Se divertiu, Diego?

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Maximilian White

16/03/24 - Los Angeles

O único questionamento que martelava incessantemente na minha mente naquele momento era: por que tanto esforço? Era um pensamento que me consumia em silêncio, minando minha concentração. Eu havia mudado de estratégia. Dr. Davis, com seu olhar clínico e sorriso cheio de superioridade, riu na minha cara quando mencionei que faria Diego permanecer apenas oferecendo-lhe pequenas demonstrações de atenção.

"Ele vai perceber que está sendo manipulado," ele dissera, quase debochando. Mas eu não acreditava que seria assim. E, no entanto, mais uma vez, as coisas pareciam escapar completamente do meu controle.

O plano inicial era simples: manter Diego interessado, ligado à White, convencido de que sua permanência era uma escolha natural. Mas agora... não era mais estratégia. Era hábito. Era necessidade.

Passou a ser quase uma rotina, um vício. Observar Diego tornou-se uma espécie de escape que eu não ousava admitir para mim mesmo. Perguntar se ele havia dormido bem, se tinha comido alguma coisa decente, se parecia cansado. Pequenas perguntas que eu disfarçava como preocupação profissional, mas que tinham raízes muito mais profundas.

Mais do que isso, eu me pegava observando-o quando ele não percebia. Ficava parado na porta do escritório, com uma pasta qualquer nas mãos, apenas para vê-lo sorrir. Não para mim, claro, mas para Luna ou outra pessoa qualquer que lhe dissesse algo engraçado. E aquele sorriso... Era uma droga poderosa, que eu consumia como um homem desesperado.

Quando ele franzia o cenho, mergulhado em algum pensamento ou desafio, minha mente vagava para lugares que não deveria. Eu queria saber o que ele estava pensando, resolver seus problemas antes mesmo que ele os tivesse. Queria... protegê-lo.

Foi então que percebi: eu havia caído na minha própria armadilha.

Eu não estava mantendo Diego na White para benefício da empresa. Não, era muito mais egoísta do que isso. Era pelo que ele me fazia sentir. Algo que eu tentava sufocar, negar, mas que crescia a cada dia como uma onda prestes a me engolir.

Dr. Davis estava certo. Eu tinha perdido completamente o controle da situação.

A viagem para a Suíça era importante, mas, tecnicamente, quem deveria ir era meu pai. Ele sempre fora mais envolvido com aquele tipo de negociação. No entanto, eu sentia que, pela primeira vez na vida, estava fugindo de algo. Algo que eu não conseguia nomear – ou que simplesmente me recusava a entender. Desde o dia em que o vi com Bianchi na boate, as coisas começaram a mudar. Não era apenas ciúme ou desconforto. Aquilo havia escancarado uma verdade que eu tentava evitar.

Minha atitude ridiculamente desesperada não era nova. Não era recente.

Nunca foi.

Dez anos. Éramos dez anos juntos, compartilhando histórias, discussões, momentos que pareciam insignificantes na época, mas que agora me perseguiam como fantasmas. E, à medida que essas lembranças vinham à tona, as peças do quebra-cabeça começavam a se encaixar. Diego sempre teve esse efeito em mim. Eu só não queria admitir.

Ele era um excelente profissional, isso era inegável. Quase impecável no que fazia. Diego possuía uma dedicação que ultrapassava o profissionalismo. Ele enxergava além, se entregava além. E era exatamente isso que me enlouquecia. Porque, no fundo, eu sabia que o queria perto não apenas por suas habilidades.

Eu queria Diego.

E não apenas no sentido físico – embora isso havia se tornado impossível de ignorar. Era mais profundo, mais visceral. Eu queria seus pensamentos, seu tempo, sua energia. Queria estar no centro da atenção dele, ser o motivo pelo qual ele franzia a testa ou sorria de lado.

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