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SÃO PAULO| ct do Palmeiras

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SÃO PAULO| ct do Palmeiras

Acordei hoje de manhã com uma notícia de Leila, que ela queria conversar comigo. Pelo jeito, era algo bem sério. Cá estou eu entrando no ct com muito medo do que ela vai querer conversar, passa mil e uma teorias na minha cabeça, e confesso que só me deixa mais nervosa. Segui em direção a sala de Leila, a mesma já estava esperando por mim. Meu corpo treme ao tocar a maçaneta da porta de Leila, algo em mim dizia que seria algo ruim, mas eu queria acreditar que não. Meu relógio de pulso marcava sete e vinte, só precisaria está aqui as oito e meia, e foi quando eu tive a certeza que boa coisa não era. Empurro a porta e consigo ver Leila olhar para a porta, a expressão seria dela só me fazia pensar mais, por alguns segundos perco o controle do meu corpo. Avanço adentrando a sala e fechando a porta atrás de mim em sequência, respiro fundo e ela aponta para a cadeira em frente a mesa dela, me sento e ajeito minha blusa a observando, ela se mantinha quieta, o silêncio ensurdecedor dela fazia meu estômago embrulhar. Diga algo, por favor Leila! Eu estou quase morrendo aqui.
O silêncio se estendeu por longos minutos, diria que uns três ou quatro até ela decidir abrir a boca dela para falar algo.

— Alicia - chama minha atenção e eu a olho vendo sua expressão séria, mas o olhar, o olhar dizia está decepcionada, comigo? — sei que você é uma excelente fisioterapeuta, posso dizer pelos longos quatro meses de trabalho que você teve, e não tivemos nenhum baixa grave e quando tivemos foi resolvido em semanas.

Naquele momento parecia que existiam milhares de agulhas em minha garganta, a saliva não descia por nada e eu mal conseguia respirar. Puxo ar tentando me manter calma diante daquilo, porém não estava funcionando.

— mas - ela pausa respirando fundo — eu recebi graves acusações sobre você. Sua vida pessoal não tem nada a ver comigo ou com o Palmeiras, isso eu deixo claro. Mas, não agora

Nem toda a saliva do mundo me faria engolir aquilo ali normal, aquilo desceu pela minha garganta a seco e quase que matando a mim.

— Recebi fotos e relatos de pessoas falando sobre você e alguns jogadores. - fala firme e eu desestabilizo. — Joaquin Piquerez, Richard Rios e Raphael Veiga. Te soa familiar? - me pergunta provavelmente já sabendo a resposta

Que merda ! Eu não consigo falar nada, apenas a olho totalmente perdida, não consigo raciocinar como ela poderia ter descoberto, e como eu fui tão desleixada ao ponto de deixar vestígios do meu caso com eles? Merda Alicia! Que merda! Respiro fundo buscando palavras para formular uma frase, mas falhei miseravelmente. Ela parecia não está contente com o meu silêncio, ela esperava que eu dissesse que não, mas eu não conseguia falar algo, apenas abaixei a cabeça e sentia meu peito subir e descer.

— você está afastada da Sociedade Esportiva Palmeiras - engulo aquilo no seco, sem saber como reagir — até segunda ordens, pode deixar seu crachá na recepção e ir embora.

Apenas aceno com a cabeça segurando as minhas lágrimas, eu não sabia o que fazer, apenas aceitar? Talvez fosse a melhor escolha, se ela tinha provas, eu mentir ou não iria fazer diferença? Me levanto e saio da sala dela do jeito que entrei, sem falar uma palavra si quer. E fiz apenas o que ela mandou, entreguei meu crachá na recepção, a menina de lá até me olhou preocupada, e sai. Não queria mais saber de nada, sai do ct acelerando o meu carro, eu precisava pensar, e agora afastada do meu trabalho o que eu iria fazer? Ela iria colocar outro alguém no meu lugar? Que merda ! Estacionei meu carro na primeira vaga que eu vi na região do parque, saio e tranco o carro e vou em direção ao portão do parque. Eu vim buscando respirar, já que não sabia o que era isso desde que pisei no ct mais cedo.
Me sentei no banco de madeira que havia ali, era velho, perceptível. Eu venho aqui desde criança, acabou sendo meu refúgio por longos anos e é até hoje. Minha família morava na rua abaixo, e eu adorava vir aqui com Penelope e Laissa. Saudades de ser criança, quando eu vivia na imaginação de que tudo iria dar certo, lidar com a merda da realidade é horrível, saber que minhas ações podem ter consequências boas ou ruins é assustador. Ainda consigo sentir o cheiro de açúcar caramelizado no ar, o senhor que vendia algodão doce na entrada havia falecido a poucos meses, ainda tenho contato com a neta dele, eu cresci brincando com ela e comprando algodão doce com ele. É bom voltar a onde você achava que tudo seria perfeito, onde a infância não tinha regras, e não tinha limites para viver ou imaginar.
Fiquei sentada observando as crianças logo de manhã brincando e se divertindo, perdi até a noção do horário, me despertei quando senti meu celular vibrar muito em meu bolso e resolvi ver o que era. Ligo ele e vejo na tela várias mensagens de Gomez, Endrick, Zé, Estevao, raphael, richard, piquerez e diversos outros jogadores, provavelmente já sabem que fui afastada, ou sentiram minha falta. É a primeira opção. Decido ignorar as mensagens, não queria encarar aquilo ainda, a Alicia do futuro poderia resolver e ler as mensagens depois. Voltei a observar as crianças brincando enquanto os pais falam com eles para terem cuidado. Uma menininha veio de mãos dadas com um garotinho em minha direção e eu solto um sorriso observando os dois.

Intenção | 𝗣𝗔𝗟𝗠𝗘𝗜𝗥𝗔𝗦 Onde histórias criam vida. Descubra agora