Domingo de Contrastes

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Por Detrás das Claras

César de Andrada Batista

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César de Andrada Batista

Era um domingo de sol na Ilha do Governador, e o ar estava cheio de risos e conversas altas. Andava pelas ruas da vizinhança onde cresci, com Manuela no colo, dirigindo-me para o almoço de família. O calor do dia refletia a intensidade das últimas 24 horas, mas tentava manter a compostura enquanto me preparava para encarar a maratona de perguntas e fofocas da família.

— César, meu filho! — minha mãe exclamou assim que entrei. Dona Alda era uma mulher pequena e enérgica, com olhos que pareciam enxergar até an alma.— Como vai nessa vida perigosa? Santo Deus!

— Oi, mãe. — respondi, dando um beijo no rosto dela. — Vamos indo, trabalho é trabalho, ordem é ordem e missão dada é missão cumprida.

— E essa fofura aqui? — ela perguntou, pegando Manuela do meu colo. — Está cada dia mais a sua cara!

Os tios, tias, primos e irmãos foram se reunindo ao nosso redor, todos ávidos por notícias. A família era grande e barulhenta, mas era bom estar cercado por gente que se importava comigo e com Manuela.

— Então, César, como estão as coisas no trabalho? — perguntou meu tio Antônio, enquanto eu tentava me acomodar na pequena sala.

— Na correria de sempre, tio. — respondi, tentando não entrar em muitos detalhes.

— E a torradinha? — minha tia Rosa começou, sem rodeios. — Você tá com alguém novo?

Suspirei internamente. Sabia que isso ia acontecer.

— Não, tia Rosa. Foco no trabalho e na Manuela. — respondi, tentando fechar o assunto. — E sem falar na Inês, por favor. Isso é passado.

— Que bom que se livrou daquela ali. Não gostava nada dela pondo as garras no meu César. — Minha mãe disse, com desdém

— Ah, não acredito, você está com cara de apaixonado! — minha prima Aldeide provocou, rindo.

— Não estou não, garota. — menti, lembrando dos pensamentos constantes em Ana Eulália desde a noite passada.

Enquanto comíamos a feijoada da minha mãe, todos falavam alto, riam e babavam na Manuela. Ela adorava aquela bagunça em família, rindo e aproveitando toda a atenção. Meus sobrinhos corriam pela casa, enquanto minha irmã Sandra tentava controlá-los, mas sem muito sucesso.

— E meu pai, mãe? — Perguntei despreocupado.

— Está no bar, bebendo como sempre! Aquele ali não tem salvação. É uma cruz que carrego, mesmo que tenha me separado. — Desbafou de maneira dramática, e eu passei a mão pela barba.

No meio de toda essa agitação, recebi um chamado do BOPE. O dever me chamava novamente.

— Mãe, vou precisar sair. — disse, levantando-me rapidamente.

Por Detrás Das Claras | Chay Suede e Alanis GuillenOnde histórias criam vida. Descubra agora