O Encontro Inesperado

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                  Parando para pensar em um início sensato, é certo dizer que nada é exatamente sensato. Esse é o complicado começo da minha história. Tudo começou neste segundo semestre do ano, após um primeiro semestre caótico. Permiti-me me envolver com alguém que não queria algo sério. Tolamente, criei esperanças de que isso mudaria, mas não mudou, e acabei sendo dispensada. Para ser sincera, foi merecido. Passei quase dois meses me sentindo mal, mas decidi conhecer outras pessoas. Entre nós, essa foi a ideia mais idiota que tive. Agora, não quero nada sério com ninguém, mas... uma semana atrás, algo aconteceu que mudou completamente minha perspectiva. Não quero me deixar abalar por essa aventura, principalmente porque conheci essa pessoa no meu trabalho.

Sou uma pessoa extremamente desconfiada; não acredito em acasos; tudo tem um motivo. Não é qualquer charme que vai me fazer cair nessa ideia. No entanto, ele é muito atraente, gentil e atencioso. Talvez eu precise explicar como tudo aconteceu. Trabalho em uma pequena cafeteria dentro da mais renomada faculdade de São Paulo, o Mackenzie. Na loja, só temos eu e minha supervisora. É sempre muito corrido, mas conseguimos tirar boas risadas e render bastante assunto às vezes. Acho que esqueci de mencionar meu nome. Prazer, meu nome é Hanaé (pronuncia-se Hanaé). Sou brasileira, mas minha tia era fascinada pela cultura asiática, especialmente pela Coreia, e por isso sugeriu esse nome à minha mãe. Enfim, isso não vem ao caso. Não esperem perfeição de mim, pois não sou padrão e nem magra esbelta como nas histórias de romance. Vivo um eterno dilema de quebrar meus paradigmas, mas, como todo ser humano, tenho minhas inseguranças. Meu corpo é uma delas. Acho que já me desviei do assunto demais; melhor parar antes que vocês cansem de ler.

Era noite, por volta das sete e meia, e esse horário é sempre o mais tranquilo. Estava colocando alguns lanches na vitrine e limpando as coisas, como de costume, quando chegou um cliente muito bonito. A parte que vocês talvez não entendam é que aqui há muitos meninos bonitos, o que é um saco, mas a maioria namora. Tenho quase certeza de que, para entrar nessa faculdade, esse é um requisito. Por isso, não estudo, só trabalho. Já sei! Continuando a história...

— Olá, boa tarde! Seja bem-vindo... — Como alguns, ele nem sequer me olhou ou respondeu. Ignorei a má educação e continuei:

— Já conhece nossos cafés? — Se você ficar calado, eu posso conhecer.

— Já estou acostumada com clientes assim.

— Perdão, fique à vontade — falei e dei as costas, revirando os olhos. Só que ele estava de frente para mim e havia um espelho atrás, então, quando virei e fiz isso, ele viu.

— Cuidado para não revirar os olhos demais. — Ignorei e continuei andando... Tá, parei. Não foi assim, até porque já disse que ele foi gentil. Vamos voltar ao início.

— Olá, boa tarde! Seja bem-vindo ao Pausa para o Café... Já conhece nossos cafés?

— Valeu, cara! Obrigado... Não conheço, posso ver o cardápio?

— Claro — disse, já entregando o cardápio a ele. — Tem muitos detalhes aqui; sou péssima em decidir quando tenho múltiplas escolhas.

— Geminiano ou libriano? — perguntei, sorrindo.

— Capricórnio, com lua e ascendente em Gêmeos.

— Nossa! — Fiquei pasma, e ele percebeu.

— Já tá me julgando, né?

— Não, não. É que sou geminiana, com ascendente e lua em Capricórnio.

— Uau, então você provavelmente conhece todos os cafés aqui e deve ter um favorito. Qual me recomenda?

— Coffee Gold, super recomendo — falei com entusiasmo.

— Não demorou nem três segundos para responder, então vai ser esse.

Pausa para o caféOnde histórias criam vida. Descubra agora