Loucura

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Por Detrás das Claras

Ana Eulália Borges Faria

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Ana Eulália Borges Faria

Eu gritei, sentindo meu coração quase explodir no peito.

— Está escuro, vem pra cá!

Vi quando ele hesitou, parado, a uns 300 metros de mim, mas só por um momento. Então, ele começou a se mover, e cada passo dele parecia ecoar dentro de mim. A silhueta dele contra o céu noturno era imponente, inconfundível. O mesmo corpo, aquela postura rígida e determinada, como se nada pudesse pará-lo. Eu conhecia cada detalhe dele, cada linha daqueles braços fortes que agora vinham em minha direção.

Ele correu os últimos metros, e antes que eu pudesse dizer mais alguma coisa, me abraçou com força. Senti os braços dele ao meu redor, me apertando contra o peito, e tudo o que eu sentia era calor. O toque das mãos dele nos meus cabelos, o jeito como ele encostava o rosto no meu pescoço, tudo isso me fez esquecer o mundo por um instante. Parecia que ele estava tentando se certificar de que eu era real, que não ia desaparecer novamente.

Eu me entreguei, deixando que ele me girasse na areia, sentindo o riso escapar dos meus lábios. Era como se nada mais importasse naquele momento. Ele começou a tentar se explicar, falando sobre tudo o que aconteceu, mas eu coloquei meu indicador sobre os lábios dele, interrompendo-o.

— Não quero ouvir o Capitão agora, não quero saber dos seus problemas ou o que você fez — sussurrei, meus olhos fixos nos dele. — Eu quero o César, só o César.

Ele sorriu, um sorriso genuíno, como se algo pesado tivesse sido tirado dos ombros dele. E então, antes que eu pudesse dizer mais alguma coisa, ele me puxou para a água, rindo como um garoto. Eu o segui, ambos nos molhando, as roupas ficando pesadas com a água do mar. Mas nada disso importava.

De repente, ele me pegou no colo, me levantando como se eu não pesasse nada. Eu o olhei nos olhos, aquele brilho de sempre, e o beijei com toda a intensidade que tinha guardado. O calor do corpo dele contra o meu era a única coisa que eu conseguia sentir.

— Eu quero você... de novo — sussurrei contra os lábios dele.

Ele sorriu de volta, um sorriso cúmplice, e me beijou enquanto caminhava comigo nos braços pela areia. Não havia ninguém por perto, mas mesmo assim, ele foi cuidadoso. Sabíamos que estar juntos era uma loucura, mas naquele momento, nada mais importava.

Ele me colocou no carro e, em poucos minutos, estávamos num motel mais afastado da cidade. O quarto era simples, mas para nós, era como se fosse um refúgio, um lugar onde o mundo lá fora não existia. Ali, éramos só nós dois, sem títulos, sem julgamentos. Apenas nós.

Quando ele me colocou no chão do quarto, nossos corpos ainda estavam molhados da água do mar, e o silêncio era preenchido apenas pela respiração ofegante de ambos. Por um instante, ficamos apenas nos olhando, como se tentássemos gravar cada detalhe daquele momento.

César se aproximou, devagar, seus olhos fixos nos meus, e eu senti um arrepio percorrer minha espinha. Quando finalmente seus lábios encontraram os meus, o mundo parou. O beijo foi intenso, profundo, como se toda a tensão acumulada nos últimos meses explodisse de uma vez só. As mãos dele deslizavam pelo meu corpo, segurando-me com firmeza, enquanto nossos lábios se moviam em perfeita sintonia.

O gosto do sal ainda estava em nossos lábios, misturado com o desejo que há tanto tempo havia sido reprimido. Eu podia sentir o calor dele, o toque da sua pele contra a minha, e era como se cada fibra do meu ser estivesse queimando. O beijo se aprofundou, e a maneira como ele me segurava, me puxava para mais perto, fazia tudo ao redor desaparecer.

Eu podia sentir a urgência em cada movimento, como se ele estivesse se segurando por tanto tempo e agora não pudesse mais conter o que sentia. Minhas mãos percorriam seus ombros, seu peito, descendo pela cintura, sentindo cada músculo tenso debaixo das roupas molhadas. Era como se nossos corpos soubessem exatamente o que fazer, se encontrando de uma forma que parecia inevitável.

Quando ele finalmente me deitou na cama, os lençóis macios contrastando com nossas roupas úmidas, o beijo se tornou mais suave, mas não menos intenso. Ele me olhou, os olhos escuros, carregados de desejo e algo mais, algo que ia além do físico. Havia uma conexão ali, algo que transcendia as palavras, e eu sabia que ele sentia o mesmo.

Aquela noite foi uma mistura de paixão, safadeza e ternura. Cada toque, cada beijo, era como se estivéssemos tentando recuperar o tempo perdido, como se não houvesse amanhã. Ele me fez sentir como se eu fosse a única pessoa no mundo, e, por algumas horas, era exatamente isso que eu queria ser. Cada momento, cada gesto, era como uma nova descoberta, e eu me perdi completamente nele.

Quando finalmente adormecemos, nossos corpos entrelaçados, havia uma paz que eu não sentia há muito tempo. Mas, ao mesmo tempo, uma dúvida silenciosa se instalava no fundo da minha mente. O que viria depois? Como lidaríamos com as consequências de tudo aquilo? Mas, por enquanto, eu só queria ficar ali, nos braços dele, e esquecer do mundo lá fora.

E assim, o capítulo terminou com uma mistura de amor, medo e incerteza. Uma noite que não resolveria todos os problemas, mas que, por um breve momento, nos permitiu escapar deles.

Por Detrás Das Claras | Chay Suede e Alanis GuillenOnde histórias criam vida. Descubra agora