𝟭𝟬. 𝘀𝗼𝗿𝗿𝘆, 𝗜 𝗹𝗼𝘃𝗲 𝘆𝗼𝘂.

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Desde o início de tudo, desde o início nós, uma coisa era puramente verdade: nós nunca estivemos tão balançadas assim. Eu sabia que tocar em assuntos pouco superficiais era a maneira mais eficaz de criar uma situação problemática, mas depois da conversa que tivemos na nossa última noite na Grécia, tive certeza de todos os meus receios.

Praticamente todas as longas horas de viagem até São Paulo foram em silêncio. Gabriela tentava chamar a minha atenção uma vez ou outra, e era possível perceber que a garota me olhava quando eu utilizava de minha visão periférica. Inclusive cheguei a sentir pena dela quando percebia que ela tentava abrir a boca para falar, mas nada saía.

Eu não estava preparada para conversar, e deixava isso bem claro. Até porque depois do que foi dito na noite anterior, eu realmente não queria mais detalhes. Eu só queria que tudo aquilo tivesse fim, que aquela viagem acabasse e eu pudesse finalmente ficar sozinha no meu quarto por dias.

Era quase fim de tarde em São Paulo e estávamos pegando o último vôo para passarmos alguns dias bem rápidos na capital mineira. Aquele definitivamente não era o sentimento que eu gostaria de ter ao conhecer o lugar que Gabriela nasceu, mas eu não conseguia pensar em outra coisa.

— Esse será rápido, ok? — a menina murmura, pela primeira vez com coragem para dirigir sua fala à mim.

— Ok. — resmungo ainda sem direcionar meus olhos à ela. Eu estava encolhida na cadeira da janela do avião, esperando com que a confusão de pensamentos me fizesse adormecer lentamente.

— Quando chegarmos, posso preparar algo para nós e vemos um filme, ok? — a menina sugere aleatoriamente, pousando sua mão direita em minha coxa. Mas percebi que as coisas não estavam legais quando eu queria que ela não encostasse em mim, caso o contrário eu choraria ali mesmo.

— Eu estou cansada. Mas você pode comer e ver o filme. — falo tranquilamente e escuto a menina respirar fundo.

— Se não quiser dormir comigo, por mim está tudo bem. Tem outro quarto em minha casa, por sinal muito aconchegante, e-

— Ok. — corto a fala da menina, que ficou em silêncio quando eu realmente aceitei não dormir na mesma cama ou cômodo do que ela. Gabriela parece desistir quando murmura coisas inaudíveis consigo mesma e tira a sua mão de mim.

— Ok. — ela repete e finaliza a sua última tentativa.

Não demorou muito para que o avião decolasse. Definitivamente foi algo que, pela primeira vez desde de nossa ida à Grécia, não me chamou atenção. Eu não conseguia me envolver nos encantos das nuvens, nem nas coisas ficando tão pequeninas quando vistas lá de cima.

Eu estava ansiosa, muito ansiosa. Minha respiração estava rápida, minha cabeça parecia uma tempestade com vários pensamentos diferentes. As mãos suavam frio, e cheguei ao ponto de só escutar o meu coração bater fortemente.

𝗺𝗮𝘁𝗰𝗵 𝗽𝗼𝗶𝗻𝘁 ⋆ 𝗀𝖺𝖻𝗂 𝗀𝗎𝗂𝗆𝖺𝗋𝖺̃𝖾𝗌 !Onde histórias criam vida. Descubra agora