Já estava na casa de minha mãe quando meu corpo começou a demonstrar os sinais de que eu gerava outro fruto. Meu ciclo interrompeu e os enjôos matinais surgiram, dessa vez como eu já possuía a experiência da gestação anterior não tive dúvidas. Minha mãe abençoava a terra quando a interrompi com a mão no ventre.
- Minha mãe! Creio que lhe darei outro neto! - surpresa ela levantou-se e me abraçou
- Oh minha filha! Que benção! Deixe-me ver - ela levou a mão sob minha barriga e confirmou - realmente, está grávida!
As ninfas das flores festejaram o anúncio conosco, preparamos muita comida e acendemos uma fogueira, para dançar noite adentro. Melinoe saltava, tentando voar entre as ninfas que riam com suas peripécias de criança. Quando minha pequena se cansou e veio para meu colo mamar, e minha mãe alertou.
- Já está na hora de tirá-la do peito, você tem que acostuma-lá antes do novo bebê nascer
- Tem razão, mas vamos fazer isso aos poucos
Essa fase não foi muito fácil, Melinoe parecia se tornar mais carente conforme a gravidez avançava. De alguma forma ela parecia entender e não queria me deixar só um minuto. Tirar o leite mesmo que de forma gradual era uma tortura, pois ela chorava e esperneava como nunca. Por outro lado haviam momentos muito meigos, que faziam tudo valer a pena. Quando a explicava que seu irmão estava em meu ventre ela encostava sua cabecinha tentando ouvir alguma coisa. Nessas horas eu sentia como se transbordasse de amores por meus filhos.
Essa gestação não me debilitou como a primeira, e mesmo com a barriga já despontando por baixo do vestido, conseguia cumprir meus deveres de deusa e cuidar de Melinoe muito bem. Os meses foram passando e Hermes não me visitou. Portanto eu não pude contar a Hades, ele seria surpreendido quando nos encontrássemos. O momento de retornar ao meu reino chegou, e a gravidez já estava bastante evidente.
Por Hades
Eu me encontrava mais uma vez, naquela entrada de gruta que ora era sagrada ora era maldita. Aguardando o retorno iluminado da minha Perséfone e de nossa filha. A sua silhueta carregando Melinoe se formou contra a luz e corri em sua direção. Quando as abracei senti contra mim a barriga muito projetada de minha esposa.
- Meu amor - a chamei - porque não me contou? - minha voz saiu carregada de emoção
- Perdão, eu não pude - ela deslizou a mão em meus cabelos - está feliz?
- Muito é claro! Obrigado! - a beijei nos lábios e Melinoe ciumenta como era tentou nos separar com suas mãozinhas - minha filha, venha com seu pai
- A segurei no colo - está pesada deve dar descanso a sua mãe
- Ela tem ficado grudada em mim nos últimos dias - Perséfone contou
- Está ansiosa para ser irmã mais velha? - perguntei fazendo cócegas em sua barriga - ela cresceu tanto desde que se foi, suas asas já estão enormes
- Estão não é? Ela também tem aprendido muitas palavras novas, está bastante espertinha
- E como está sendo a gravidez? Tem se sentido bem?
- Oh sim, muito bem, não se preocupe, dessa vez estou alegre que verá seu filho nascer
A gravidez de Perséfone gerou muita festa no submundo. Hekate saltitava de um lado para o outro em sua versão adolescente, comemorando o novo membro de nossa família e prometeu que dessa vez ela faria o parto.
- Para quando está previsto? - perguntou ansiosa
- Deve nascer em no máximo dezesseis semanas - respondeu
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Perséfone - da luz à escuridão
Romance"Meus olhos demoraram para acostumar com a falta de luz, mas quando finalmente pude enxergar cada brilho singelo e frio daquelas pedras, eu me transformei. Antes de você eu estava condenada a ser esquecida como uma ninfa das flores, mas você notou o...