Valentina passou toda a madrugada revirando pilhas de álbuns de fotografias. Seu coração estava acelerado e o ar parecia querer faltar de seus pulmões. Luiza, em sua cama, não conseguia pregar os olhos. Sacudia com insistência as suas pernas em um nítido gesto de nervosismo e ansiedade. Odiava aquela sensação de impotência.
Às duas e meia da manhã a arquiteta simplesmente não aguentava mais buscar alguma informação em meio a tantas fotos. Sua cabeça doía, seus olhos ardiam e suas pálpebras pareciam carregar toneladas. Por não aguentar o cansaço e exaustão, decidiu se entregar ao sono e recomeçar a busca no dia seguinte.
Quando o dia amanheceu, despertou Léo com alguns beijos em sua face e o chamou para tomarem café da manhã juntos.
— Mamãe, tô com saudade do papai, podemos ver ele?
— Filho... — iniciou. Sua voz estava baixa e suave. — Seu pai trabalha muito e não é sempre que consegue tempo pra sair. Maaas, se você comer todo seu café da manhã, eu prometo que a gente telefona pra ele, hoje!
— Oba! — Exclamou contente. Em menos de dez minutos toda a tigela de cereal já havia sido devorada. E como prometido, a morena ligou para Miguel e avisou sobre a saudade da criança.
— Entrei em contato porque Léo perguntou por você novamente. Ele sente sua falta, Miguel, e está louco pra te ver. Será que poderia encontrar um espaço na agenda para o seu filho? — Disse Valentina ao telefone.
— Me deixa falar com ele, mamãe! Papai, papai, sou eu! — Gritava Léo ao fundo.
— Hoje não posso, mas no próximo final de semana eu passo na sua casa pra buscá-lo e o entrego ao final do dia. Pode ser?
— Espero realmente que você compareça — disse baixinho para que o filho não escutasse. — Não gosto de fazer promessas em vão ao Léo.
— Mamãe, me deixa falar com ele!
A morena transferiu o telefone para o filho, retornou para a cozinha e lavou a louça do café da manhã enquanto os dois conversavam.
— Papai disse que no próximo domingo vem me pegar! Oba! — Gritou a criança ao entrar na cozinha feito um furacão.
— Que bom, meu amor. Mamãe fica muito feliz por você. — Sorriu. — Mas domingo é o meu... — Valentina lembrou-se que no próximo domingo seria seu aniversário de trinta e um anos e que o passaria sozinha. — Nada importante — disse por fim. Não quis lembrar a data ao Léo para que ele não desistisse de sair com o pai. Afinal, há muito tempo eles não se viam e precisavam matar a saudade. Não que Miguel merecesse estar com ele, mas, para a criança seria um momento importante. Ela só esperava que o homem não o decepcionasse como sempre fazia.
*****
Em sua casa, Luiza cuidava do jardim com delicadeza e dedicação. Sua mente estava a mil e ela precisava canalizar toda aquela inquietação em alguma coisa. Sendo assim, as plantas foram seu alvo. Encontrava nelas a tranquilidade e o refúgio que sempre precisava. O pensamento na arquiteta se fazia presente a cada instante. Não entendia como Valentina havia conseguido se infiltrar tão profundamente, a ponto de fazê-la se pegar sorrindo com uma mera lembrança de suas conversas.
Passavam-se os minutos e as horas enquanto só conseguia pensar em como seria o encontro com a arquiteta. Ela imaginava incontáveis situações e dezenas de diálogos ao mesmo tempo em que tentava criar uma imagem da mulher em sua mente. Luiza muito ansiava por saber qual o tom daquela voz, assim como cada traço que compunha a morena do salto agulha.
— Juna, o que você faz novamente latindo para o espelho? Não é possível! — A morena aproximou-se do objeto, o tomou em suas mãos e o retirou do lugar. Ela começou a inspecionar não somente ele, mas também a parede atrás. — Não tem absolutamente nada aqui. Nada. Estou começando a achar que esse espelho é realmente muito feio, pois nem as meninas da loja gostaram dele — disse para a cadela.
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Me apaixonei sem te ver
FanfictionE se você encontrasse o amor da sua vida nas páginas de um livro? Luiza se apaixona pela arquiteta Valentina após iniciarem uma comunicação através de um livro que, inicialmente, pensam ser "mágico". Tudo se torna ainda mais enigmático quando descob...