O Peso das Decisões

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— Ele deve ter dinheiro para ir para Maranduba numa sexta à tarde.

— Não sei ao certo, mas às vezes acho que ele tem mais dinheiro do que aparenta. Sei que ele tem negócios.

— Quantos anos ele tem?

— Vinte e cinco.

— Já quero conhecer. Ele tem irmão?

— É filho único! — ri alto enquanto dirigia — Você é doida.

— Sou, ué. Você achou um homem que finalmente te prendeu, e eu não vou ver se ele tem um irmão? Mas é claro! Fisicamente, como ele é?

— Ele não é como os outros garotos com quem já fiquei. Ele é branco, tem olhos castanhos, cabelo curto e é gordinho.

— Não faz seu estilo mesmo, mas já gostei dele. E se você magoar ele de novo, eu vou ser a primeira a defendê-lo. Qual o nome dele?

— Hanaé. É coreano, mas ele não é coreano. Significa "único".

— Você precisa ver a sua cara falando dele! — desce logo, vai — falei parando o carro na frente do shopping.

— Tchau, marca um jantar com o Hanaé! Não esquece...

— Falei indo para a faculdade, e lembrei do rosto dele dormindo. Nem parecia o mesmo daquela noite, safado do jeito que é.

**PART. JULIO, FIM!**

Acordei e ele não estava mais ao meu lado. Fui ao banheiro, lavei o rosto e sentei no sofá. Logo vi uma bandeja de café da manhã pronta e um bilhete em cima. Aproximei-me, peguei o papel.

"Noite passada, você me surpreendeu muito. Adorei te ver dormindo. Queria que, quando acordasse, ainda estivesse aí ao seu lado, mas esqueci as atividades da aula de hoje em casa, por isso saí cedo. Mas à noite estarei aí. Tenha um bom dia e me manda mensagem quando acordar."

Depois que terminei de ler, vi o que tinha na bandeja e dei um sorriso bobo. De repente, escutei meu celular tocar no quarto. Quando vi, era o senhor Elias, meu amigo. Aquele que às vezes se passa por dono da minha empresa.

— Hanaé, quanto tempo! Você consegue dar um pulo aqui na cafeteria daquele shopping? Bom dia!

— Oi, meu amigo! Claro, vou já! Aconteceu algo?

— Não é nada demais, mas venha com uma roupa formal — desligou.

Fazia um ano que não o via. Ele parecia tranquilo. Nos conhecemos quando eu tinha vinte e um anos, eu acho. Estava tentando abrir uma pausa para um café no Mackenzie, no mesmo ponto que meu pai tinha, mas eles não queriam deixar. Saí da reunião triste e desesperado. Fui ao shopping tomar café e, sem querer, o senhor Elias derrubou o meu café e insistiu em pagar outro. Aceitei. Depois, ele perguntou se eu estava tendo um dia difícil. Contei a ele sobre a reunião e meus sonhos para o lugar. Ele só me fez uma pergunta: por que eu queria tanto aquele lugar? Naquela tarde, contei toda a minha vida para ele. Na mesma hora, ele fez uma ligação, e no outro dia me cederam o espaço. Aquele café se tornou o marco da nossa amizade. Sei que ele é uma pessoa com muita experiência na área empresarial e comercial. Imaginei que ele tivesse algum dinheiro, mas isso nunca me chamou atenção; só me fez confiar mais nele, e por isso pedi para ele me ajudar com a minha empresa às vezes. Estranho pensar que não sei quase nada da vida dele, só que ele tem sessenta e cinco anos, sua esposa morreu há dez anos, e é isso. Às vezes ele me liga pela manhã e me chama para conversar, mas nunca me pediu para ir com uma roupa específica.

Peguei um terno que quase nunca uso, cinza, e fui.

— Hanaé, meu querido, tão bom te ver!

— Oi, Elias! Como estão as coisas?

Pausa para o caféOnde histórias criam vida. Descubra agora