Sombras do Passado

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           Ficamos deitados, mas não consegui dormir. Fiquei pensando sobre o pai do Gustavo ser da Elitecnologia, enquanto o Júlio apagou, coitado, depois de tanto trabalhar. Quando saí dos devaneios, comecei a sentir a respiração dele no meu pescoço. Sorri com isso e fiquei acariciando seu cabelo, até que adormeci.

Acordei com o Júlio me abraçando forte e entendi o motivo.

— Nem comece com sua manha, conheço seus truques já — falei, intervindo.

— Vamos, só um pouco, vai! — disse ele, apertando minha bunda.

— Não... — Alguém bateu na porta. — Droga, não queria levantar agora.

— Quer que eu vá abrir? — Acenei confirmando, e ele saiu. Voltou depois de um minuto. — O senhor Elias está lá na sala.

Dei um pulo da cama, troquei de roupa num piscar de olhos e fui para a sala.

— Oi, amigo. O que te traz aqui? Você está bem?

— Não se preocupe, eu estou bem. Você sabe que sou muito transparente nos meus negócios, certo? — Concordei, atento. — No dia da nossa reunião, um representante não ficou satisfeito com a mudança. Entretanto, ele estava para ser demitido por superfaturar as notas dos impostos das empresas terceirizadas, sendo algumas fantasmas. Já o demitimos. Só quero que você tenha cuidado. Você é um jovem muito valioso, por isso tomei a iniciativa de vir lhe avisar e sugerir que faça sua mudança ainda hoje, por segurança.

— Hanaé, do que ele está falando? — perguntou Júlio, confuso. Eu me lembrei que não havia contado nada a ele.

— Seu namorado vai ser o dono de todo meu patrimônio, meu jovem.

— Eu esqueci de contar isso a ele — Eu ia falar sobre eu não negar que ele era meu namorado, mas o repreendi com os olhos.

— Senhor Elias, mas assim, tão repentino? Sei que é um assunto sério, mas é complicado sair assim. Podemos olhar as casas primeiro?

— Claro, vamos! Espero vocês trocarem de roupa.

Chamei o Júlio para o quarto e, assim que ele entrou, já fui falando:

— Tenho que ir. Você fecha a casa quando sair? Sei que tem aula, não sei quanto tempo isso vai tomar.

— Nada disso, só tenho uma aula hoje e não vou te deixar sozinho.

Não falei mais nada, pois não queria entrar em discussão agora. Nos arrumamos e saímos. No caminho, fui ligando para a Bruna, chamando o Henrique e dando seguimento nas entrevistas. Passamos três horas visitando algumas casas, que eram encantadoras, mas a última era perfeita: ficava no bairro do Júlio, era linda. Acabei escolhendo essa, pois já estava exausto. A casa precisava de uma pintura e de alguns detalhes na cozinha. Meu amigo acabou recomendando que eu ficasse em algum hotel até a casa ficar totalmente pronta. Acabei voltando para casa à noite, nem tive tempo de ir ver a Bruna ou algo do tipo.

A semana passou rápido, e o Júlio sempre estava comigo. Fiquei preocupado em comprometer o relacionamento dele com a família e não queria isso. O dia da festa chegou, e eu estava animado. Fiquei em um hotel perto da faculdade para poder ajudar a Bruna nas mudanças da loja. Fizemos muitas entrevistas, chamamos alguns candidatos, e alguns nem foram para os testes. Henrique aceitou ser o supervisor da loja. Ajustamos vários pontos com ele, e no terceiro dia de entrevista conseguimos recrutar três pessoas: Renato, Carla e Eduardo. Eles estão se saindo muito bem.

Júlio passou a tarde me perturbando porque resolvi entrar na academia, mas ele não queria. Brigamos e depois fizemos as pazes.

Ao chegar na festa, percebi que era em uma casa muito linda e familiar, mas não conseguia lembrar onde já a tinha visto. Havia algumas pessoas, todas bem vestidas e com joias caras. Logo o Gustavo veio até nós.

Pausa para o caféOnde histórias criam vida. Descubra agora