Jogos de Manipulação

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   Esqueci de perguntar o nome dele, droga. Depois disso, o tempo passou muito rápido e só percebi quando o Júlio chegou na loja, cinco minutos atrasado.

— Senhor pontualidade. — Disse, olhando no relógio.

— Saí da aula agora, o professor fala muito. Já sabe se vai?

— Você aceitou a aposta, sim ou não? Antes de responder, saiba que vou saber se estiver mentindo. — Falei curto e grosso.

— Sim. — Falou envergonhado.

— Quanto? — Perguntei com firmeza.

— Era dois mil, mas ele dobrou para quatro agora há pouco.

— Eu vou ao jantar!

— Não está chateado? — Falou surpreso.

— Me pague uma boa refeição e está combinado.

— Não é tão simples, ele quer provas, fotos e um gif.

— Tudo bem... Depois eu digo meus termos até as dez e vinte. — Ele acenou com a cabeça e saiu sem entender. Sei que vocês não estão entendendo absolutamente nada, mas acredite, é como a Bruna falou: sou uma cobra e, quando tentam me atacar, eu sempre ataco primeiro.

Pego o telefone e ligo para o meu primo, que é advogado. Peço para ele fazer dois contratos com termos de confidencialidade, sendo que um contrato está ligado ao outro, mas que ninguém perceba. Ele me manda por e-mail depois de alguns minutos e eu imprimo na impressora da loja. Estou pronto para dar o bote! As horas passaram e agora eram dez e quinze da noite. Já tinha finalizado a loja inteira e estava terminando de me arrumar quando ouvi alguém me chamar.

— Hanaé, tá aí?

— Estou saindo. — Falei, passando o perfume ao mesmo tempo e pegando a mochila, apagando as luzes em seguida.

— Vamos. — Falei ao encontrá-lo e seguimos em frente.

— Onde vamos comer?

— Coco Bambu. — Confesso que gostei, mas sei todas as receitas deles por já ter trabalhado lá, mas ocultei essa informação.

— Maravilha, vamos. — Falei, indo em direção à saída da faculdade, quando ele pega a minha mão, me puxando para o outro sentido.

— Meu carro está no estacionamento. — Sorriu debochado. Quando chegamos à garagem, eu vi aquela BMW linda e pedi logo para dirigir, e ele deixou. Entrando no carro, já entreguei os papéis para ele.

— O que é isso? — Perguntou, sem entender.

— Um contrato de confidencialidade que me protege juridicamente se as fotos ou o gif vazarem.

— Sério isso? Acho que tá indo longe demais.

— Se quiser desistir, é só falar ao seu amigo que te dei o fora. Tudo bem?

— Quanto você quer?

— Quanto você quer me dar?

— Mil?

— Ri disso na mesma hora.

— Três mil e oitocentos. — Falei já esperando uma resposta negativa.

— Nem fudendo, um e quinhentos. — Comecei a acelerar o carro.

— Quem vai ser o trouxa que vai ter que abrir as pernas pra você?

— Falei sério. — Dois mil. — Disse com receio.

— Três mil e não falamos nisso!

— Dois e quinhentos.

— Ok. — Sorri, convencido.

— Onde é esse Coco Bambu? Não conheço este caminho.

— Moro perto de um, então será lá. Tudo bem pra você?

— Sim.

— Assine o contrato. A caneta tá dentro do envelope. Não esqueça de colocar o valor. — Falei e ele foi tirando o papel e lendo por cima. Logo depois, assinou e colocou o valor.

— Não imaginava esse seu lado. — Falou, me entregando o contrato.

— Nem eu, mas como minha amiga disse, sou uma cobra e você tentou me atacar.

— Como você desconfiou?

— Não tinha certeza, mas você veio pedir desculpas hoje depois de dias e, logo em seguida, seu amigo vem pedir também, logo ele...

— Droga, eu que insisti ainda para ele pedir desculpas para você não desconfiar. Lhe subestimei.

— O tempo todo. Teria aceitado só os mil e quinhentos. — Disse e sorri debochado.

— Não sei se fico assustado ou fascinado.

— Pode ser os dois.

Depois de um tempo, chegamos ao restaurante. Jantamos e bebemos. Ele sempre tem um assunto interessante, mas é tão baixo quanto o amigo. Um erro faltou ter me cutucado. Pelo menos vou ganhar ainda para transar com esse gato, pensei, me sentindo um garoto de programa. Nunca agi dessa forma com ninguém, mas tenho um mestre e ele já me ensinou para não confiar em ninguém. O nome dele é Raymond Reddington, só para quem já assistiu *The Blacklist*.

Saímos do restaurante e ele está me levando para um motel. Achei lindo o lugar quando cheguei. Tem piscina e hidromassagem. Julio interrompe meus pensamentos.

— Segura. — Me entrega uma taça de champanhe. — Vamos brindar ao quê?

— À nossa vitória?

— À sua vitória.

— Ok, à minha vitória! — Falou e brindamos.


Pausa para o caféOnde histórias criam vida. Descubra agora