Entre Verdades e Sentimentos

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— Qual verdade? — disse, meio sem jeito.

— No dia em que nos conhecemos, a aposta já tinha sido feita.

— Eu já sabia! Bom, eu imaginava — falei tranquilamente.

— Você tem ódio de mim por conta disso? — perguntou, preocupado.

— Olhe onde você está, olhe ao seu redor. Não tenho raiva, apenas me sinto magoado. Por essa razão, não consigo confiar nos seus sentimentos.

— Espero que um dia possa me perdoar. Vou fazer de tudo para reconquistar sua confiança — disse, chorando.

— Acabei descobrindo que você é mais chorão que eu. Isso pareceu uma declaração... tá apaixonado? — provoquei.

— Vai sonhando que vou ceder tão fácil — falou, me fazendo cócegas.

— Vamos dormir. Amanhã é segunda e preciso trabalhar — falei, virando de costas para ele. — Quando vai contar à Bruna que você é, na verdade, o patrão dela?

— Para de se meter na minha vida, senhor enxerido — falei, beliscando ele. — Em breve, mas não me surpreenderia se ela já soubesse.

— Por que você teve a ideia de colocá-la como supervisora e se passar por funcionário? — perguntou, me abraçando por trás.

— Bom, eu queria ter uma visão diferente do lugar, não como patrão. Só sabemos os verdadeiros problemas quando somos funcionários. A Bruna é muito inteligente e sabe lidar com conflitos com os clientes. Aprendemos muito um com o outro.

— Como isso começou? — perguntou, ainda mais curioso.

— Meu Deus, vamos dormir — falei, implorando.

— Por favor, não vou conseguir dormir sem saber — ele fez drama.

— Meu pai morreu, como você sabe. Ele tinha sociedade em vários negócios, inclusive com os caras que me abusaram. Antes de morrer, ele deixou tudo para mim, inclusive uma cláusula no contrato da sociedade que, se ele morresse, a sociedade seria compensada com trinta mil para cada parte e, depois, anulada. Eu seria o único responsável. As partes foram pagas, mas eu era criança ainda. Meu pai teve a reputação arruinada como assassino, mesmo me protegendo. As vendas caíram. Minha mãe assumiu os negócios com minha tia por um tempo e, quando fiz dezoito, assumi tudo. Foram muitos processos e dívidas. Minha mãe teve que vender dois comércios, mas manteve os mais importantes e mudou o nome das empresas. Aproveitei isso e decidi mudar novamente os nomes à minha maneira e com novos propósitos. A cafeteria é minha filha, lutei por ela. Por isso gosto de trabalhar lá. Ela está indo bem. Claro que sempre mexo no que posso. Fiz amizade com um senhor que me ensinou tudo sobre negócios e que é extremamente rico. Pedi que, quando necessário, ele se passasse por dono para mim, e foi isso.

— Sinto muito pelo seu pai. Obrigado por compartilhar isso comigo. Como você se sente? — falou, me abraçando mais forte e beijando meu ombro.

— Passei muito tempo guardando isso. Foi bom compartilhar com alguém — percebi que tirei um peso das costas.

— É uma história e tanto. Fiquei impressionado com sua astúcia.

— Ju... — virei e olhei para ele.

— Ju? — me olhou desconfiado.

— Ju... — coloquei meus braços em volta do seu pescoço, o beijei e prendi minha perna no seu quadril.

— Agora você quer, né? — falou convencido.

— Então você não quer? — me virei de costas novamente, mas ele me puxou.

— Volta aqui — me beijou de novo e apertou minha bunda.

— Quer experimentar algo diferente? — perguntei, ansioso.

— Não vou ser passivo, se é o que você está sugerindo — falou com medo.

— Não, fica tranquilo! Confia em mim?

— Confio! — levantei, peguei a vela e as algemas e o prendi.

— Não estou gostando...

— Calma, se você quiser parar de verdade, é só falar.

— Ok — beijei sua boca, desci para o pescoço, para o seu peitoral e cheguei na sua cueca. Seu membro já pulsava. Tirei da cueca aos poucos e coloquei na boca lentamente. Parei, acendi as velas, sentei no seu membro devagar e comecei a rebolar. Comecei a pingar a cera no seu peito e a rebolar mais. No início, ele se sentiu desconfortável, mas depois sentiu prazer. Tirei ele das algemas, e ele me virou de costas, prendeu minhas mãos por trás e me penetrou com força. Depois, começou a derramar a cera da vela nas minhas costas. Isso me deixou com muito tesão. Passamos mais de uma hora nesse clima, depois tomamos banho e voltamos a dormir.

**Parte Júlio**

Quando eu saí da água e percebi que ele me jogou lá para me salvar, me senti estranho. Quando ele desmaiou nos meus braços, senti que não podia perdê-lo. As lágrimas caíam sem parar, quase não conseguia enxergar o caminho. Ver ele acordar e saber que a cobra não era verdadeira me deu muito alívio.

Fiquei magoado quando ele falou aquelas coisas na lanchonete, voltando para São Paulo. Mas eu chorei porque estava tudo muito confuso na minha cabeça e me senti culpado por tê-lo magoado. Ter sido perdoado pela aposta foi um alívio. Nossa terceira noite juntos foi muito quente, e me surpreendeu ver esse lado dele, esses desejos ocultos. Precisei acordar cedo para passar em casa, pois meus livros e atividades das aulas de hoje ficaram lá. Mas antes, fiz o café dele e deixei um bilhete. Peguei um Uber até em casa.

— Bom dia! — falei ao abrir a porta de casa e ver minha irmã se organizando.

— Maninho, vou precisar de um favor seu. Me leva para o shopping, preciso comprar umas coisas.

— Claro. Separou o que eu pedi? — disse, apressado.

— Está ali em cima do sofá, dentro da mochila — disse, apontando.

— Obrigado! Agora vamos, se não vou me atrasar.

— Tá, deixa eu pegar minha bolsa — correu para o quarto e voltou. Descemos e entramos no carro, seguindo viagem.

— Júlio!

— Lá vem.

— Onde você passou o final de semana? Nem roupa você levou. Está usando a mesma desde sexta-feira, mas ela não está fedendo, o que significa que você lavou, e você nunca lava suas roupas.

— Passei com alguém, tá bom? Foi incrível. Talvez eu esteja gostando dele. Não é da sua conta, mas fui eu quem lavei a roupa, tá?

— Então é um boy. Ele sabe que você não se apega a ninguém?

— É diferente com ele, sabe?

— Diferente como? Meu Deus, você tá com sorrisinho bobo... agora eu acredito.

— Ele é forte, sensível, misterioso, teimoso, alegre, surpreendente.

— Já quero conhecer. Será que vai rolar namoro?

— Não sei. Eu magoei ele. Agora ele tá relutante, mas me perdoou.

— Pelo visto, ele te perdoou, mas perdeu a confiança em você. Sua sorte é que ele parece gostar de você.

— Acho que invadir o carro dele enquanto ele ia fazer uma viagem ajudou muito — falei, e minha irmã riu.

— Não, você não fez isso! — colocou as mãos no rosto, impressionada.

— Ele estava se preparando para sair com o carro, e eu entrei. Falei que só ia se ele me perdoasse. Ele me levou junto, e fomos para Maranduba.

Pausa para o caféOnde histórias criam vida. Descubra agora