𝟯. 𝗶𝗱𝗸 𝘆𝗼𝘂𝗿 𝘁𝗿𝘂𝘁𝗵

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Minha cabeça doía logo cedo, e a vontade de desistir da semana já estava forte naquele pequeno início de segunda-feira. Estava tomando meu segundo comprimido de Tylenol, massageando a cabeça e pedindo a Deus que toda aquela sensação de incômodo fosse embora. Felizmente, as férias da universidade estavam tendo início naquele dia. Embora atrasadas, finalmente chegaram, e eu não podia esperar para dormir horrores quando chegasse em casa.

Já era fim de tarde, e faltava menos de quinze minutos para que eu pudesse ir embora. Não havia almoçado aquele dia, aproveitando o horário para entregar todo o trabalho que não consegui terminar pela manhã.

Naquele momento, eu acabava de sair da sala de meu supervisor. Estávamos tendo uma conversa a respeito de efetivação, considerando que com o meu tempo de estágio eu já poderia me aplicar para vagas internas. Honestamente, eu não tinha muitas esperanças, pelo menos naquela etapa do processo. Mas, o que custa tentar, não é?

— Céline, eu fico muito feliz que tenha interesse na vaga. Sendo honesto, nenhuma candidata externa tem um currículo igual o seu. Mas espero que entenda caso eu não possa contratá-lá. — Freitas explica, sorrindo de forma acolhedora.

— Olha, no seu tempo... — começo, sorrindo fraco. — Estarei à disposição de qualquer forma. Quero que saibam que não deixarei nosso time na mão, como estagiária ou contratada.

— Não poderia esperar menos de você. Aprecio isso. Agora, vá para casa. O seu horário está acabando e você parece... bem cansada.

Seria "bem cansada" um termo para destruída, só que sem querer ferir os sentimentos de quem recebe essa derivação?

— Obrigada. Até amanhã. — digo, sorrio, e fecho a porta ao sair do escritório de Freitas.

Imediatamente, pego minha carteira, que estava dentro de minha bolsa. Caminho até a cafeteria que tinha dentro do prédio comercial da empresa, e peço o café mais forte que poderiam me vender. Os meus olhos estavam vermelhos como sangue e totalmente irritados, o que me induziu a colocar óculos escuros.

Enquanto espero meu café ficar pronto, vejo que haviam algumas ligações perdidas de Gabriela em meu celular, incluindo uma boa quantidade de mensagens de texto. Eu simplesmente não sabia como responder, e toda vez que tentava, a minha cabeça doía mais.

Desde o final de semana horroroso que tive, não consegui agir com naturalidade diante do que havia acontecido. A ressaca chegou forte ontem, no domingo, e a consciência pesada sempre cai na conta às segundas.

Após sermos encontradas no toalete daquela boate fodida por Sheilla, simplesmente o que eu menos imaginei que poderia acontecer, aconteceu. As duas começaram a brigar na minha frente, e escutei o que não gostaria, incluindo que eu "deveria ser uma prostituta que me infiltrei no grupo para poder me aproveitar de Gabriela aquela noite".

De tudo, o que mais me deixou chateada foi que Gabriela nem mesmo tentou explicar para a ex-namorada que, não, eu não era uma garota aleatória que tinha fodido com ela naquela pia desgraçada de banheiro de balada. Mais preocupada em tirar sua merda da reta, Gabriela nem mesmo tentou explicar quem eu era, no fim, me fazendo duvidar do significado que eu tinha pra ela.

Pensar naquilo não apenas doía minha cabeça, como também doía o meu coração. E só de pensar em todo o processo de perdoar as pequenas mancadas de Gabriela, eu já pensava em desistir de continuar conhecendo-a melhor.

— Senhora, aqui está o seu café. — o garoto que trabalhava na cafeteria sorri e põe meu pedido sobre a mesa.

— Muito obrigada! Tenha uma ótima tarde, sim? — digo, antes que ele se retire dali.

Termino aquela xícara de café tão rápido que nem mesmo consigo processar o seu gosto. Entro nas mensagens de Gabriela, sem saber o que responder. Eu odiava não saber o que dizer, porque não era uma coisa que me acontecia com frequência. Quando começo a digitar, alguém aparece perto de mim, e bloqueio a tela de meu celular automaticamente.

— Oi. — Gabriela diz, se sentando com cuidado na cadeira em frente à minha. Imediatamente tento me levantar, mas a garota segura minha mão insistentemente, me fazendo sentar de volta.

— O que você quer? Hoje nem é seu dia de estar aqui.

— O meu dia de estar aqui é quando eu quiser, Céline.

— Que bom. Pois tenha um ótimo dia de trabalho. — falo, dessa vez me levantando rapidamente e saindo dali.

— Porra! — a menina reclama, indo atrás de mim. — Você sabe que tentar andar mais rápido do que eu não vai adiantar nada, né? E que fugir de mim não vai fazer com que as coisas se resolvam.

Nesse momento, paro de andar e me viro para a garota, que estava me olhando seriamente. Suspiro tão agressivamente, que sinto uma vontade enorme de dar um soco em qualquer um que aparecesse ali na minha frente.

— Caralho, como você tem coragem de dizer isso? A sua ex-namorada me chamou de prostituta, Gabriela, e você insiste em dizer que fugir não vai fazer com que as coisas se resolvam?

— Céline, me perdoe por isso, eu sei que ela errou ao se dirigir a você assim.

— "Se dirigir", Gabriela? Aquela filha da puta me insultou, e você não me defendeu e nem mesmo procurou explicar que aquela não era a nossa primeira vez juntas. Você sabe o quanto aquilo me machucou? Você me reduziu a nada.

A menina respira fundo e passa a mão no rosto.

— Me perdoa, eu não queria que você se sentisse daquela forma. Eu não expliquei sobre nós porque não quero que ela esteja a par da minha vida, nós não somos mais um casal e eu não consigo me desprender disso.

— O seu silêncio apenas permitiu que ela dissesse de mim o que ela queria, sem nem se preocupar com a verdade.

— Eu entendo o meu erro, Céline. Eu gostaria muito de me retratar com você por isso.

— Você poderia começar sendo verdadeira comigo! Primeiro foi a Giulia, e depois fingiu pra Sheilla que era a primeira vez que estava comigo. Como eu posso te perdoar se eu nem sei se você está falando a verdade?

— Eu não gosto de mentiras, não quero que pareça que mentir seja o meu ideal.

— Então faça isso acontecer, Gabriela. Eu sou tão nova quanto você, e minha vida começou praticamente agora. Eu não mereço ser a menina pra você comer e omitir de vez em quando, e nem mesmo a que vai curar a sua dependência emocional de um relacionamento doentio de merda. — cuspo as palavras com raiva, fazendo a garota engolir um seco. Posso estar louca, mas até vi pequenos cristalinos de água se acumularem em seus olhos.

— Eu não vou desistir de você.

— Isso é verdade, ou mentira? — pergunto, antes de me virar e sair dali. Escuto a menina bufar ao me ver ir embora, e andei o mais rápido que pude para que ela não me visse cair em lágrimas assim que saí de perto dela.

𝗺𝗮𝘁𝗰𝗵 𝗽𝗼𝗶𝗻𝘁 ⋆ 𝗀𝖺𝖻𝗂 𝗀𝗎𝗂𝗆𝖺𝗋𝖺̃𝖾𝗌 !Onde histórias criam vida. Descubra agora