CAPÍTULO 7

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Às vésperas do encontro com Luiza, a arquiteta era uma pilha de nervosismo. Na tentativa de ocupar sua mente para não entrar em colapso, resolveu cuidar do assoalho da casa com a cera que comprara no dia anterior. Estranhamente, os tacos localizados no chão que dava acesso ao jardim estavam mais arranhados e desgastados que os pertencentes ao restante do imóvel.

Valentina tentou ocupar todo o seu tempo livre para não pensar no que viria no dia seguinte. Ela possuía total consciência de que poderia acontecer tudo e nada ao mesmo tempo. Seu interior torcia para que aquela ideia funcionasse; não apenas para montar mais uma peça do quebra cabeça, mas também e, principalmente, para conhecer Luiza. Talvez Valentina ainda não houvesse se dado conta, mas já havia inserido a mais nova em sua rotina diária. Abrir o livro algumas vezes no decorrer do dia havia se tornado um hábito, assim como pensar em Luiza cada vez que depositava a mão em sua xícara de café todas as manhãs.

A noite de sexta-feira pareceu a mais longa de todas. A morena rolava de um lado a outro na cama enquanto travava uma batalha interna com seus pensamentos. A arquiteta era um misto de emoções; sentia-se nervosa, assustada, ansiosa e esperançosa. Levantou-se algumas vezes naquela madrugada; ora para beber um copo d'água, ora para vagar pela casa enquanto sentia a ansiedade lhe consumindo.

A madrugada de Luiza não estava sendo muito diferente, ela também sentia um grande nervosismo crescendo em seu interior. Sem conseguir adormecer, levantou-se e abriu a janela do quarto para mirar a lua. Talvez aquele satélite natural tão carregado de energias fosse capaz de lhe trazer alguma calmaria. A morena manteve seu olhar fixo no brilho do luar e desejou interiormente que tudo desse certo nesse encontro. Ela, assim como a arquiteta, precisava de respostas.

Quando o dia amanheceu, a morena levantou da cama resmungando e tropeçando em alguns brinquedos de Juna que estavam pelo caminho.

— Oh droga! — Exclamou.

Cecília se direcionou para o banheiro que havia no quarto.

— Não acredito que você está com essa cara péssima justo hoje, Luiza Campos! — Disse ao observar o próprio reflexo no espelho. A noite mal dormida a deixara com uma péssima aparência cansada.

Luiza tomou um banho e vestiu-se com jeans escuro e uma blusa azul marinho com manga 3/4. Aproveitara que o dia amanheceu fresco, a possibilitando de vestir-se mais arrumada. Com os primeiros botões da camisa abertos, o que proporcionou uma bonita visão de seu colo, prendeu ao pescoço uma gargantilha fina e dourada para complementar seu visual. Os cabelos estavam soltos, lisos, e no pulso esquerdo havia um relógio redondo de couro marrom. Com o livro dentro da mochila, respirou fundo e dirigiu para o trabalho.

*****

— Obrigada por vir, Milena. Tenho um compromisso inadiável e não posso levar Léo comigo.

Milena é a irmã caçula de Valentina. Uma mulher alto astral e quase sempre muito brincalhona. Léo sempre vibra de alegria quando está em sua companhia. Ela é o tipo de pessoa capaz de contagiar a todos com seu largo e brilhante sorriso.

— Posso saber do que se trata esse compromisso? Porque da maneira que está arrumada e perfumada... Nossa senhora! Vai a um encontro romântico? — Perguntou curiosa.

— De onde você tirou isso, Milena?

— Mamãe tem um encontro, mamãe tem um encontro — repetia Léo, incerto sobre as próprias palavras.

— Olha a besteira que está falando na frente do meu filho — comentou ao tampar os ouvidos do menino com as mãos. — Não vou a encontro algum — murmurou. — Estou indo resolver questões sobre uma amiga.

— Amiga? Hum, sei... — Milena esboçava uma nítida expressão de desconfiança. — Essa amiga tem nome?

— Se chama Luiza, por quê?

Me apaixonei sem te verOnde histórias criam vida. Descubra agora