Às vésperas do encontro com Luiza, a arquiteta era uma pilha de nervosismo. Na tentativa de ocupar sua mente para não entrar em colapso, resolveu cuidar do assoalho da casa com a cera que comprara no dia anterior. Estranhamente, os tacos localizados no chão que dava acesso ao jardim estavam mais arranhados e desgastados que os pertencentes ao restante do imóvel.
Valentina tentou ocupar todo o seu tempo livre para não pensar no que viria no dia seguinte. Ela possuía total consciência de que poderia acontecer tudo e nada ao mesmo tempo. Seu interior torcia para que aquela ideia funcionasse; não apenas para montar mais uma peça do quebra cabeça, mas também e, principalmente, para conhecer Luiza. Talvez Valentina ainda não houvesse se dado conta, mas já havia inserido a mais nova em sua rotina diária. Abrir o livro algumas vezes no decorrer do dia havia se tornado um hábito, assim como pensar em Luiza cada vez que depositava a mão em sua xícara de café todas as manhãs.
A noite de sexta-feira pareceu a mais longa de todas. A morena rolava de um lado a outro na cama enquanto travava uma batalha interna com seus pensamentos. A arquiteta era um misto de emoções; sentia-se nervosa, assustada, ansiosa e esperançosa. Levantou-se algumas vezes naquela madrugada; ora para beber um copo d'água, ora para vagar pela casa enquanto sentia a ansiedade lhe consumindo.
A madrugada de Luiza não estava sendo muito diferente, ela também sentia um grande nervosismo crescendo em seu interior. Sem conseguir adormecer, levantou-se e abriu a janela do quarto para mirar a lua. Talvez aquele satélite natural tão carregado de energias fosse capaz de lhe trazer alguma calmaria. A morena manteve seu olhar fixo no brilho do luar e desejou interiormente que tudo desse certo nesse encontro. Ela, assim como a arquiteta, precisava de respostas.
Quando o dia amanheceu, a morena levantou da cama resmungando e tropeçando em alguns brinquedos de Juna que estavam pelo caminho.
— Oh droga! — Exclamou.
Cecília se direcionou para o banheiro que havia no quarto.
— Não acredito que você está com essa cara péssima justo hoje, Luiza Campos! — Disse ao observar o próprio reflexo no espelho. A noite mal dormida a deixara com uma péssima aparência cansada.
Luiza tomou um banho e vestiu-se com jeans escuro e uma blusa azul marinho com manga 3/4. Aproveitara que o dia amanheceu fresco, a possibilitando de vestir-se mais arrumada. Com os primeiros botões da camisa abertos, o que proporcionou uma bonita visão de seu colo, prendeu ao pescoço uma gargantilha fina e dourada para complementar seu visual. Os cabelos estavam soltos, lisos, e no pulso esquerdo havia um relógio redondo de couro marrom. Com o livro dentro da mochila, respirou fundo e dirigiu para o trabalho.
*****
— Obrigada por vir, Milena. Tenho um compromisso inadiável e não posso levar Léo comigo.
Milena é a irmã caçula de Valentina. Uma mulher alto astral e quase sempre muito brincalhona. Léo sempre vibra de alegria quando está em sua companhia. Ela é o tipo de pessoa capaz de contagiar a todos com seu largo e brilhante sorriso.
— Posso saber do que se trata esse compromisso? Porque da maneira que está arrumada e perfumada... Nossa senhora! Vai a um encontro romântico? — Perguntou curiosa.
— De onde você tirou isso, Milena?
— Mamãe tem um encontro, mamãe tem um encontro — repetia Léo, incerto sobre as próprias palavras.
— Olha a besteira que está falando na frente do meu filho — comentou ao tampar os ouvidos do menino com as mãos. — Não vou a encontro algum — murmurou. — Estou indo resolver questões sobre uma amiga.
— Amiga? Hum, sei... — Milena esboçava uma nítida expressão de desconfiança. — Essa amiga tem nome?
— Se chama Luiza, por quê?
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Me apaixonei sem te ver
ФанфикE se você encontrasse o amor da sua vida nas páginas de um livro? Luiza se apaixona pela arquiteta Valentina após iniciarem uma comunicação através de um livro que, inicialmente, pensam ser "mágico". Tudo se torna ainda mais enigmático quando descob...