— Peraí, vocês se conhecem? — Ela revezou seu olhar entre mim e o irmão. — Desde quando?
