Dra. Ana Eulália é uma médica dedicada e autônoma, que trabalha na linha de frente de uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA) em uma região periférica do Rio de Janeiro. Sua vida é dedicada a salvar vidas e lutar contra as injustiças sociais, o que...
Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.
Ana Eulália Borges Faria
Era um sábado ensolarado, e eu e Leila decidimos passear pela Praça XV. A praça estava cheia de vida, com pessoas andando de um lado para o outro, e as barracas dos bazares repletas de itens variados. Barracas de artesanato, bancas de comida e música ao vivo enchiam o ambiente com uma energia vibrante. Enquanto caminhávamos, aproveitamos para comprar algumas coisas e conversar sobre a vida.
— Olha isso, Eulália. — Leila chamou minha atenção para uma pulseira feita à mão. — Não é linda?
— É sim. — Concordei, examinando a peça. — Tem um charme rústico.
— A semana foi pesada, hein? — Leila comentou, examinando um colar em uma das barracas.
— Pesada? — Respondi, rindo. — Tem horas que parece que não vamos dar conta de tudo.
— Mas a gente dá. Sempre damos. — Ela sorriu, pegando o colar e entregando ao vendedor.
Continuamos andando, rindo e conversando sobre os desafios que enfrentávamos no trabalho. Leila era uma amiga incrível, sempre pronta para ouvir e apoiar.
— Você nem sabe... — Comecei a rir, sentindo as bochechas corarem.
— O quê? — Leila perguntou, curiosa.
— O Capitão Andrada esteve na UPA ontem. — Respondi, tentando controlar o riso.
— O do restaurante? — Leila perguntou, franzindo a testa. — O que aconteceu?
Passei a mão pelos cabelos, suspirando.
— Ele me beijou. — Respondi, com um suspiro.
Leila ficou passada, surpresa, sem saber o que dizer por alguns segundos.
— Como assim? — Ela finalmente perguntou, ainda em choque.
— Ele apareceu lá, com um par de brincos de presente, como forma de agradecimento por eu ter salvado a filha dele. — Expliquei.
Leila riu, desacreditada.
— Realmente estranhei a maneira como vocês se falaram naquele dia. Pareciam muito íntimos. — Ela balanceou os pulsos — E esses brincos mexeram com você, foi?
— Por mais que fossem chinfrim, mexeram sim. — Admiti. — Além disso, ele é um homem lindo, seria impossível não se sentir atraída. Mas ele é grosso, completamente o tipo de homem que eu detesto. E a forma como ele me tratou naquela noite no hospital — Balancei a cabeça em descrença — foi imperdoável.
Leila balançou a cabeça, ainda incrédula.
— É inacreditável. Ainda mais sendo o que ele é e sendo quem é. Mas não se esqueça que ele limpou a nossa barra no protesto.