26. your eyes closed forever

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Sabina Hidalgo

Mesmo sabendo que um dia a vida acaba, nós nunca vamos estar preparados para perder alguém. Todos dizem que amar é "deixar ir", mas a verdade é que a pessoa que fala isso não deve saber o quanto é difícil dizer até amanhã para quem você ama, sem saber se realmente vai vê-la outra vez.

Os últimos dias tem sido tão difíceis, e amedrontadores, mas Any não me deixou sozinha nem por um minuto sequer. Durante a noite choramos juntas até o sono chegar, durante o dia passamos horas e mais horas rindo das besteiras que meu pai anda dizendo, e a todo instante estamos abraçadas uma na outra como se estivéssemos tentando nos consolar. Sinto que ela está esgotada tanto quanto eu, ou até mais, e me dói tanto não poder fazer nada para que ela melhore, sinto falta do seu sorriso, das nossas manhãs animadas, sinto falta de ser feliz e a ver feliz.

Na ultima semana, a gente casou. Eu estou casada com a mulher da minha vida mas nem isso consegue me deixar um pouco melhor. Eu imaginei tudo isso de uma maneira diferente, eu queria vê-la vestida de noiva, fazer uma festa grande, queria que a gente pudesse ter uma lua de mel inesquecível, mas não foi assim, porque foi tudo dentro de um maldito quarto de hospital, foi tudo muito rápido porque horário de visita estava acabando, a gente chorou e não foi de emoção foi de medo, um choro de despedida. Any merecia mais, muito mais, e eu tentei convencê-la disso, mas tudo que ela queria era realizar o último sonho dele, e isso só me fez amá-la mais, cada dia que passa eu a amo um pouco mais, esse amor cresce de uma maneira incondicional e eu não tenho controle sobre isso.

—Any: No que está pensando?

Sua voz baixa e chorosa, me fez levantar a cabeça para olhá-la. Ela estava em pé, parada na porta do banheiro me encarando com os olhos cheios de lágrimas. Vê-la daquele jeito fez meu coração acelerar, e uma sensação ruim me invadir sem que eu percebesse.

—Não é nada, me desculpe. — Sussurrei, e me levantei para ir até ela. Quando me aproximei o suficiente, nos abraçamos forte por um longo tempo, e eu deixei um beijo calmo em sua bochecha.

—Any: Me diz o que eu posso fazer para te ver sorrir outra vez, que eu faço qualquer coisa.

Não deixe meu pai morrer, por favor.

Fechei os olhos com força tentando espantar a vontade de chorar, e beijei seu cabelo antes de forçar o meu melhor sorriso.

—Você já fez muito por mim, carinõ. Me ajudou no meu pior momento, você estava comigo até quando eu não merecia, você secou minhas lágrimas quando eu chorei, eu não posso pedir mais nada para você amor, você já fez tudo, exatamente tudo, e eu espero um dia conseguir retribuir. — Beijei sua boca, e agora foi a vez dela tentar sorrir. —Hoje eu que vou fazer um pouco por você.

—Any: Eu só quero deitar e dormir abraçada com você, só preciso disso.

—A gente vai, mas daqui a pouco. — Me afastei dela, e me virei para poder ficar de costa antes de flexionar os joelhos. —Vem, sobe.

Ela demorou um pouco, mas logo pulou em minhas costas antes de passa suas pernas por minha cintura. Any afundou o rosto em meu pescoço e suspirou cansada, enquanto em saia do quarto andando devagar para nós duas não acabarmos caindo. Assim que comecei a descer a escada, vi shelby se levantar do sofá onde estava deitada e vir até a gente, ela não latiu e nem resmungou, apenas nos seguiu até a cozinha, como se apenas quisesse ficar um pouco com a gente.

𝗱𝗼 𝗻𝗼𝘁 𝗹𝗲𝗮𝘃𝗲 𝗺𝗲 - 𝘀𝗮𝗯𝗶𝗮𝗻𝘆 Onde histórias criam vida. Descubra agora