CAPÍTULO 6

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Deitada em seu sofá, Valentina balançou a cabeça negativamente após ler a mensagem de Luiza.

— Hoje está com mais gracinha que de costume — comentou consigo mesma.

21:54 pm

V: Não tem mais graça, Luiza Campos.

22:02 pm

L: Do que você está falando? Valentina, estou começando a ficar preocupada. Você está bêbada, não está?

22:09pm

V: Você que deve estar bêbada. A menos que...

A arquiteta parou de escrever, fixou o olhar em um ponto qualquer da sala e se manteve reflexiva. Um louco pensamento passou por sua mente. Por via das dúvidas, resolveu arriscar aquela teoria. Afinal, nada mais a surpreenderia.

V: Luiza, me diz a data em que estamos, por favor. Dia, mês e ano.

Sem compreender muito bem em qual ponto a mais velha queria chegar, a morena apenas franziu o cenho enquanto refletia. Suas mãos já estavam ficando ressecadas pela quantidade de vezes em que as lavou naquela noite. Todavia, não arriscaria manchar ou engordurar as páginas de seu livro. Com o jantar quase pronto, as secou, pegou o lápis e redigiu uma reposta.

22:24pm

L: Ok. Hoje é 20 de março de 1999. Por quê?

— Não é possível... — murmurou Valentina, consigo mesma. — Como isso pode estar acontecendo? — Disse ao levantar-se do sofá com o livro em mãos. — Se ela realmente estiver falando a verdade, então minha teoria não é tão louca assim. Luiza e eu vivemos em... — A morena fez uma pausa em suas próprias palavras. Não conseguia dizer e admitir a si mesma que aquilo estava acontecendo.

Ela caminhou para o banheiro social e, ao se olhar no espelho acima da pia, começou a conversar com seu reflexo.

— Não, não, não. Isso não pode estar acontecendo, é impossível, é impossível. Que loucura é essa? — A arquiteta molhou o rosto com a água da torneira, voltou a mirar sua imagem no espelho, respirou fundo e retornou para o sofá. Sua inquietude era tamanha.

22:36pm

V: Então, Luiza, você está sentada? Se não, sugiro que o faça. O ano em que vivo é dois mil e dois. Hoje é exatamente 20 de março de 2002. Adoraria que isso fosse uma brincadeira da minha parte, mas não é. Você e eu vivemos em anos diferentes. Como isso é possível? Acho que vou enlouquecer!

Em sua casa, Luiza concluiu o jantar e se serviu. Ao sentar-se à mesa, quase engasgou com a primeira garfada que levou à boca, efeito da última mensagem recebida pela morena.

— Isso é algum tipo de piada? — Comentou a si mesma. A morena começou a sentir sintomas de nervosismo. Sua mente duelava entre acreditar naquelas palavras e achar que aquilo não passava de uma brincadeira da arquiteta.

— Ok Luiza, seja racional — repetia a si própria enquanto massageava as têmporas. Com a mão um pouco trêmula, redigiu uma resposta para a mais velha.

22:52pm

L: Valentina, que droga é essa? Se isso for brincadeira sua, por favor, me diz. Estou com meu coração acelerado! Mas se você está sendo sincera, me revela algum fato desse ano. Algo que ainda não aconteceu pra mim.

De sua casa, Valentina tentou lembrar-se de alguns acontecimentos marcantes sobre o ano de 1999. Com a ajuda do computador, fez algumas pesquisas na internet e recordou alguns fatos. Posteriormente, escreveu uma mensagem para Luiza lhe contando quem ganharia a copa do mundo de futebol feminino, assim como alguns outros eventos. Tendo em vista que tudo anunciado à mais nova ainda iria demorar alguns meses para acontecer, lembrou-se que o Oscar ocorreria no dia seguinte. Sendo assim, revelou a ela o vencedor de cada categoria, um a um.

Me apaixonei sem te verOnde histórias criam vida. Descubra agora