Capítulo 8

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Quando Fernando deu partida e o motor fez um barulho estranho, não ligando o carro, o lancei um olhar assustado

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Quando Fernando deu partida e o motor fez um barulho estranho, não ligando o carro, o lancei um olhar assustado.

Ele parecia calmo. Tentou dar outra partida antes de bater no volante.

— Merda, acho que não vai.

— Tá de brincadeira, Fernando! Olha essa chuva! — Apontei para a janela à nossa frente. 

— Calma, vou pedir um Uber.

Quando ele foi pegar o celular, ergueu as sobrancelhas em surpresa. Se virou pra mim com um sorriso no rosto.

— Esqueci de colocar pra carregar.

Arregalei os olhos.

— Fernando!

— Já sei, tenho um guarda-chuva. Sua casa é aqui perto, né? Vamos — e pegou sua maleta e o guarda chuva no banco de trás, logo saindo do carro.

Só fiquei o observando fazer a volta pelo carro até chegar em minha porta.

— Você não vai me fazer correr por essa chuva, né?

— Não vai ser pela chuva, meu bem. O guarda-chuva tá aqui pra proteger, vem logo! — pegou meu braço, me puxando para fora.

Eu iria contestar, até ele abrir o guarda-chuva, colocando-o sobre nós dois enquanto, com o braço livre, me rodeava, me puxando para junto de seu corpo.

E ele começou a correr.

Não pude evitar de rir.

Fernando, 39 anos, veterinário cirurgião, correndo pelas ruas de Porto Alegre com um guarda-chuva sob o céu que se desmoronava, isso tudo com uma ruiva em seus braços. Parecia até piada. 

— Calma, peraí — interrompi meus passos, segurando seu braço para que ele parasse junto.

— O que foi?

— Até aqui está bom. Quero passar na cafeteria — apontei para o Café Prosa à nossa frente.

Ele encarou o lugar com uma careta.

— Sério? Agora? Você vai todos os dias.

— Por isso mesmo, e hoje não será diferente — fiquei nas pontas dos pés para dar um beijo em sua bochecha. — Posso chegar mais tarde amanhã?

— De jeito nenhum.

Revirei os olhos, sorrindo.

— Tá bom, tchau!

— Rafaela!

Dei às costas para ele, o deixando do outro lado da rua enquanto erguia minha eco bag numa tentativa de me proteger da chuva. Abruptamente invadi o café, fazendo com que Hugo virasse o rosto para mim. Os olhos bem abertos.

Doce Como Café PretoOnde histórias criam vida. Descubra agora