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São Paulo
ORGULHO É geralmente associado a uma teimosia, à dificuldade em aceitar ajuda ou admitir erros por ser um sinal de fraqueza.
Eu odeio admitir que eu sou praticamente um ímã de problemas, quando finalmente consigo resolver um, aparece mais um monte.
Hoje eu abri a minha casa, o meu lar para os meus amigos e consequentemente para ele. O cara que eu considero meu irmão, e mesmo assim me martelou pelas costas.
Ver ele passando por aquela porta junto dos meus amigos e junto dela foi um golpe certeiro em meu estômago, não consigo lidar com a bagunça interna que eu estou, e vê-lo dentro da minha própria casa não ajuda.
Tenho o evitado como o diabo evita a cruz, e isso não certo, somos adultos, deveríamos conversar sobre isso, mas não. Eu decidir partir para agressão e depois ignorar qualquer chance que tínhamos de nos resolver.
Sinto que no fundo nada vale a pena o suficiente para te fazer brigar com aquele que é seu melhor amigo, mesmo que tenha uma mulher no meio. Uma bela mulher por sinal, que está linda naquele vestidinho vermelho até o joelho que ela usa.
E não consigo manter uma conversa tranquila ou uma troca de olhares, me sinto fraco e sufocado toda vez que um deles me olha ou fala algo.
E é por causa disso que nesse exato momento estou sentado na banqueta da minha cozinha enquanto eles estão na sala, não consigo lidar, não ainda.
Ser sozinho me ensinou muitas coisas nesses últimos meses, e vou confessar que aprender a lidar com você mesmo é a pior luta que você pode se meter. Mas quando você finalmente aprende a gostar da sua companhia e entender você mesmo, você começa a apreciar o silêncio, o vazio, começa a gostar de as vezes ter só a si como companhia.
— precisarmos conversar. – a voz grave com o sotaque espanhol me faz cair dos meus pensamentos e olhar para o uruguaio encostado na ilha a minha frente — não podemos mais evitar isso.
Continuo em silêncio apenas o encarando, e sou capaz de perceber os detalhes, a barba dele que ainda parece pentelhos de saco, o bigode cada dia maior, as novas tatuagens que ele fez. Cada mínimo detalhe desse desgraçado.
— quero pedir desculpas, eu agi mais pelo meu ego e pelo meu sentimento do que pela minha razão. – fala e solta um longe suspiro logo após, como se estivesse guardando isso a tempos. — eu a amo, mas também amo você irmão. Realmente pesei quando fiz aquilo.
— não estou pedindo para me perdoar ou simplesmente agir como meu melhor amigo de novo, pois sei que tudo que criamos nesses anos de convivência foi dilacerado. – fala mais firme e consigo notar o seu tom exitante — eu tenho um proposta, e caso queira ouvir ela, precisa falar comigo babacão.
Eu rio. Soltei uma risada tão suave e verdadeira com a ofensa, e ele ri junto. Finalmente o clima parecia está mais leve, era necessário ouvir as desculpas dele para que eu pudesse perdoar-lo e me perdoar no processo.
— eu te desculpo mula, e peço desculpas também. – falo e consigo ver o sorriso dele se formar em meio a risada que solta pelo apelido — me conte sobre essa proposta. Estou tentando a ouvir sobre.
Passamos horas, sem brincadeira alguma, foram horas mesmo conversando e brincando uns com os outros. A maioria da galera foi embora quando já era de madrugada, e o restante apenas ficou, e com certeza entre eles estava o folgado do Endrick.
— não vejo a hora de você ir embora. – falo e ele me encara – não, eu não vejo a hora dele ir embora. Mas ele definitivamente não precisa saber disso.
— para de encher o saco um pouco, o meu já tá muito cheio - fala num tom irônico e eu faço som de vomito – Nojento
— meu Deus, eu vou até ir me deitar depois dessa. - dou as costas para ele e de canto de olho vejo ele fazer gracinha — coisa feia ! Esperar eu virar as costas para fazer suas graças.
— vai embora logo Raphael. - fala enquanto tenta segurar o riso
— ainda estou na minha casa, não esqueça disso. - falo firme enquanto saio do quarto
— você nunca me deixa esquecer querido ! - grita e eu reviro os olhos fechando a porta
Saio em disparada para o meu quarto, e finalmente ter o silêncio novamente. Confesso que para muito o silêncio pode ser algo muito triste, eu o vejo como paz, a paz comigo mesmo.
Abro a porta do meu quarto e consigo ver as luzes da rua entrando pela janela lateral, e eu confesso que muitas vezes eu me pego apreciando essas luzes, por um certo período elas foram companhia melhores do que as vozes que vivem em minha cabeça.
Fecho a porta as minhas costas e vou em direção a cama para ajeitar-la para dormir, é uma rotina, e eu odeio sair dela desde que consegui me estabilizar novamente.
Escuto o barulho da porta ser aberta devagar e vejo a figura de Alicia. Sim, ela foi uma das que ficou. Não teve coragem de dirigir na chuva de volta para o apartamento dela, e confesso que foi a melhor escolha ficar aqui.
— precisa de algo querida? – pergunto enquanto retorno meu olhar para a cama que agora eu me pronto para deitar nela
— conversar com alguém. – fala e seu tom de voz parece meio relutante com algo ali — eu odeio tempestades, e não consigo dormir agora. – fala e a chavinha da minha cabeça vira.
Era óbvio, eu me lembro dela ter comentado isso diversas vezes com a gente, e como eu nunca estive com ela durante chuvas, eu não me recordava disso direito. Agora está claro isso.
— venha cá querida – falo calmo tentando a tranquilizar e bato no lugar vago a cama
A mesma fecha a porta e a vejo caminhar até o outro lado da cama, eu me deitei e esperei para que ela se deitasse também. Assim que se deitou, eu a puxei para os meus braços e beijei sua cabeça tentando passar o máximo de paz que conseguia.
— está tudo bem, estou aqui. – falo baixo quase como um sussurro para ela, e sei que ela ouviu pois consegui ver seu sorriso se formar.
Não se anime, ela só estar em seus braços pois Piquerez não está aqui, não se anime Raphael. Não ainda.
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Bom amigos, eu já tenho a data do último capítulo dessa história, e é o início do fim. Se preparem.
05/11 promete tudo aquilo que vocês esperavam e mais um pouco! 😉💋
