A infância molda vínculos e habilidades cruciais para enfrentar o mundo, mas para Jake Grimes, residente de King County, na Geórgia, foi uma fase repleta de desafios. Adotado por Lori e Rick, a família enfrentou turbulências quando a notícia da grav...
Eu nunca me senti tão desesperado em toda a minha vida. Ver a pessoa que eu amo daquele jeito foi a pior coisa que eu poderia imaginar.
- O que aconteceu com ele? Por que ele está todo sujo de sangue? - pergunto, desesperado.
- Não sabemos ainda o que aconteceu, ele está inconsciente - disse meu pai, carregando-o com cuidado.
- Olhe para ele, ele está usando orelhas! - exclamou Glenn, surpreso.
- Isso fica entre a gente - sussurrou Rick, tentando manter a situação sob controle.
Eles carregaram Daryl para dentro da residência. Eu não conseguia ficar longe dele nesse momento, então me sentei na poltrona mais próxima e comecei a vê-lo acordar, meu coração acelerado.
- Estava tentando procurar a menina, mas acabei caindo naquela merda - murmurou Daryl, com a voz fraca.
- Ele vai ficar bem? - perguntou Rick, preocupado.
- Eu não sabia... que ficaríamos sem antibióticos tão rápido - disse Hershel, franzindo a testa. - Alguma ideia do que aconteceu com o meu cavalo?
- Sei. Aquele que quase me matou? Se for esperto, ele deixou o país - disse Daryl com uma tentativa de humor.
- O nome dela é Nelly. Nelly, a égua brava. Eu poderia ter avisado disso... se tivesse me perguntado - disse Hershel, direcionando-se a Rick. - É incrível seu pessoal ter sobrevivido por tanto tempo."
Logo em seguida, meu pai saiu da sala junto com Shane e Hershel, deixando-nos sozinhos.
- Vai ficar aí parado como um esquizofrênico? - Daryl me provocou, tentando aliviar a tensão.
- Você quer que eu diga o quê?
- Talvez Daryl, eu fiquei com tanto medo de perder você - ele respondeu com um toque de sarcasmo.
- Nossa... Você já pensou em ser comediante?
- Vai dizer que não ficou preocupado?
- Eu fiquei, ok? Fiquei desesperado e com medo de perder você para sempre. Era isso que queria ouvir? - Eu admiti, minha voz trêmula.
- Você está bravo ainda, né? - Daryl perguntou, a raiva evidente em sua voz.
- Lógico, você diz que me ama, eu confirmo que é recíproco e depois você diz que não podemos ter nada.
- Eu tenho motivos para dizer isso... - Daryl murmurou, desviando o olhar.
- E quais seriam seus motivos, senhor Dixon? É que eu sou novo demais? Você não é ideal para mim? - perguntei, tentando entender sua lógica.
- É exatamente isso! Eu não sou uma boa pessoa, Jake.
- Diz o cara que me impediu de me matar... - eu disse, lembrando de um dos momentos mais difíceis da minha vida.
- Eu não quero machucar você - Daryl respondeu, a frustração clara em seu tom.
- Daryl, durante todo esse tempo que a gente ficou junto, você nunca me machucou. Pelo contrário, você foi meu porto seguro. Não importa o que você diga, eu não vou deixar de amar você.
TOC TOC
Carol apareceu com um copo de água e o colocou em cima da mesa de cabeceira.
- Como está se sentindo? - ela perguntou, olhando preocupada para Daryl.
- Não dá para ver? - ele respondeu, seu tom seco.
- Eu trouxe água para você, deve estar com sede.
Daryl não disse nada.
- Bem... acho melhor deixar vocês a sós.
- Está tudo bem, Carol, eu já estava saindo - eu disse, tentando aliviar a tensão.
- Você não está não. - Daryl interrompeu.
- Estou sim - insisti, tentando me levantar, mas ele agarrou meu pulso. A essa altura, Carol já tinha ido embora.
- Não acabamos a conversa.
- Mas eu acabei - respondi, tentando me soltar.
- Jake, por favor, vamos conversar direito - Daryl pediu, sua voz misturando cansaço e sinceridade.
- Estamos conversando há uns três minutos ou mais.
- Jay, senta aqui na cama e vamos conversar - ele falou, ajeitando-se na cama.
Eu olhei para ele por um momento e sentei na cama ao lado dele.
-Jay, eu sei que na sua cabeça é algo simples, mas, porra, para mim não é. Eu não me sinto suficiente para você.
- Você é mais do que suficiente para mim, Daryl - eu disse, segurando sua mão.
- Você está confuso... - ele insistiu, seu olhar perdido.
- Eu não estou confuso, eu sei o que eu quero com você. A gente não pode pelo menos tentar?
- E se a gente tentar e você não gostar? - Daryl perguntou, a vulnerabilidade em sua voz.
- Só vou saber se a gente experimentar. - Ele deitou na cama e me puxou para deitar em seu peito. Ele me aconchegou em seus braços e começou a fazer carinho em minha cabeça.
- Vou pensar no seu caso, Constelação - ele murmurou, finalmente relaxando um pouco.
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