𝟲. 𝗳𝗲𝘃𝗲𝗿

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— Droga! — Gabriela resmunga e coloca os óculos escuros. — Por que em São Paulo gostam de cancelar tanto as corridas de Uber? — a menina pergunta, mexendo a cabeça negativamente e bufando.

— Isso não é uma coisa de São Paulo, meu bem. No Rio também acontece bastante. — digo, sorrindo. Gabriela estava um pouco nervosa, não apenas pelo Uber, mas também pela ocasião que nos cerceava. — Tenta relaxar um pouco!

Estávamos em uma das entradas do aeroporto de Guarulhos, em São Paulo. Um dos nossos vôos até a Grécia havia sido cancelado, o que nos faria aguardar pelo menos 24 horas para que pudéssemos embarcar novamente a caminho do nosso destino.

Eu estava feliz de estar em minha cidade natal, mesmo que por pouco tempo. Já era econômico, pois não teríamos que arcar com hotéis nem pousadas, que certamente tinham preços altíssimos quando reservados em cima da hora.

No entanto, dei a sugestão de ficarmos em minha casa. Ou de forma mais explicada, na casa da minha mãe.

— Eu estou legal, ok? — a mineira diz um pouco ríspida, ainda sem tirar os olhos do celular.

— Tudo bem, já que você diz... — torço os lábios e deixo de insistir para falar com ela. No fundo a entendo por tamanho nervosismo, e sei que isso não se resume apenas à uma corrida.

— Achou! 5 minutos! — grita de repente.

Não demora muito para que o motorista chegue, me dando a sensação de que talvez a previsão dos cinco minutos não estivesse tão correta assim. Em alguns segundos, colocamos nossas malas no porta-malas e nos direcionamos até a casa da minha mãe.

Devido ao trânsito pesado e à rodovia extensa, levamos cerca de 40 minutos para chegarmos no local desejado. Por mais que fosse minha intenção não deixar transparecer nenhum tipo de nervosismo ou insegurança para Gabi, não poderia fazer o mesmo comigo: estar perto da minha mãe era sempre uma forma diferente de encontrar validação. E o mais esquisito de tudo, era querer que ela me validasse sendo que na frente dela eu não sou a mesma Céline de quando estamos longe uma da outra.

— O que vamos dizer pra ela? — Gabriela pergunta depois de minutos em silêncio dentro do carro. A menina estava sentada de maneira desleixada, com as pernas abertas e tremendo em sinal de ansiedade. Sua mão suportava seu queixo, enquanto ela visualizava o GPS do motorista logo à frente indicar que a quilometragem era pouca até chegarmos ao nosso destino.

— Que somos amigas. — digo, respirando fundo. A menina ri ironicamente, o que me deixa puta, já que ela nada responde. Pra quê havia me perguntado, então?

Fico presa em meus pensamentos quando milhões de suposições passam pela minha cabeça. Retornar para casa, apesar de bom, era um retorno também à toda ansiedade que tento tratar desde a infância. Depois que me mudei, praticamente não tive tempo para cuidar de minha mente, mas estar longe das raizes de tudo já encurtava bastante todos os meus sintomas. Certamente era um lado que eu não queria mostrar para Gabriela, em específico nessa ocasião.

𝗺𝗮𝘁𝗰𝗵 𝗽𝗼𝗶𝗻𝘁 ⋆ 𝗀𝖺𝖻𝗂 𝗀𝗎𝗂𝗆𝖺𝗋𝖺̃𝖾𝗌 !Onde histórias criam vida. Descubra agora