— AI MEU DEUS, EU NÃO ACREDITO NISSO! — Exclamou Rafaela assim que meu carro passou entre os portões de GramadoZoo, o zoológico de Gramado.
Suas mãos estavam abertas sobre o vidro da janela, os olhos brilhando como os de uma criança em pleno Natal. Quando virou-se para mim com um sorriso que chegava às orelhas, não pude evitar de soltar uma risadinha.
Sentia sob o peito meu coração batendo freneticamente.
Não tinha certeza se Rafaela gostaria de ir a um zoológico, já que as opiniões hoje sobre esse tipo de estabelecimento são realmente bem divididas. Mas como eu sabia que o zoológico de Gramado era prestigiado pelo seu ótimo tratamento com os animais, decidi arriscar.
Foi clichê levar uma veterinária ao zoológico? Quem sabe.
Após comprar os ingressos e achar um lugar no estacionamento, mal desliguei o motor e Rafaela já puxou a maçaneta, pulando do carro.
— Opa! Calma aí! — Exclamei, tirando o cinto e saindo do carro.
Minha intenção era abrir a porta pra ela, mas ela foi mais rápida. Fez a volta pelo carro, ficando cara a cara assim que coloquei os pés na terra. Seus olhos castanhos e brilhosos me encarando profundamente.
— Você trouxe uma veterinária para um zoológico? — Questionou ela.
Sua expressão séria me causou um frio na espinha.
Merda, então ela não gostou?
— É.... Hm...
— Foi uma viagem de mais de duas horas para chegar até aqui — disse ela, apertando os lábios.
Respirei fundo.
— Ouvi falar que eles tem um projeto de reabilitação para animais que não conseguem mais viver em natureza — respondi, apontando para o caminho até a entrada.
Rafaela continuou me encarando em silêncio. Séria, indecifrável.
De repente, suas sobrancelhas cederam e ela mordeu o lábio inferior.
— Sim... Esse zoológico é conhecido nacionalmente pela ótima qualidade de vida dada aos animais, não é nada como aquele de Sapucaia e... Por que você escolheu me trazer aqui?
Agora consigo lê-la melhor. Seu cenho contraído numa dúvida dolorosa, quase como se não estivesse acreditando no que está acontecendo.
Será que é isso mesmo, Rafaela? Quantos caras a levaram num lugar legal? Quantos realmente te trataram como você merece?
Tal ideia causou um desconforto em meu estômago, no qual ignorei apenas respirando fundo. Entortei a cabeça, a observando gentilmente com um singelo sorriso.
— Porque queria impressionar a garota bonita que estou afim, — minha mão subiu até o seu rosto, onde meus dedos deslizaram até uma madeixa de seu cabelo — porque queria levá-la em um lugar bacana, que realmente seria do seu gosto, — com cuidado, coloquei aqueles fios desordenados atrás de sua orelha — porque ela merece e... Porque queria ver aquele sorriso perfeito que ela tem.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Doce Como Café Preto
RomanceFadada a conhecer caras sem vergonhas e garotas ilusionais, Rafaela estava para desistir de conhecer alguém legal quando um raio a acertou: Hugo. Um garçom simpático de uma das cafeterias mais famosas de Porto Alegre. Oferecendo um simples café em u...