CAPÍTULO 8

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Valentina passou toda a madrugada revirando pilhas de álbuns de fotografias. Seu coração estava acelerado e o ar parecia querer faltar de seus pulmões. Luiza, em sua cama, não conseguia pregar os olhos. Sacudia com insistência as suas pernas em um nítido gesto de nervosismo e ansiedade. Odiava aquela sensação de impotência.

Às duas e meia da manhã a arquiteta simplesmente não aguentava mais buscar alguma informação em meio a tantas fotos. Sua cabeça doía, seus olhos ardiam e suas pálpebras pareciam carregar toneladas. Por não aguentar o cansaço e exaustão, decidiu se entregar ao sono e recomeçar a busca no dia seguinte.

Quando o dia amanheceu, despertou Léo com alguns beijos em sua face e o chamou para tomarem café da manhã juntos.

— Mamãe, tô com saudade do papai, podemos ver ele?

— Filho... — iniciou. Sua voz estava baixa e suave. — Seu pai trabalha muito e não é sempre que consegue tempo pra sair. Maaas, se você comer todo seu café da manhã, eu prometo que a gente telefona pra ele, hoje!

— Oba! — Exclamou contente. Em menos de dez minutos toda a tigela de cereal já havia sido devorada. E como prometido, a morena ligou para Miguel e avisou sobre a saudade da criança.

— Entrei em contato porque Léo perguntou por você novamente. Ele sente sua falta, Miguel, e está louco pra te ver. Será que poderia encontrar um espaço na agenda para o seu filho? — Disse Valentina ao telefone.

— Me deixa falar com ele, mamãe! Papai, papai, sou eu! — Gritava Léo ao fundo.

— Hoje não posso, mas no próximo final de semana eu passo na sua casa pra buscá-lo e o entrego ao final do dia. Pode ser?

— Espero realmente que você compareça — disse baixinho para que o filho não escutasse. — Não gosto de fazer promessas em vão ao Léo.

— Mamãe, me deixa falar com ele!

A morena transferiu o telefone para o filho, retornou para a cozinha e lavou a louça do café da manhã enquanto os dois conversavam.

— Papai disse que no próximo domingo vem me pegar! Oba! — Gritou a criança ao entrar na cozinha feito um furacão.

— Que bom, meu amor. Mamãe fica muito feliz por você. — Sorriu. — Mas domingo é o meu... — Valentina lembrou-se que no próximo domingo seria seu aniversário de trinta e um anos e que o passaria sozinha. — Nada importante — disse por fim. Não quis lembrar a data ao Léo para que ele não desistisse de sair com o pai. Afinal, há muito tempo eles não se viam e precisavam matar a saudade. Não que Miguel merecesse estar com ele, mas, para a criança seria um momento importante. Ela só esperava que o homem não o decepcionasse como sempre fazia.

*****

Em sua casa, Luiza cuidava do jardim com delicadeza e dedicação. Sua mente estava a mil e ela precisava canalizar toda aquela inquietação em alguma coisa. Sendo assim, as plantas foram seu alvo. Encontrava nelas a tranquilidade e o refúgio que sempre precisava. O pensamento na arquiteta se fazia presente a cada instante. Não entendia como Valentina havia conseguido se infiltrar tão profundamente, a ponto de fazê-la se pegar sorrindo com uma mera lembrança de suas conversas.

Passavam-se os minutos e as horas enquanto só conseguia pensar em como seria o encontro com a arquiteta. Ela imaginava incontáveis situações e dezenas de diálogos ao mesmo tempo em que tentava criar uma imagem da mulher em sua mente. Luiza muito ansiava por saber qual o tom daquela voz, assim como cada traço que compunha a morena do salto agulha.

— Juna, o que você faz novamente latindo para o espelho? Não é possível! — A morena aproximou-se do objeto, o tomou em suas mãos e o retirou do lugar. Ela começou a inspecionar não somente ele, mas também a parede atrás. — Não tem absolutamente nada aqui. Nada. Estou começando a achar que esse espelho é realmente muito feio, pois nem as meninas da loja gostaram dele — disse para a cadela.

Me apaixonei sem te verOnde histórias criam vida. Descubra agora