Conhecendo Um ao Outro

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Por detrás das Claras

César de Andrada Batista

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César de Andrada Batista

Cheguei à Gávea em pouco tempo, e vi Ana Eulália descendo do prédio. Ela estava de regata, sutiã vermelho, shorts e exibia aquelas pernas lindas. Seu cheiro doce invadiu meus sentidos enquanto ela se aproximava. Sem pensar, ela me deu um beijo, e fiquei surpreso, mas correspondi e a agarrei, sem querer soltar mais.

— Eu nem deveria estar te beijando. Como conseguiu ser tão insensível com aquela senhora? — ela disse, enquanto me afastava um pouco, os olhos brilhando com indignação.

Engoli em seco, tentando formular uma resposta.

— Olha, Ana, você não sabe o que eu passei naquela operação. A pressão é intensa e eu não posso me permitir...

— Não se permitir ser humano? — ela interrompeu, a frustração evidente em sua voz. — Você não pode simplesmente ignorar a dor dos outros porque está em uma situação difícil. Aquele foi um momento que exigia empatia, César.

Eu sentia a raiva crescendo dentro de mim, mas também uma parte de mim admirava a paixão dela.

— Eu estava lá para fazer meu trabalho! — respondi, tentando me defender. — Não sou um assistente social, sou policial. E no meio do caos, eu tenho que agir rápido, sem me deixar levar pela emoção. Já estou estressadão com essa porra. Moleque era marginal sim.

Ela balançou a cabeça, como se eu estivesse dizendo algo absurdo.

— E você acha que isso é justificativa? Tem pessoas que precisam da sua ajuda. A vida não é só números e estatísticas, César.

Fiquei em silêncio, tentando encontrar as palavras certas. O tom dela estava mais suave agora, mas a indignação ainda ardia.

— Você é tão teimosa. — falei, tentando desviar um pouco da tensão. — Se não fosse por mim, vocês estariam em apuros depois daquela passeata.

Ela me encarou, os olhos desafiadores, mas algo na expressão dela mudou. Havia um reconhecimento do que eu tinha feito.

— Está jogando na cara, capitão? Mas ainda assim, isso não muda o fato de que você tem que olhar além do seu trabalho. — Ela disse, a voz mais calma.

O clima estava pesado, mas eu não conseguia deixar de notar como ela era linda quando falava com tanta convicção. O jeito que os fios de cabelo dela caíam sobre o rosto, o jeito que ela se mantinha firme, tudo isso me deixava em um estado de conflito.

— Você tem razão. — admiti, finalmente. — Eu posso ser um pouco... direto demais. Mas não é fácil para mim.

Ela arqueou uma sobrancelha, parecendo interessada, mas também um pouco divertida.

— E porque você está suja de tinta? — perguntei, notando as manchas coloridas em suas pernas e braços.

Ana Eulália sorriu, como se a pergunta tivesse despertado algo divertido dentro dela.

Por Detrás Das Claras | Chay Suede e Alanis GuillenOnde histórias criam vida. Descubra agora