Oliver Taylor
01/03/24 - Los Angeles
Vou matar o Duncan.
Isso não era uma promessa vazia, nem uma ameaça para o ar. Era um fato, uma certeza. Assim que ele aparecesse - se aparecesse -, eu ia arrancar aquele sorriso convencido da cara dele com minhas próprias mãos.
Estávamos no camarim há mais de uma hora, eu, Owen e Benji, prontos para o show que Duncan marcou sem nos consultar. Eu já conseguia imaginar o discurso dele: "Ah, vocês confiam em mim, não confiam? É um golpe de mestre!" Golpe de mestre, meu rabo! O mestre nem tinha dado as caras ainda.
Owen parecia calmo demais para a situação. Ele estava sentado no sofá, mexendo no cabelo com uma expressão que dizia "tanto faz, vou tocar de qualquer jeito". Já Benji, coitado, estava num estado entre a pânico e a apatia total, bebendo o que eu esperava ser água - porque se fosse álcool, o moleque não ia nem chegar no palco.
Enquanto isso, eu... espumava.
- Isso não é normal - resmunguei, andando de um lado para o outro. Eu parecia um animal enjaulado, mas alguém precisava carregar a indignação coletiva daquele trio. - Duncan não é o tipo de cara que atrasa. Ele é o chato dos horários! Ele me deu um sermão uma vez porque eu cheguei três minutos atrasado para um ensaio!
- Talvez ele esteja preso no trânsito - sugeriu Owen, folheando uma revista aleatória que claramente não interessava a ele.
- Trânsito? Sério? Você acha que Duncan, o rei do controle obsessivo, ia marcar um show desse tamanho e esquecer de sair de casa a tempo? - Eu disparei, parando de frente para ele. - Tem alguma coisa errada.
Benji murmurou algo que soou como "provavelmente ele está morto", mas o tom de voz dele era tão baixo que não tive certeza. Ótimo. Agora eu tinha que lidar com o colapso emocional do nosso baixista também.
Além de tudo, Diego não estava respondendo às mensagens. Claro, era por causa daquela maldita restrição de celulares na área VIP que o gênio do Duncan inventou. Ele conseguiu tirar até o Diego de circulação.
E então, algo clicou na minha mente.
- Espera aí... E se ele não aparecer? - perguntei, parando subitamente. - E se esse desgraçado simplesmente decidiu que hoje não é o dia de ser responsável? Eu vou ter que subir no palco sem ele?
- Você não precisa de Duncan para cantar - disse Owen, com uma calma irritante. — Na verdade, talvez seja o momento ideal para mostrar seu dom com a guitarra.
Eu sabia que ele estava brincando, mas naquele momento eu estava tão furioso que considerei a ideia seriamente. O problema era que, por mais que eu odiasse admitir, Duncan era o tipo de cara que fazia falta.
Mas alguma coisa não encaixava. Ele era metódico, comprometido. Isso não era típico dele.
Algo estava errado. E, se não estava, eu mesmo faria com que estivesse. Afinal, ainda havia tempo para transformar a noite em um caos - se Duncan decidisse aparecer, é claro.
Enquanto isso, eu continuava repetindo a única certeza que tinha:
Eu vou matar Duncan.
Se eu já estava decidido antes, agora era questão de honra. Porque, convenhamos, duas horas de atraso não são só falta de compromisso, são um pedido explícito para ser enforcado em praça pública.
- Tá bom, chega! - explodi, levantando os braços. - Vamos fazer o seguinte: subimos no palco sem ele e fingimos que é um show experimental! Owen pode inventar umas batidas eletrônicas, e o Benji... Bem, nós improvisamos alguma coisa.
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Arrogância
ЮморDiego Souza, um brasileiro de 28 anos, dedicou uma década à White's Corp, sob a liderança do infame CEO, Maximilian White, conhecido como "Senhor Arrogância". Na ensolarada Califórnia, Diego, o secretário, enfrenta as tempestades diárias da empresa...